quarta-feira, 29 de julho de 2015

FanFic: "Simplesmente amor" (+18)

Autoras: Tay Jackson e Anne Santos





Vivian é uma leitora assídua dos livros do famoso escritor Michael Jackson. Não sossegava enquanto não lesse a última linha de todos os seus livros, uma fanática convicta. Ele lhe ensinara tudo. O amor parecia um universo palpável e fácil em lidar. Mas o que ela não sabia é que Michael Jackson, na verdade era uma fraude! Um mentiroso que iludia seu público para criar sua fama em cima da ingenuidades das mulheres apaixonadas. 
Um bêbado farrista, que obteve a chance de colocar Vivian em suas mãos, assim que ela decide contar a verdade ao mundo sobre sua conduta. 

Ela estava em suas mãos, sob a promessa de não lhe processar por calúnia, somente se ela o deixasse escrever sobre a sua vida. Mas o que eles não sabiam é que no meio de tanta confusão e implicância, um amor tão forte poderia surgir.

Um casal relativamente diferente, encontrando um no outro, o mais puro amor!


Estreia dia 03/08






Capítulo 1


Dia frio! Chuva caindo lá fora, apartamento bagunçado amontoado de cobertas ao sofá. Eu de pijamas andando de um lado para o outro da cozinha com uma xícara de chá em uma mão, e na outra meu livro favorito.

É que quando não se está trabalhando e o clima chuvoso invade sua cidade, realmente não há coisa melhor a se fazer. Você simplesmente relaxa e sonha nas páginas maravilhosas do livro, se teletransportando para um lugar somente seu, onde não há nada para atrapalhar.



"O amor" era um livro onde te ensina o mais diversos tipos de relacionamentos, do mais simples, ao mais complexo. E cada um tem uma forma inteligente de lidar com cada um. Esse livro nos mostra que o amor sim pode dar certo, que não há nada que possa te impedir de ser feliz na sua vida amorosa. Era como um livro de auto-ajuda do amor, lhe dava esperanças. E para uma romântica incorrigível como eu, era tudo que eu precisava e adora.



Mamãe sempre dizia que, ou eu seria muito feliz no amor, ou completamente frustrada, pois quando eu me entregava, acontecia de verdade. Eu me tornava uma completa apaixonada por absolutamente tudo, até os defeitos da pessoa amada por mim. Os mínimos detalhes e tudo aquilo que é impossível de se notar, estava lá a Vivian reparando e amando. 



Claro que já sofri no amor e exatamente por ser assim tão entregue. Às vezes a pessoa não estava no mesmo ritmo que eu e aquilo se tornava um martírio a ela e... tá vai, eu confesso! Eu era sim possessiva demais e louca demais para tudo ser exatamente como eu idealizava, isso causava espanto aos meus parceiros e era inevitável, eles fugiam.


Mas com "O amor" desse autor simplesmente perfeito que tive a chance de conhecer, Michael Jackson. Todas as minhas esperanças voltaram a se acender, e me tornei confiante para me abrir ao amor novamente. Do jeito certo, com mais sabedoria.



"-O amor é o único sentimento que é capaz de revelar o seu verdadeiro eu. Quando você ama, todas as formas de ação que jamais imaginou ter, você se torna capaz de fazer. Você se torna submisso, alheio ao mundo e isto lhe dar prazer. Tudo que achou não ser possível, se torna possível e quando se é correspondido nada e nem ninguém jamais poderá lhe tirar.



Porque quando um homem ama uma mulher, ele se torna melhor, aprende que nada poderá ser substituído, tudo aquilo que construiu com a pessoa amada. Ele simplesmente é incapaz de machucar, pois estará machucando a si mesmo. O amor é assim, um homem e uma mulher se tornam um só, se fundem em um único corpo onde o universo gira em torno apenas dos dois. E eles são um ser intransponível, ao qual nada ruim pode ser transponível.



Uma mulher quando ama um homem, ela se torna amiga, ela está lá quando você menos esperar, consolando-o, amando-o, cuidando-o. E, não é trabalho algum, muito pelo contrário. Quando ela sabe que ajudou, ela se torna a melhor pessoa do mundo, se torna completa."



-Uau! Você é ótimo Michael Jackson, você é ótimo! _Bati minha mão no livro algumas vezes elogiando um autor que tanto me fez entender mais sobre o amor. 



Um amor, só é perfeito quando se é recíproco, quando os dois estão na mesma sintonia. E eu aprendi que todos os relacionamentos que não deram certo ou o homem não a ama como deve, ou a mulher não o ama como deve. Isso realmente não daria certo jamais. Até porque, ninguém gosta de estar em uma relação por estar, e ainda por cima aguentar paixão da outra pessoa quando não se estar no mesmo clima.



Beberiquei um gole do meu chá e continuei a ler, andando de uma lado para o outro pela cozinha. 

Passei o resto da tarde dessa mesma forma, lendo aquele livro maravilhoso e jogada ao sofá. Algumas vezes na minha cama, algumas vezes ao chão. Acho que passei a tarde inteira lendo aquele livro.




Capítulo 2


Descobrir coisas sobre o amor para mim se tratava de descobrir sobre mim mesma. Mesmo que não tivesse ninguém para praticar tudo que aprendia com Michael Jackson. Parece que abria um leque sobre a vida e eu acabo tendo esperanças que a qualquer momento eu poderia sim encontrar minha alma gemia. Um homem que valesse a pena, um homem que eu pudesse contar pelo que der e vier, e ser feliz a vida toda.

O livro de Michael Jackson também falava sobre as desvantagens de um relacionamento. Ao mesmo tempo em que parecia tudo perfeito, ele deixava bem claro que há adversidades e que nem tudo é um mar de rosas. Mas também, deixava algumas palavras de ânimo e nos ajudava a enfrentar tudo que viesse.

 "Quando o seu parceiro estiver farto com um dia inteiro de trabalho fatigante, ofereça-o uma massagem relaxante. Vista-se com uma lingerie não tão extravagante e aproveite o momento a dois, se rolar sexo no meio tempo se entregue, mas não reclame quando o seu parceiro virar para o outro lado da cama e pegar no sono. A final, ele teve um dia difícil, e o sexo para ele nesse momento serviria apenas para um terapia. Em um relacionamento há duas opções: Ou você sede ao outro, ou passa a vida toda em uma batalha naval, com possibilidades de seu relacionamento afundar como o Titanic. E acho que não é isso que minhas amadas leitoras querem não é?"

Balancei a cabeça sutilmente, negando. Esse livro de auto-ajuda do amor era tão explicativo e interessante que Michael Jackson se tornou alguém especial para mim. Ele entendia as mulheres, entendia a vida e sabia muito bem como lidar com tudo isso. Usando uma linguagem jovial, que atingia todos os públicos. Tenho certeza que se fosse casado, ou namorando sua parceira sem sombra de dúvidas era a mulher mais feliz desse mundo, pois Michael Jackson era um homem perfeito que todas as mulheres do mundo gostariam de estar. É como se fosse um pote de ouro, raro e valioso. Um homem que saiba tanto do amor realmente é algo incomum e precioso.

Como uma leitora adapta de livros, a biblioteca era o meu lugar favorito. Sempre quase vazia e quieta, sem falar que é um bom lugar pra se pensar. E claro, como uma fanática por livros, sempre quando tinha lançamentos com certeza eu estava presente. Pena que o meu autor favorito nunca veio para a Biblioteca Central de Seattle, a que eu mais frequentava. Imaginem, se um dia eu chegasse a conhecer pessoalmente Michael Jackson, acho que colocaria em um potinho e nunca mais o deixaria ir.

Particularmente eu já li livros bons de outros autores maravilhosos, mas esse Michael Jackson era um gênio no amor e eu não o via de outra forma a não ser o amor personificado. Meu Deus, esse homem era demais.

“Renda-se como eu me rendi, ou mergulhe no que você não conhece assim como eu mergulhei, mesmo não tendo certeza de que irá dar certo. Não se preocupe em entender minhas queridas leitoras, viver ultrapassa qualquer entendimento.” — Acabei de ler essa frase tão inspiradora, e como sempre Michael Jackson tinha razão. Do que adianta viver sem se arriscar nas coisas, sem se arriscar no amor? A sorte é perfeitamente previsível, se você quer mais sorte no amor, arrisque-se mais. Michael Jackson sempre ressaltava esse ponto na maioria dos livros que deveríamos nos exponhamos com mais freqüência.

— Gênio! — O elogiei pela milésima vez. Eu não tirava os olhos daquele livro, ele me prendeu da primeira a última linha.

O dia estava melhor que o anterior, um pouco nublado, mas não tinha muito sinal de chuva além do frio que estava fazendo lá fora. Aproveitei e vim para a Biblioteca Central de Seattle, era relaxante. A melhor e a mais requintada que já vi. É um edifício moderníssimo no centro da cidade, dois andares coberto de aço e vidro de uma iluminação quase totalmente natural, e é acomodado com sofás, poltronas e mesinhas. Não é a toa que vários escritores famosos já fizeram lançamentos aqui.

Estava sentada em uma das mesinhas, entretida com o meu lindo e doce livro quando de repente ouço uns burburinhos tirando toda a minha concentração. Olhei para o lado do elevador e uma pequena aglomeração de pessoas estava formada em volta de uma pessoa que tentava subir para o andar de cima.

Marquei a página onde estava no livro, fechei-o, apertei-o contra meu peito e levantei-me para ver o que estava acontecendo, ou melhor, para ver quem é que estava fazendo acontecer. Me aproximei um pouco das pessoas, mas mesmo assim ainda não dava pra ver quem era. Ainda me coloquei na ponta dos pés para tentar pelo menos avistar certamente o escritor da vez que estava na biblioteca, mas foi em vão, pois as portas do elevador se fecharam e a pessoa subiu, fazendo a pequena aglomeração se dissipar aos poucos do andar de baixo.

— Com licença! — Eu disse para uma das mulheres que estavam no meio do tumultuo. — Pode me dizer quem foi que acabou de subir?

— Foi o escritor daquele livro de auto-ajuda do amor, — Franzi o cenho. — Michael Jackson. Esse que você está segurando.

— O quê? Michael Jackson está aqui?! — Balbuciei atônita. A mulher me olhou estranho como se eu fosse uma louca, assentiu com um maneio de cabeça e se retirou da minha frente. — Michael Jackson está aqui? Só acredito vendo! — Falei pra mim mesmo e corri em direção ao elevador para subir.

Quando as portas do elevador se abriram no mesmo instante o sorriso que estava despontado nos meus lábios desmanchou-se quando um grandalhão que parecia mais um armário se pôs na minha frente antes mesmo que eu pudesse sair do elevador.

— Desculpe Srta. mas não pode ficar nesse andar. — O grandalhão disse com sua voz grossa e autoritária.

— Eu... Eu preciso ver o escritor que acabou de entrar aqui. — Balbuciei pela emoção de estar a poucos metros longe de Michael Jackson.

— Sinto muito, mas já disse que não pode ficar aqui. — Voltou a me lembrar.

— O quê? Isso é uma biblioteca meu caro! — Ressaltei quase alterando o nível da minha voz.

— Só estou seguindo ordens! Desculpe, terá que descer.

— Eu não vou descer. Eu só vou sair daqui quando vê-lo. — Deixei bem claro pisando duro fora do elevador. Eu tinha que ver o Michael Jackson ao vivo e a cores. Eu tinha tantas coisas pra perguntar pra ele, tantas dúvidas sobre o tema que ele abordava em seus livros e tinha que dizer o quanto eu adorava suas escritas. Ele nunca aparecera por aqui e não seria agora que eu iria perder essa oportunidade de conhecê-lo.

O segurança ficou me olhando por alguns instantes percebendo que eu não iria sair dali, e bufou rolando os olhos.

— Espere aqui então. — Ordenou e caminhou para trás de uma prateleira de livros. Com certeza era lá que Michael Jackson estava. Segundos depois ele voltou, e sem proferi nada, gesticulou com um meneio de cabeça para que eu o seguisse para trás da prateleira, e lá estava ele sentado em uma mesinha com uma pilha de livros ao seu lado esquerdo. Detalhe: de sua autoria. Ele nem olhou pra mim quando eu parei na sua frente, apenas pegou um dos livros o chamado “O Amor”, assinou e me entregou sem dizer sequer uma palavra.

— Mi... Michael Jackson? — Pegarei seu nome.  Ele parou o que estava fazendo que era assinar todos os livros e me olhou sob os cílios.

— O próprio. — Ouvi sua voz suave responder ao meu chamado.

— Eu... Eu queria parabenizá-lo e dizer que eu sou muito sua fã. — Eu disse com um sorriso tímido no canto dos lábios, estava nervosa por estar frente a frente com ele.

Ele ergueu a cabeça lentamente e fitou-me nos olhos.

— Quem é você? — Ele questionou ao soltar a caneta que segurava sobre a mesa e cruzou as pernas.

— Vivian Murray. Eu... Eu adoro os seus livros. — Quando eu disse isso, ele deu um grande sorriso de lado e balançou a cabeça. Eu não entendi o porquê ele estava rindo. Ao levantar ele 
gesticulou para que o guarda se retirasse. — Eu falei alguma coisa de errado? — Perguntei um pouco sem jeito.

— Então você gosta do que eu escrevo? — Indagou segurando o queixo e colocando o dedo indicador sobre os lábios.

— Sim. Eu aprendi muito com seus livros. Eles são uma fonte de inspiração para mim. — Fiquei olhando pra ele que estava com um sorriso um tanto convencido nos lábios. Mas não era pra menos, ele sabia o quanto era bom no que fazia. — O meu Deus, eu tenho tanta coisa para perguntar a você que eu nem sei por onde começar. — Eu não aguentei minha euforia.

Ele arqueou as sobrancelhas, entrelaçou as mãos e apoiou os cotovelos sobre a mesa, olhando-me.

— Comece pelo o início, querida. — Disse um pouco irônico. Senti meu rosto ganhar a cor púrpura com isso, mas não me deixei abalar, o importante era que eu estava frente a frente com ele e não iria perder essa oportunidade.

Me ajeitei um pouco na cadeira e articulei a primeira pergunta.

— Eu acredito que você seja uma pessoa mais do que experiente para escrever esses livros tão ótimos. — Ele assentiu balançando a cabeça — Aquele trecho de “O Amor” que diz assim: “É melhor você dar valor, carinho e demonstrar o quanto ama enquanto tem chance, caso contrário, depois vai sentir que faz falta e vai querer reviver um alguém que você conheceu”, por acaso isso é algo que aconteceu com você? — Perguntei e seu silêncio por alguns instante deu a entender que ele não gostara nem um pouco da minha pergunta.

Seu sorriso presunçoso foi desfalecendo e um semblante frio e, talvez um pouco incomodando foi tomando conta daqueles traços perfeitamente lindos.

— Querida, nem tudo o que a gente escreve é o que a gente vive ou já viveu. — Respondeu um pouco amargo e meu semblante de fã emocionada se desfez no mesmo instante.

— Não entendi. — Murmurei. — O que você quer dizer com isso?

— Querida, só porque um escritor escreve algo não quer dizer que ele vive. — Minha cara de decepção com certeza era nítida agora. Não era bem a resposta que eu esperava.

— Então por que você escreve sobre essas coisas? — Questionei indignada.

— Porque é isso que vocês querem. Porque vende. — Respondeu com a voz tranquila como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

— Então você não escreve com amor?

— Olha Srta. Murray, eu apenas escrevo o que eu vocês querem que eu escreva, entendeu? Você já deveria está agradecida por isso.

Meu Deus! Eu não podia acreditar que tinha ouvido isso. Como assim ele escrevia apenas o que a gente queria? Arquejo um sorriso de incredulidade balançando minha cabeça. Era inacreditável! Quem era esse homem na real?


Durante todo esse tempo pensando que Michael Jackson era a pessoa mais perfeita do mundo eu estava perdendo o meu tempo. Ele... ele era um perfeito idiota. Dizer que escrevia apenas o que o público queria, era de decepcionar qualquer leitor, como eu tinha acabado de me decepcionar. 








Capítulo 3


-Isso é inacreditável! _ Travei meu maxilar encarando aquele ser patético à minha frente. Quem ele pensa que é? 

Michael sorriu de lado, olhando-me com um deboche que me deu vontade de esgana-lo. 

-Eu decepcionei você? _Soltou um riso presunçoso balançando a cabeça. Nunca imaginei que meu encontro com o homem que eu endeusei era o pior ser humano em que cruzou o meu caminho.
-Mas é claro. Passei a minha vida inteira admirando o seu trabalho, e ai de repente... 
-Uma coisa que você deve aprender, princesa. Pessoas como você, faz pessoas como eu, enriquecer. Vocês choram e se iludem e eu, compro carros e mansões. É disso que se trata. 

Se tivesse como medir, eu diria que nunca fui tão humilhada em toda a minha vida. Aquele homem era um porco. E eu achando que sua vida fosse feita de poesia e romantismo. Era feita de amargura e mesquinharia. Santo Deus, a minha vontade era de esgana-lo até a morte. 

-Pois fique você sabendo Sr. Jackson, que eu estou muito melhor sonhando e me iludindo como o senhor mesmo diz, do que viver de uma aparência grotesca para fins egoístas e..._Balancei o meu vestido preparando-me para cuspir uma ofensa. - Podre! É isso que o senhor é. 

Michael não se abalou nenhum pouco com a minha revolta, ele apenas ria como se fosse a melhor piada. Quando parou de gargalhou, olhou-me sério que tremeu todo o meu corpo, pela forma que sua postura havia me atingido 

-Se não gosta de mim, Sr. Murray, retira-se. Não sou obrigado a ouvir suas revoltas, seus choro-melos e muito menos suas lamúrias. Desculpe, mas a senhorita me pegou em um dia ruim. Guardas! 

Uma mão forte pegou-me pelo braço, arrastando-me para fora do lugar. Nunca me senti tão mal como naquele momento. 

-Me soltem! _Protestei, mas era em vão. 

Encarava aquele homem pérfido a minha frente com aquela roupa casual. Camisa saindo para fora do casaco azul marinho e suas calças jeans apertada. Aquele sorriso cínico me irritava como nunca. Até que o elevador se fechou separando-nos de um desastre maior. 

Entrei no meu apartamento com a cabeça entrando em parafusos. Nunca imaginei que seria assim meu encontro com o meu autor favorito. Ele era um grosso, um mal educado. Não parecia nem de longe o homem sensível e intenso que aquelas linhas me sugeriram. Foi como descobri que minha música favorita foi inspirada por uma árvore. Meu castelo de areia havia desmoronado em cima de mim, ao qual me submergiu completamente. 
Corri até as minhas instantes de livro capturando "O amor" acariciei a capa aveludada admirando aquele vermelho intenso cravada o título. Bem a baixo o nome do desalmado que tanto sonhei em conhecer. Joguei o livro ao chão sentindo meu estômago reverberar ira. 

-Desculpe, Sr. Jackson. Mas não será o senhor que vai acabar com os meus sonhos romanescos que venho alimentando há anos. Eu não tenho culpa se o senhor é um babaca. 

Determinei dentro de mim mesma, erguendo a minha cabeça. Não seria um mal amado que acabaria com os meus sonhos.

(...)

Sexta-feira à noite, o único dia que eu me tornava uma pessoa normal e sociável. De tanto Patti insistir eu acabei aceitando. Mas obviamente que boates e bebedeira em uma cidade movimentada como Seattle não era o meu estilo, mas como eu estava deprê naquele momento, era tudo que eu estava aceitando. 

-Só vim mesmo porque não aguentava mais olhar aquele livro e lembrar daquele idiota. _Alterei o tom de voz por conta do barulho ensurdecedor da música eletrônica. 
-Claro que não. Você fica o dia inteiro lendo aquelas páginas que uma hora na vida não aguentaria mesmo. Qual é Vivian? Isso não é vida. _ Pensando bem, minha amiga tinha razão. Acho que foi um despertar. 
-Não é por causa dos livros. Ainda amo, muito mesmo. Mas é aquele cara. 
-Sei, o autor gostosão que te tratou mal. _Encarei Patti por conta do seu linguajar de um modo acusatório. Ela simplesmente virou seu copo de tequila agindo como se fosse algo natural.
-Ele não é gostosão! _Protestei. -Ok, pode ser um pouco bonitão, e um estilo bem sofisticado, mas... _Reconsiderei sobre o olhar atendo da minha amiga. -Ainda assim um idiota que enfeia completamente a sua beleza. 
-Vivian, Michael Jackson não é feio nem se quisesse. Tudo bem é que um idiota, mas é só não deixa-lo abrir a boca. _ Revirei os olhos, indignada.
-Porra, Patti! Achei que estivesse do meu lado. Estou dizendo que Michael chamou os segurança pra mim e ainda jogou na cara que sou uma sentimental idiota e você ainda me diz que é um bonitão pronto para a caça. 
-Eu estou do seu lado, estou mesmo. Mas não podemos negar o inegável. _Entortei a boca achando aquela conversa depressiva demais. 

Virei meu copo de vodca sentindo o líquido queimar a minha garganta. Fiz uma careta que demorou alguns segundos longos até passar o efeito. 
Essa noite eu realmente não queria saber de Michael e nem dos livros, só queria curtir. 

-Você deveria sair com alguém. Richard do departamento de publicidade já andou arrastando asinhas pra você. Mas olha lá! Você não dá a mínima. 

Pensei por um instante a aparência de Richard, e definitivamente ele não fazia o meu tipo. Não sei se é pelo costume habitual dos livros, mas eu pensava em outro estilo de homem para mim. Óbvio que aquele que está disposto a me dar amor, era o principal. Não estava preocupada com aparências e nem nada disso, mas... Richard é bem mais baixo que eu, e ele usa roupas maiores que seu corpo. Não, definitivamente não era o meu tipo. Os outros da empresa ao qual eu era uma atendente de marketing eram bonitos, porém todos casados.

-Só quero beber e esquecer, Patti. _Ela maneou a cabeça batendo o seu copo contra o meu.
-Então vamos beber. _Viramos tudo de uma vez só e começamos a gargalhar. 

No final da balada eu estava sorridente e bêbada, mandando Michael Jackson ir se danar. Olhei para o lado esquerdo pelo qual estávamos indo embora e uma visão bem incomum pareceu diante de mim. Era Michael Jackson caindo de bêbado vindo em minha direção. Seus olhos estavam avermelhados, ele usava a mesma roupa de quando esteve na biblioteca. Completamente desalinhado, com andadas alteradas. Ele parecia outro. 

Olhamos por um instante, com certeza minha expressão era abismada. Acho que me reconheceu, pois seus sorriso cínico estava lá para mim.

Capítulo 4


Continuei olhando-o e percebi que ele estava se dirigindo em nossa direção, quase barrando nas pessoas que estavam dançando na pista. Segurei no braço de Patti impedindo-a de continuar a andar. Ela parou e me olhou.

— O que foi Vivian? — Gritou para se fazer audível em meio ao som que estava com um volume absurdo.

Eu nada falei, apenas continue olhando para Michael que agora estava mais perto do que nunca, ainda com aquele cinismo estampado no seu rosto. Ao perceber que algo havia chamado a minha atenção, Patti decidiu olhar na mesma direção e murmurou um “Não acredito” assim quando ele parou na nossa frente.

— Ora, ora! Vejam só quem está aqui! — Exclamou com um indisfarçável sarcasmo e tomando um gole do whisky que estava segurando. Santo Cristo, ele estava o dobro mais bêbado do que eu e a Patti.

Fiquei olhando com uma certa repugnância que não conseguia proferir nada. Era como se todo o álcool que eu digeri durante a noite tivesse sido extraído do meu corpo me deixando sóbria.

— Amiga, ele é um gato pessoalmente. — Patti sussurrou quase gritando no meu ouvido. Com certeza aquele idiota havia escutado isso, seu sorriso lascivo e sua cara de convencido o denunciavam.

Michael tomou mais um gole da sua bebida com seus olhos vidrados nos meus e depois os desviou para mirar nos de Patti.

— Sim minha cara. Não querendo me gabar, mas eu concordo com você. — Michael falou para Patti, deixando-a um pouco sem graça. Era incrível como sua presunção era demasiada.

De jeito nenhum que eu iria ficar no mesmo ambiente que Michael Jackson. Desde quando o aconteci na biblioteca não suportava mais olhá-lo, ele era asqueroso e aquele sorriso sórdido me irritava muito. E o pior, só o fato dele está embriagado na minha frente, uma pessoa que sempre o admirou, tornava-o mais patético. Isso não é comportamento de um escritor de grande renome.

— Vamos embora, Patti. — Segurei na mão da minha amiga me prontificando para sair da boate, e ela nem protestou.

— Vai fugir Srta. Murray? — O ouvi gritar bem atrás de nós. — Sou seu autor favorito, lembra?
— Agora eu parei de andar e o olhei indignada pelo o seu jeito soberbo. Dei alguns passos até ficar na sua frente e aquele olhar sínico ainda permanecia no seu rosto. Merda, acho que ele estava querendo me irritar, e pode crer que estava obtendo sucesso.

— Quem disse que você é meu autor favorito? — Indaguei com irritação.

— Você, lembra? — Estreitou seus olhos nos meus com ironia.

Eu parei pra pensar e... Não, apesar dele ser o meu autor favorito — ou pelo menos era—, eu não disse isso a ele. Claro, ele percebeu que eu também não estava muito sã e quis me colocar em contradição. 

— Eu não disse isso a você. — Me manifestei.  Ele sorriu, não ele gargalhou, alto, chamando a atenção de algumas pessoas ao nosso redor.

— Vivian, você tem razão. Ele é um idiota. — Patti disse no meu ouvido concordando com o que eu tinha falado a ela. — Um gato idiota. — Revirei os olhos.

Estávamos estáticas olhando para ele que degustava do seu whisky agora.

— Ah Srta. Murray, qual é? Admita que você quase me disse que eu era o seu autor favorito. — Sua presunção é abominável. Hurgh como ele me irritava.

— O que você está fazendo aqui? — Inquiri ignorando a presunção dele e com um olhar furioso.

— Ora, o mesmo que você. Ficando alegre. — Respondeu erguendo o copo de whisky.

— Você é ridículo. — Ressaltei balançando a cabeça em negação.

— Não, princesa, eu sou Michael Jackson. O seu escritor favorito e o responsável por você saber o que é o amor através das minhas escritas. — Franziu as sobrancelhas e parou pra pensar um pouco. — Apesar de não senti-lo.

— Você me ensinou o que é o amor? Não ensinou. — Agora foi minha vez de sorrir, nivelando o tom do seu sorriso.

— Ensinei. — Confirmou convicto, tomou o último gole de sua bebida e fez uma careta nada discreta.

— Você está bêbado. — Olhei com desprezo.

— Ah, sério? Não me diga? — Olha só seu sarcasmo mais uma vez. Que irritante.

— Patti, vamos embora. — Olhei para minha amiga. — Não acredito que li livros de um cara bêbado.

— Ah, não vai não... Fica mais um pouco. — Ele colocou o copo de whisky de cabeça para baixo. — Droga! Acabou. — olhou pra mim — Toma mais uma rodada comigo. — Propôs. 

— Eu nunca beberei perto de você, Sr. Jackson. — Rejeitei sendo firme ao seu convite. Senti a Patti me beliscar, e forte. — Aiiiii... — gritei em um fio de voz e olhei para ela — O quê?

— Você vai mesmo recusar uma rodada com, ele. — Ela deu ênfase olhando para mim com os olhos arregalados. Voltei a olhar para o ser patético à minha frente, e no mesmo instante ele sorriu de lado sem mostrar os dentes. Que sínico. Balancei a cabeça em negação, e ele rolou os olhos.

— Tudo bem. Se você não quer, tem quem queira. — Deu de ombros e por um momento cheguei a pensar que ele iria sair da nossa frente e nós pudéssemos ir embora. Mas me enganei completamente. Ele sorriu e olhou para a Patti com um certo olhar, vamos dizer que... Um olhar desconcertante. Merda, a Patti não! — E aí princesa, aceita uma rodada comigo? — Eu sorri de leve pensando que ela iria dar um chega pra lá nele, mas não foi o que aconteceu.

— Eu? Claro! — Respondeu eufórica. Lancei-lhe um olhar mortífero e ela ergueu os ombros. — Vamos lá Vivian, é só uma bebida.

— Nós já bebemos demais por hoje, Patti. Não acho uma boa ideia, ainda mais com... — olhei pra ele com asco — Ele.

— Ele? — Michael riu mais uma vez exageradamente. — Eu sou Michael Jackson, lembra?

— Eu me lembro de muitas pessoas, e você não se sobressai.

— Vivian, vamos lá, só uma bebida. — Patti tentou me convencer mais uma vez. Eu neguei com a cabeça. — Por dentro eu sei que você quer.

Eu queria? Não... Tá ta ta, eu queria, não sei se era porque eu estava bêbada ou se era porque de alguma forma eu continuava gostando dos seus livros.

Revirei os olhos e sem falar nada me direcionei ao bar da boate, sentei-me e logo Michael e Patii fizeram o mesmo, só que Patti de um lado e Michael do outro. Pedi ao barman que me trouxesse uma dose de vodca pura. Se fosse pra beber perto de Michael Jackson, que fosse para ficar mais bêbada para no outro dia não se lembrar de nada.

Só ouvi Michael e Patti conversando em voz alta, não sei de onde saiu tanto assunto. Michael me ignorou por um bom tempo, mas eu não estava muito a fim de conversar com ele mesmo, ainda mais ele estando naquele estado. E fala sério, como eu poderia querer papo com um cara que chamou um segurança para me tirar de sua presença? Passei a digeri várias doses de vodca só para não ter que lembrar daquele momento.

— Eii, vai com calma. — Patti tocou no meu ombro. — Desse jeito ficará mais bêbada.

— Essa é a intenção. — Minha voz saiu um pouco sufocada por causa da bebida.

— Acho que ela ainda não aprendeu como é que se tomar um porre. — Michael falou tomando um gole de uma bebida agora que não consegui reconhecer.

— Ah, e você sabe direitinho, não é mesmo? Por que será que você teve que aprender rapidinho hein? — Indaguei com a voz embolada.

— Nossa, que esquentada. — Disse sarcástico.   

— Você é um idiota. — O insultei pela milésima vez e continuei com as minhas doses de vodcas, sem pausar.

Conversa vai e conversa vem entre Michael e Patti, — copinhos também estavam no meio disso —, e meu objetivo de esquecer aquele idiota por uma noite não estava se concretizando, pois enquanto ele falava com a Patti seus olhos migravam para cima de mim indiscretamente. Ainda me lembro de ter perguntado alguma coisa para ele nesse momento, só não lembro exatamente o que foi. Também me lembro de que por aí demos início a uma conversa e depois minha cabeça começou a girar me dando a impressão de que Michael e Patti também estavam girando na minha frente.

(...)

Estava um silêncio absurdo, a luz apagada e o que apenas clareava o cômodo era a janela que estava entreaberta. Sentia-me tão confortável e quentinha que se mover dali seria um sacrifício. Abri mais os olhos observando o lugar e por um momento até curti o ambiente tranquilo e ameno. Sentei-me na cama e minha cabeça começou a dá umas pontadas querendo me lembrar do porque ela estava assim.

Com muito esforço me estiquei para o lado e alcancei o abajur que havia em cima de um criado mudo ao lado da cama. E nossa, uma vez iluminado pude vê. O quarto era luxuoso, móveis requintados. Era espaçoso e havia uma porta ao lado, provavelmente o banheiro. Percebi que a cama estava no centro no cômodo e era de casal, forrada com lençóis de linho branco e três travesseiros fofos. 

— Que lugar é esse? — Perguntei em um murmúrio de voz a mim mesma. De repente as lembranças que foram subdivididas da noite anterior voltaram como marteladas na minha cabeça. 

A boate, as doses de vodcas e... Ah não, Michael Jackson.

Ouvi um pequeno barulho vindo da porta que deduzi ser o banheiro e olhei para ela de imediato, logo ela foi aberta e aquele indivíduo hipócrita atravessou, entrando no anexo do quarto, descalço e apenas com uma toalha branca enrolado na cintura, cabelos molhados e gotas de água escorriam pelo o seu corpo. Mas que porra era essa?! Eu não podia estar vivendo isso, talvez se eu fechasse os olhos não estaria realmente aqui.

— Bom dia pra você também Srta. Murray. — Seu tom debochado era perceptível. Ele se direcionou até uma mala enorme que estava em cima de uma mesinha e abriu a mesma. 

— Que lugar é esse? — Perguntei temerosa da resposta ignorando seu deboche. — Como vim parar aqui?

— Você não se lembra? — Ele virou-se para me olhar segurando umas peças de roupas. Neguei com a cabeça e ele respirou fundo cruzando os braços e se encostando na mesinha. — As doses de vodcas, sua amiga, você, eu... Não lembra mesmo? Por que olha... — Dizia em tom tranqüilo.

— Espera! — Interrompi-o. — Aqui é a sua casa? — Perguntei em voz baixa, mas o suficiente para ele ouvir. Ele negou com meneio de cabeça.

— Aqui é o meu mais novo apartamento, Srta. Murray. — Respondeu e ainda encostado na mesinha, segurou o queixo com o polegar e colocou o indicador sobre os lábios.

— O que?! Por que eu estou no seu apartamento?! — Perguntei atônita, vendo-o querendo sorrir da minha feição.

— Sim. No meu apartamento. — Confirmou. — Espera. Você não está em um apartamento qualquer, está no meu apartamento.

— Você me colocou na cama? — Indaguei ignorando sua presunção.

— Sim. — Respondeu tranquilo.

— Você dormiu comigo?

— Sim, dormi. — Respondeu revirando os olhos de tédio com os meus questionamentos.

— A gente... Transou?! — Ele abaixou a cabeça sorrindo e depois voltou a me olhar sério.

— Oh sim, a gente transou, depois eu banhei você, te vesti com uma camiseta minha e por fim dormimos. — Arregalei meus olhos e de imediato levantei o lençol para ver a roupa que eu estava vestindo. E sim, eu estava vestida com uma camiseta masculina vermelha.

— Seu... Seu miserável! — Sobressaltei da cama e pulei em cima dele, estapeando seu peitoral nu. Como ele pôde ter transado comigo no estado em que eu estava? — Seu tarado, cafajeste, filho da mãe... — Urrava e ainda estapeava o seu peito, mas ele não se abalava com isso, apenas sorria. — Como pôde fazer isso? — Ele segurou meus pulsos obrigando-me a fitar no negro dos seus olhos que estavam terrivelmente desconcertantes.

— Por que está brava, amorzinho? Você até gostou. — Disse com cinismo, e se ele não tivesse segurando minhas mãos, o próximo tapa seria no seu rosto. — E gritou, gemeu... Ai Michael, vai Michael, tá gostoso, mais forte... Ar! — Continuou rindo e soltou os meus pulsos me dando um leve empurrão.

— Você é nojento! — Dei-lhe as costas e fiquei pensando por alguns instantes como foi que eu pude ter ido para o apartamento de Michael Jackson, e pior, como transei com ele e não me lembrava disso. Malditas doses de vodcas. E enquanto a Patti, pode ter certeza de que se eu a visse nesse momento eu a mataria só pelo o fato dela ter deixado isso acontecer. Coloquei as mãos na cabeça demonstrando minha aflição e arrependimento, e quando voltei a olhá-lo ele já estava vestido com uma calca jeans e enxugando os cabeços na toalha. Droga, porque ele não poderia pôr uma camisa também?

— Você é hilária e a criatura mais besta e iludida que já vi. — Seus lábios se repuxaram. — A gente não transou. Eu não transaria com uma garota bêbada. Gosto quando elas se lembram. — Ele sorriu após vê minha cara de alivio.

— O que me garante que está falando a verdade... que não transamos? — Exigi com a voz calma. Ainda estava confusa e tentando me lembrar de alguma coisa.  — Pois se tem uma coisa que eu lembro é de você estar bêbado também. — Ele largou a toalha nas costas de uma cadeira e voltou a ficar de costas, mexendo na mala.

— Eu não nego que estava um pouco no “brilho”, mas não sofro de amnésia, Srta. Murray. — Disse esticando os braços pondo a camisa no seu corpo. Não pude deixar de notar suas costas largas se contraindo enquanto ele o fazia. Chacoalhei minha cabeça desviando-me daquela visão.

— Então por que me trouxe para seu apartamento? — Ele agora se virou de frente pra mim.

— Você e sua amiga beberam demais.

— E desde quando você se importa?

— Desde que eu descobri que não se deixa uma mulher bêbada largada em um lugar como aquele. Mesmo que ela seja chata assim como você. — Disse e sentou-se na beira da cama para calçar seus sapatos.

— E onde está a Patti?

— Ela foi embora cedo.

— O quê? Como assim ela foi embora? E me deixou... Com você? — Franzi o cenho. Ele ergueu a cabeça e me fitou, com um sorriso enviesado escancarado nos lábios.

— Ela disse que estava atrasada para uma prova, ainda tentou te acordar, mas você dorme feito uma pedra. E além do mais eu não sou um assassino, Srta. Murray. — Salientou. Ah não, claro que não! — Você fala demais e eu não tenho tempo para ficar de mi mi mi com você. Tenho um lançamento daqui há — ele olhou para o relógio do pulso. — cinquenta e cinco minutos. — Sorriu e se levantou, me olhou dos pés a cabeça descaradamente e deu uma leve mordida no lábio inferior. — Até que minha camiseta caiu bem em você — Olhei para meu corpo e ela parecia mais um vestido. Ah claro, ele está rindo de mim. — ficou muito sexy com ela. — Meu rosto esquentou, não sei se foi pela vergonha ou se foi pela raiva que senti quando ele disse isso.
— Você é um idiota. — Rosnei.

— É... Pode ser, — deu de ombros ignorando meu insulto. Ele estava quase atrasado, é isso. — mas o idiota aqui irá lançar o mais novo livro daqui a alguns minutos. Então pare de resmungar e vista-se com a porra da sua roupa, Srta. Murray. — Sua grosseria me causava repulsa.

Travei meu maxilar preparada para retrucar sua arrogância, mas percebi que não valia a pena. Peguei minhas roupas e fui para o banheiro. Em questão de minutos saí de lá vestida. Olhei para os quatro cantos do quarto e nada de Michael Jackson.

Onde será que ele havia se metido?

Abri a porta do quarto e me deparei com uma sala enorme com a mesma luxuria do quarto. — aquele homem devia mesmo ganhar muito dinheiro em cima de seus livros. — Ouvi sua voz conversar com alguém dando umas breves pausas. Ele estava no telefone.


— Eu já disse que já estou a caminho. — Murmurou e suspirou sem paciência. — Qual é cara, eu sou Michael Jackson e posso fazer o que eu quero. — E mais uma vez seu egocentrismo rouba a cena. — Tive um problema, mas já estou resolvendo. — Ah com certeza esse problema era eu. Espera, mas desde quando eu havia virado um problema? — Chega de seus questionamentos. Está me deixando irritado. — Disse e desligou o celular na cara da pessoa.  Ele estava de costas, passou a mão no cabelo e colocou a outra na cintura. Atravessei o anexo e dei uma tossidela para chamar a sua atenção. 







Capítulo 5 

Eu adorava chegar em casa de táxi, com uma roupa completamente amarrotada, cabelos revoltos e uma dor de cabeça terrível. Não consigo entender porquê me submeti à tanta bebedeira na noite passada. E ainda por cima ter dormido na casa daquele troglodita dos infernos. Mas Patti teria de me explicar direitinho.

Abri a porta da entrada principal do apartamento colocando a mão à cabeça. Joguei minha bolsa por qualquer canto e fui direto para o chuveiro tomar uma ducha. Acho que a água gelada caindo no meu corpo foi como um analgésico nos meus nervos. Era como se aliviasse aquela nhaca de ressaca e me renovasse novamente. Definitivamente, não irei mais beber tanto assim!

Vesti meu vestido rodado de cor rosa, com laços e enfeites. Era assim que eu gostava de me vestir, sentia-me bem. Ajeito o meus cabelos, deixando-os soltos e à vontade. Usei uma maquiagem leve para disfarçar as olheiras e me dirigi à casa de Patti, exigiria explicações.

Encarei a face de Patti assim que abriu a porta para mim, sua expressão era desconfiada, cara de quem teria que dar muitas explicações. 

-Ah, é você. _Entrei sem que me convidasse, sentei em seu sofá e a olhei como quem espera por confissões. 
-Sim, sou eu. Anda, desembucha! Como fui parar na casa do escritor, completamente bêbada? _Patti desviou o olhar de mim, como se buscasse uma desculpa qualquer, logo começando a falar:
-Nós estávamos com ele. Bebemos com ele e então depois, o segurança de Jackson apareceu, para levá-lo embora. Ele ofereceu para levá-la e eu achei maravilhoso. Você tinha desmaiado Vivi, e eu não soube o que fazer, achei que uma pessoa mais adequada lhe ajudaria. _Ri incrédula balançando a cabeça em negativo. Como uma pessoa como aquele ser, poderia ser adequada?
-Patti, aquele é o Jackson. O cara ridículo que pisou nos meus sentimentos sem dó. Acha mesmo que era adequado? _Patti faz cara de lamento e sentou-se ao meu lado.
-Eu sei que fui uma péssima amiga. Mas vocês dois estavam tão lindos juntos, parecia uma história romântica ideal. _Sentou-se direito ao sofá, erguendo as mãos preparando uma título revolucionário com as mãos. -"A mocinha sonhadora domando um homem frio e sem sentimentos". _Revirei os olhos, rindo após. Patti nem se dava conta o quanto estava sendo uma tola. 
-Ah qual é, Patti? Eu e Jackson? Nem que fosse o último homem da face da terra. Antes. Posso confessar que se fosse antes, até que poderia ser. Eu era louca por esse homem, mas agora eu o desprezo. Ele é um idiota e vai pagar por sua estupidez. _Remexi meus lábios um no outro sabendo que aquela humilhação teria volta. 
-Mas ele tratou você mal em sua casa? Por favor, Vivi. Se isso aconteceu eu nunca me perdoaria. _Patti estava visivelmente arrependida e por isso aceitei as suas desculpas, a pesar de ainda estar chateada com ela. Mas é minha amiga e sei que não faria nada de mal contra mim.
-Foi ele, como sempre. Idiota e presunçoso. Acredita que deu a entender que transamos? _Patti abriu a boca abismada.
-Ai meu Deus! Aconteceu alguma coisa? 
-Não, não. _Ergui os ombros tranquila. -Ele só disse pra me deixar apavorada, aliás ele adora fazer isso. Mas ele não perde por esperar. 
-O que você está pensando em fazer? _Virei meu olhar para Patti, com um sorriso maléfico no canto dos lábios. Sabendo exatamente o que eu faria.
-Descobri que Jackson terá um lançamento essa tarde. Eu o ouvi dizer ao telefone. _Ergui os ombros levando a palma da minha mão a altura do meu tronco. -Só vou fazer desse lançamento um pouco.... digamos... interessante. _Abri um sorriso e Patti acompanhou-me. 
-Ai Meu Deus, isso vai ser demais. Preciso ver isso de perto. 
-Não se preocupe, Patti. Vai ser transmitido ao vivo pela TV, levando em conta o quão importante o escritor Michael Jackson é. Nenhum olhar ficará imune a isso. E todos saberão que aquele que se diz, escritor de qualidade e renomado, não passa de um estúpido. 

Eu sei que o que eu estava pensando em fazer era uma vingança erroneamente efetuada. Não sou esse tipo de pessoa e nem pretendia ser. Mas eu colocava-me no lugar de outra mulheres como eu, aquelas que sempre endeusava Michael e suas obras. Eu não poderia deixa-las iludidas assim como sempre fui. 
Patti concordou com a minha atitude, só pensava em ver a cara raivosa, que provavelmente Jackson faria. Ela adorava uma encrenca e eu não poderia negar que seria uma bem das grandes. 

(...)

Cheguei mais cedo à biblioteca nacional, localizada no centro de Seattle, comprei o mais novo livro de Michael Jackson, intitulado, "As divergências do amor" é um livro que conta a história de Ane e Kevin. Ela acredita no amor e ele é um bêbado que acha que a vida se consiste de farra e curtição. Até o meio da história ele acaba descobrindo em Ane, uma coisa que ele nunca havia descoberto antes, e acabam ficam juntos com ela ter vencido a missão em ter feito Kevin conhecer uma amor verdadeiro que ela tanto acreditava. 

Achei curioso esse assunto, lembrei-me da piada de mau gosto de Patti, há algumas horas atrás. Lembrei-me de como sou, e de como Michael é. Espantei aquele pensamento da cabeça, levantando-me para dirigir-me ao pequeno palco preparado para Michael discursar e distribuir autógrafos. 

O lugar tinha tapete vermelho e tudo, um pequeno púlpito com um microfone. Alguns programas de Tv posicionando suas câmeras e um pequeno público apostos às cadeiras. 

Segurei meu vestido pela parte de trás, para quando fosse sentar não o levantasse e coloquei o livro da capa verde, - com uma imagem de dois bonecos dando as mãos - em meu colo, só esperando a ilustre presença do Sr. Bundão. 

-Meu Deus do céu! Mal posso acreditar que verei Michael Jackson cara a cara! _Murmurou uma moça loira iludida, assim como eu, ao meu lado. -Acho que essa obra é a mais magnifica de todas, não acham meninas? _Perguntou as outras que se encontravam atrás de nós. E elas concordaram esbaforidas com o ilustre homem. Revirei os meus olhos.
-Seria se fosse verdade. _Comentei com ironia e elas me olharam depressa. -Acontece que não se pode julgar o livro pela capa, ou melhor. Não devemos julgar as pessoas por quem elas dizem que são. _Dei uma piscadela. Elas se entreolharam não entendendo nada, achando-me uma louca. 

Horas depois Jackson apareceu, além de ser um estúpido era um mal educado que se atrasava em seu próprio lançamento. Quanto mais eu conhecia esse homem, mas raiva eu tinha de mim mesma por suspirar pelos cantos por sua causa. 

Michael usava uma camisa branca por dentro do casaco preto de paetê, uma calça de couro também preta, e botas. Os cabelos caídos no rosto lhe dava um charme a mais. Eu não podia negar o quanto aquele cretino é lindo. E eu não podia também ignorar o fato de que eu o admiro fisicamente. 

As meninas gritavam o seu nome, enquanto estava lá, na face dele o convencimento. Mas ao mesmo tempo um incômodo, como se sentisse repulsa de toda aquela atenção. Isso só serviu para minha raiva aumentar.

-Obrigada pela presença de todas vocês, no meu mais novo lançamento. _Ele ergueu o mesmo livro que estava sob meu colo, exibindo-o. -Queria comunicar-vos que poucas horas da estreia já me vem a informação que foram mais de quinhentas mil cópias, por parte das pré-vendas no meu site oficial. E estou muito agradecido por isso.

E eu fui uma dessas pessoas que comprou em pré-venda. Aliás, não era muito incomum, levando em conta que eu corria igual uma cachorrinha para comprar depressa as suas obras. 

-As divergências do amor, é um romance clássico, que consiste unicamente de que o amor cura tudo. É ele que nos renova, que abre a nossa mente para a mudança. Quando se tem amor, você é capaz de enxergar a vida com outros olhos. É capacidade entre ceder, abrir mão, somar e multiplicar. Ane foi forte porque amava Kevin, e Kevin, ainda mais por passar por cima do seu orgulho e enxergar o que o amor lhe dizia. _Engoli em seco diante da sua explicação. Em outro tempos eu estaria babando assim como as outras meninas naquela salão. Mas eu sabia da verdade, Michael é mestre nisso, em iludir as pessoas. 
Senti minhas mãos suarem por conta do que faria à seguir, mas eu não poderia ser covarde agora. 
-Coisa que o amor não consegue lhe dizer nada, não é, Sr. Jackson? _Elevei minha voz, fazendo todos me olharem, até os repórteres com os microfones voltados a Michael. Ele percorreu os olhos pelo lugar desfazendo o sorriso, procurando a dona da voz, quando encarou-me. -Acho que encontro semelhanças dentre você e Kevin. A diferença é apenas que você não é capaz de enxergar nenhum palmo à sua frente, quem dirá o amor. _Os murmúrios foram únicos preenchendo o espaço e a cara que Michael fez para mim era digna de filmes dramáticos. 
-Parece que a dama ali, quer se manifestar. _Eu sabia o quanto Michael estava se segurando para não sair da linha, ofendendo-me diante de todos. 

Assenti, com convicção. Levantei da minha cadeira e caminhei próximo ao palco, posicionando-me ao lado do escritor.

-Michael Jackson é uma fraude, senhoras e senhores. _Falei em um tom límpido, de cabeça erguida e um sorriso de canto. E mais uma vez os murmúrios de choque ecoaram pelo local. -Ele finge ser o poeta do amor, mas a verdade é que ele repudia qualquer sentimento que garotas como nós temos. Ele só pensa na grana que recebe do bolso de pobres mulheres iludidas. _Olhei para ele que estava com o maxilar travado e o punho fechado, soltando raiva pela ventas. E eu adorei isso. 
-Uau! _Finalmente Michael se manifestou. -Vejam o que temos aqui, senhoras. _A expressão raivosa havia passado, adotando um comportamento tranquilo que não foi nem um pouco agradável perceber. -Parece que é mais uma daquelas revoltadas com os escritores por não ter terminado o livro da forma que queria. _Ele entortou a boca em lamento. -Desculpa, princesa, mas os finais são assim. Kevin descobriu seu amor tarde demais, magoou Ane muito e às vezes as mulheres não toleram isso. Não quer dizer que sou um cara mal que repudia o amor, só porque não os coloquei juntos. _Apertei minhas mãos com força, querendo estapeá-lo. Ele havia mesmo usado aquele final, distorcendo tudo que eu havia falando, virando o jogo contra mim. Michael era um homem ridiculamente esperto. 
-Não, não é isso.... _Os risos ecoaram pelo lugar e eu fiquei sem saber o que fazer. Tentei explicar, mas não teve jeito. Ninguém acreditou em mim. -Espere, eu preciso explicar!
-A senhorita já deixou bem claro o seu descontentamento, mas eu preciso mesmo continuar a minha palestra. Guardas! Acompanhe a moça, por gentileza.

Oh não! Eu estava sendo expulsa mais uma vez por aquele brutamontes sem poder fazer nada, e ainda sendo motivo de chacota por todos ali. Todas aquelas idiotas iludidas por esse homem estúpido, assim como fui um dia. 

-Me larguem! _Protestei, assim que me jogaram dentro do elevador. Michael conseguiu me humilhar mais uma vez. 

(...)

Eu estava descendo pelos fundos da garagem quando senti meus braços sendo puxados e meu corpo imprensado à parede. Debati-me, mas a pessoa era forte demais e conseguiu me deter. Quando o vi, nem acreditei.

-Você ficou maluca, garota? O que você tem na cabeça? _Michael furioso colocava seu rosto ao meu, disparando injúrias enquanto eu aspirava seu cheiro doce e másculo que deixou-me fora de órbita por um instante. -Quer acabar com a minha carreira? _Espantei suas mãos de cima de mim em um empurrão, afastando-o do meu corpo. 
-Só não acho justo ficar enganando as pessoas como você faz. Elas tinham o direito de saber. _Gargalhou.
-Elas nunca vão acreditar no que você fale, princesa. Qual é? Todos me amam. Nem você mesmo acreditaria se não fosse eu quem falasse. Elas já estão convencidas. _Aquele cretino tinha razão e o meu plano parecia tão ridículo agora. -Pare de se meter no meu caminho, ou será pior pra você. 
-O que vai fazer, garotão? Me matar? Pois tente. _Ele rangeu os dentes em plena raiva, talvez pensando sobre a minha ousadia. Mas logo suavizou a expressão aproximando mais uma vez do meu corpo.

O cheiro da sua pele estava lá mais uma vez, desconcertando-me. Sua boca tão vermelha úmida implorava em desespero por um contato. Aquelas mãos enormes, segurando os meus cabelos, e sua postura imperial enlouquecia-me. Por que você tinha que ser um maldito infeliz, Michael Jackson?

-Sou um escritor e não assassino, Senhorita Murray. Mas lhe garanto que não irá querer se meter com Michael Jackson. _Ele acarinhou o meu rosto de leve, com um sorriso cínico dançando nos lábios. Esfregou o indicador, em seus próprios lábios, esbanjando um charme extraordinário que senti entre minhas pernas umedecer. Meu clitóris trêmulo criou vida imediatamente. 

Ele deu uma risadinha e foi embora, deixando-me pasma com aquela atitude cafajeste que havia assumido.

Capítulo 6


Entrei no meu apartamento tomada pela exasperação. Eu estava com raiva de mim mesma por não ter feito aquele idiota passar a devida vergonha por sua farsa. Eu falhei no meu plano, e com o ódio que senti por ele ainda sim me deixei desconcertar por aqueles lábios convidativos dele e por seu jeito cafajeste que me deixou úmida daquela forma.

— Você me paga, Michael Jackson. Você me paga! — Bradei, tirando meus sapatos e jogando-os com uma força absurda em um canto qualquer do meu apartamento.

Me direcionei com passos ríspidos parecendo uma louca até a minha prateleira, e de lá tirei todos os meus livros da autoria daquele farsante miserável.

— Você se acha muito esperto não é mesmo? — Indaguei olhando a contracapa de um dos livros que tinha uma fotografia dele, e o seu sorriso era tão fulminante que se eu não soubesse quem realmente ele era, estaria me derretendo por essa foto agora. — Sabe o que eu faço com as suas farsas Sr. Jackson? Isso... — rasguei a capa do livro e joguei-o no chão — e isso, e isso... — peguei os outros e fiz o mesmo, jogando-os no chão e pisando em cima com toda a força que cheguei a ficar ofegante, e só parei quando ouvi o telefone do meu apartamento tocar. 

— Alô? — Atendi sem delicadeza.

— Vivian? Vivian? — Era a Patti. — Amiga você é louca. Ponha no canal 65.

— O quê? Por quê?

— Anda logo! — Gritou.

— Tá legal. — Corri e liguei a TV colocando no canal que ela disse. Estava escrito ao lado da logo da emissora: “REPRISE: FÃ LOUCA SE MANIFESTA NO LANÇAMENTO DO NOVO LIVRO DO RENOMADO ESCRITOR MICHAEL JACKSON”. E mais, as imagens da minha pessoa se levantando e indo até a frente estavam sendo exibidas; eu falando, as pessoas estavam rindo e eu parecia uma louca de verdade.

— Hurgh... — Grunhi e desliguei a TV jogando o controle em cima do sofá. Na verdade não me importo com o fato de ter sido gravado, eu já tinha o conhecimento disso, mas o que mais me indignou foi que ele conseguiu tomar as rédeas da situação.

— Amiga, ele poderia te processar por isso, sabia? — Patti ressaltou no outro lado da linha.

— Mas ele não fez e nem irá fazer, Patti. Acredite. Aquele filho da mãe conseguiu virar o meu próprio jogo contra mim.

— E o que você vai fazer? — Respirei fundo antes de responder.

— E o que eu posso fazer? Nada. — ri sem humor — Aquele mentiroso sabe como enganar direitinho as suas admiradoras, assim como fazia comigo. — Sentei-me no sofá, jogando os pés em cima do centro.

— Acho melhor você esquecer esse assunto, e o Jackson também.

— É o que estou pretendendo. Estou me livrando de todos os seus livros.

— Sério?

— Sim. Nunca mais irei ler uma linha sequer de qualquer farsa sua. — Pude ouvi o suspiro de alívio da Patti.

— Mas... Você não precisa se livrar dos livros dele. Bem... Ele é um soberbo, admito, mas os livros deles são bons, tanto que você os adora.

— Adorava, — corrigi-a — e além do mais depois que o conheci pessoalmente todo o encanto acabou, sabe? Ele... Não é o que eu sempre achei. É um mentiroso cafajeste. — Falei me lembrando do momento que ele me deixou pasma e trêmula com aquela atitude cafajeste antes de sumir da minha vista.

— Espera! O mentiroso eu entendo, mas por que o cafajeste? — Indagou demonstrando curiosidade.

— Por nada, esquece. — Fui evasiva. — Tenho que desligar, preciso descansar porque meus dias de folgas acabam hoje.

— Tudo bem. — Patti assentiu, e nós nos despedimos.

Ajuntei todos os livros do Jackson e joguei-os dentro de uma sacola plástica preta, mas depois de pensar muito decidi guardá-los dentro do meu baú de tralhas. Bem, eu sei que disse que me livraria deles, mas sabe, quando você passa muito tempo gostando de uma pessoa, uma roupa ou um objeto, torna-se uma missão impossível se desfazer deles. Mas isso não significava que continuaria lendo-os, só os guardei porque querendo ou não eles eram terrivelmente bons.


“Michael”


“— Michael Jackson é uma fraude, senhoras e senhores. Ele finge ser o poeta do amor, mas a verdade é que ele repudia qualquer sentimento que garotas como nós temos. Ele só pensa na grana que recebe do bolso de pobres mulheres iludidas.” — Assistia pelo meu notebook com meus olhos semicerrados e meu maxilar travado só de lembrar que aquela garota neurótica quase acabou com todo o meu discurso. 

— Já chega, Garret. Cansei de vê isso! — Reclamei para o meu assessor, desligando meu notebook.

— Você viu? Essa garota quase acabou com o lançamento do seu livro. — Ele apontou para meu aparelho todo exagerado.

— Ah sério? — Fingi está surpreso com ironia. — Acho que toda a cidade viu isso, Garret. Ou melhor, o país todo.

— Como ela teve a coragem de fazer isso?

— Ela só é mais uma que não teve o final feliz desejado.

— Mas mesmo assim, Michael. — Garret estava puto, até parece que a carreira era dele. — Quem ela pensa que é?

— Ela é uma louca. A pior definição de neurótica. — Falei encostando minhas costas na poltrona do meu novo escritório. Afrouxei minha gravata e respirei fundo.

— Espera! Acabei de dizer que ela quase acabou com a sua carreira — deu ênfase no “carreira” — e você só fala que ela é uma louca? — Indagou revoltado. — Deveria processá-la. — Sugeriu coma voz um pouco elevada.

— A não... — me levantei da poltrona e peguei a garrafa de whisky que havia em cima do balcão — Tenho certeza de que aquela alienada nunca mais se meterá comigo. — Despojei a bebida dentro do copo e me virei para olhá-lo. — A não ser que ela seja mais louca do que eu pensei. — Franzi o cenho pensando nessa possibilidade. Bem, se ela teve a coragem de ir até um evento com a transmissão ao vivo de um escritor renomado como eu, quem me garantia que ela não aprontaria mais alguma? Eu até que poderia muito bem deixar essa história de lado, ninguém acreditou nela mesmo, mas e se ela aprontasse novamente? Isso era uma possibilidade a considerar. Percebi que ela era muito afoita e isso não era nada bom. Digeri toda a bebida em um único gole, fazendo uma careta discreta.

— Aquela garota precisa de um trato.

— Ah sim, eu sei bem do trato que ela precisa. — Eu disse com o tom carregado de lascívia. Sabia que debaixo daquele vestido de patricinha havia um corpo delicioso pedindo pra ser devorado. — Garret, quero que consiga tudo em relação a essa garota.

— Tudo mesmo?

— Nome completo, idade, onde trabalha, se tiver um emprego é claro. Ah, sim, se for necessário até a sua cor favorita.

— O que você vai fazer? Transar com ela?— Perguntou curioso.

— Claro que Não! Apenas consiga.

— Mas Michael...

— Garret, — toquei no seu ombro — Sem mais questionamentos que eu sei o que estou fazendo. E além do mais, eu mando aqui, sacou? — eu disse e ele respirou fundo, assentindo com a cabeça. — É isso aí, você entendeu. — Dei duas batidinhas de leve no seu ombro e me direcionei a porta — Não esqueça hein, quero tudo sobre ela amanhã.

(...)

“Acredite, vai acontecer qualquer dia, qualquer hora, alguém irá te enxergar, mesmo que você esteja sem maquiagem, suada, desarrumada, descabelada. O famoso homem da sua vida vai te enxergar... Confie em mim, ou em você, né.” — Meus olhos estavam fixados na tela do meu notebook enquanto eu digitava mais algumas bobagens sobre o amor. Ouvi três batidinhas na porta do meu escritório e mencionei um leve “entre” sem tirar meus olhos da tela. Notei Garret se aproximar e colocar alguns papéis sobre a minha mesa.

— Está tudo aí, Michael. — Enunciou e se jogou na poltrona à minha frente. Parei de escrever e o olhei sob os cílios. — As informações sobre aquela garota. Está tudo aí.

— Bom garoto. — Sorri satisfeito.

— Michael, eu não entendo uma coisa. — Ele franziu o cenho e ficou pensando.

— O que, Garret? — Cruzei os braços e arqueei as sobrancelhas.

— Aquela garota, ela... Ela estava muito revoltada com você, — assenti fazendo uma careta, ele continuou — mas ela também estava com o seu livro nas mãos, e isso significa que...

— Ela é só mais uma louca por mim. — Concluí por ele, mas isso o deixou apenas mais confuso.

— Eu iria dizer que era uma fã, mas isso não vem ao caso. O que eu não entendo é que, se ela é louca por você assim como você diz, — frisou — então porque ela fez aquilo?

— Ah Garret, aquela mulher é maluca. — falei virando os olhos e respirei fundo — Eu a conheci na biblioteca central daqui, de Seattle, e infelizmente eu não sou o que pensava que eu era. Coitadinha.
— Fiz uma cara de lamentação mais falsa do que comercial de shake para emagrecer.

— Então vocês já se conhecem?

— Não exatamente, mas nem precisou muito para eu deduzir isso.

— Então sendo assim, eu acho que ela tem uma queda por você. — Garret supôs coçando a cabeça.

— Claro que tem. — Confirmei. — Alias, todas as mulheres daquele salão tem, meu caro. — Falei dando uma piscadela pra ele que balançou a cabeça rindo do meu egocentrismo. Mas o que eu podia fazer se era a mais pura verdade?

— Por que você é tão indiferente em relação às mulheres? — Indagou sorrindo.

— Eu não sou indiferente, — me defendi — eu amo as mulheres.

— Então por que você não arruma uma, cara? Sabe... Falo de compromisso. — Sorri baixinho.

— Preste atenção Garret, agora vou te dar um conselho de amigo. Procure sempre investir na luxúria de preferência, é bem mais fácil e menos complicado. Tesão pode apenas durar algumas horas, mas um coração partido pode durar muitos anos. Entendeu? — Garret aplaudiu com um sarcasmo estampado na sua cara e balançou a cabeça.

— Puxa vida. Agora me diga: Como é o nome dela?

— De quem?

— Da mulher que arrasou você. Ela deve ser extraordinária.

— Ah... Então, é como eu digo: Melhor uma ordinária do que uma extraordinária.

— Qual é Michael? Eu te conheço. Fale sobre a extraordinária. — Rolei meus olhos e encostei minhas costas na cadeira. — Sabe, a mulher que partiu o seu coração...

— Ah, você ta querendo o quê?Acabar com o meu bom humor?

— Não, não. Longe de mim. Eu só estou querendo saber como você ficou assim.

— Olha, pra sua informação foi bem mais de uma. Foi quase um exercito. Garotas controladoras, garotas infiéis, garotas deprimidas, falsas, narcisistas, e uma em especial que demonstrou não gostar de mim. Quando eu cheguei aos trinta eu percebi que temos que ter muitos relacionamentos ruins antes de descobrirmos que não existe um que seja bom.

— Acredita mesmo que não existe essa coisa de bom relacionamento?

— Acredito completamente.

— E como consegue escrever tantas coisas sobre o amor?

— Eu apenas consigo. — dei de ombros — Agora me deixe sozinho, por favor.

— Tudo bem Sr. Escritor revoltado com o amor. — Se levantou, mas antes de sair tocou nos papéis que me trouxe e olhou bem nos meus olhos. — Agora em questão dessa garota, eu não sei o que pretende fazer, mas já que não vai processá-la, esqueça isso. — Sugeriu.

— Nem fodendo! — Bati os punhos na mesa ao se levantar — Já disse que não pretendo processá-la. O que ela teria pra me dar? Antes dela querer ou até mesmo pensar em aprontar mais uma contra mim, eu só quero que ela saiba que com Michael Jackson não se brinca! Anda, agora me deixa sozinho que hoje estou com uma inspiração que sou capaz de escrever até o roteiro do próximo filme do James Bonde. — Voltei a me sentar e Garret saiu do meu escritório sem protestar mais nada.
 
Peguei os papéis e comecei a analisá-los com atenção. E olha só, ela tinha uma vida além de ser uma neurótica. Nos papéis constava que trabalhava como atendente de marketing, morava sozinha... Também quem iria querer morar com essa maluca? Vinte e seis anos, bem... Não aparentava isso naquele rostinho de princesa, mas tudo bem!












Capítulo 7






-Vivian Murray falando, em que posso ajudar? 

Era mais um dia de trabalho naquela segunda-feira, o expediente estava bastante movimentado, como as segundas são. Eu já estava tonta de tanto atender telefones e vender produtos aos nossos clientes. Era um ótimo trabalho, às vezes era divertido, ainda mais quando elogiavam o meu trabalho. Sempre recebia uma gratificação por ser a atendente mais rápida e que resolvia de imediato os assuntos com competência. Não posso negar que isso me enchia de orgulho, ainda mais quando aumentavam o meu salário. Era como um incentivo, ' faça um ótimo trabalho que terá sua recompensa' esse dinheirinho extra sempre valia a pena. 

-Senhorita Murray? _Uma voz masculina preencheu o meu ouvido através dos fones. Uma voz que não parecia ser de um cliente comum, ainda mais dirigindo diretamente a mim. 
-É ela? _Perguntei com uma desconfiança rondando a minha mente.
-Sr. Jackson, gostaria de lhe falar, hoje à noite em sua casa. _Senti uma pontada incômoda atingir meu peito junto com um aceleramento que deixou-me ainda mais tonta do que já estava. Mas ao mesmo tempo a raiva dominou-me por lembrar de quem se tratava e do quanto aquele homem era um presunçoso capaz de mandar alguém ligar para o meu trabalho só para aplacar o seu capricho. 
-Pois fale ao Sr. Jackson, que não irei nem hoje e nem dia nenhum. Por favor, mande ele ir à merda, de onde ele nunca deveria ter saído. 

Olhei à minha frente e os outros atendentes olharam-me surpresos pelo meu descontrole. Balbuciei um 'desculpe' e voltaram ao trabalho. 

-Eu sinto muito, senhorita, mas o Sr. Jackson foi bem claro em fazer esse pedido. Ele não aceitará um não como resposta,  e fez questão de dizer que se caso a senhorita recusar, ele tomará as devidas providências. É que o caso no lançamento de seu livro foi bem grave. 

Pude entender perfeitamente bem o que ele queria dizer. O meu escândalo com certeza teria consequências e seria um processo muito bem dado. Droga, era só o que me faltava ter sido envergonhada publicamente e ainda receber um processo. Parece que minha vida depois de conhecer Michael Jackson estava afundando a cada dia mais. Mil vezes droga! 

Forcei um sorriso no rosto, completamente descontente e cheio de ironias. 

-Fale ao seu patrão, que estarei em sua casa no horário combinado. 
-Fico feliz pela decisão mais sensata, senhorita. _Revirei os olhos desdenhando aquela frase ridícula. Se ao menos eu tivesse escolha, com certeza não pisarei os meus pés naquela casa. 

(...)

Choraminguei pela enésima vez diante daquele espelho, eu parecia uma menina de cinco anos, fazendo birra, só para não ter que ir em um lugar que não queria. Era a minha situação. 
Ajeitei o meu cabelo prendendo um laço na altura da cabeça e coloquei um vestido rodado cor bege. Minhas sapatilhas acrescentava um charme a mais ao meu look. 

Peguei um táxi, senti-me nervosismo. Mas ao mesmo tempo, com uma raiva lancinante. Michael era o tipo de cara que faria com que eu tivesse um estresse agudo sem ter a chance de deixar com que o estresse do dia a dia fizesse seu serviço por si só. 

O hall do andar daquele homem era impressionante, parecia até a Fields, a empresa de vendas de eletrônicos que eu trabalho. Óbvio que só a ala dos presidentes e acionista, pelo luxo que havia ali. Da última vez eu estava tão furiosa que nem reparei. Continuava furiosa, mas pelo menos tive a chance de reparar. 

Toquei a campainha, apertando os meus lábios. Coloquei a mão à cintura, e meus pés batucavam o chão, uma ansiedade para resolver logo esse assunto com Jackson e voltar para minha casa. 
A porta se abriu. 

Meu corpo todo tremeu dos pés a cabeça quando vi a figura daquele homem usando apenas um short de pijama listrado super transparente, que era possível ver até coisas que não deveria,  e sem camisa. Meus dedos dos pés se encolheram e meu coração descontrolou dentro do peito. 

-Olha só quem veio! _Me olhou com aquela cara cínica que ele adorava sustentar. -Entre, senhorita Murray e fique à vontade. 

Michael deu espaço para que eu pudesse entrar, dei alguns passos para frente com a postura toda controlada, e dura, sentindo-me desconfortável. 

Olhei para o apartamento, o mesmo que estive antes, e me deu uma sensação ruim, parece que estava frequentando aquele lugar mais do que eu gostaria. 

- O que você quer comigo? _Subi minha sobrancelha encarando-o. -Tinha mesmo que ter mandando seus capangas para me perturbar no trabalho? _Ele deu uma risadinha.
-Não é o meu capanga, é o meu assessor, ele cuida dos meus interesses. E não posso dizer que isto era um deles. _Balancei a cabeça.
-Seus interesses? E o que seria? 

Michael jogou  os braços para trás de seu corpo, cruzando suas mãos na altura da suas costas. Não podia negar o quanto aquele homem era charmoso. Seus cabelos lisos na altura do seu ombro tinha brilho intenso, eram sedosos e saudáveis. Aquele rosto carregado de sarcasmo e impiedosidade, lhe dava uma postura de um homem seguro de si. 

-Sabe que depois daquele vexame que você passou...
-Opa! _ O interrompi. -O vexame que você me fez passar. _O corrigi rapidamente. Michael descruzou os braços erguendo os ombros. 
-De qualquer forma... ele custaria a senhorita um processo rentável. _Senti uma dor atingir meu estômago. Eu sabia que estava muito ferrada por causa daquela cena, e era óbvio que o assunto a tratar, era sobre o processo. 
-Não posso ser processada por falar a verdade, além do mais, ninguém acreditou mesmo em mim. Por culpa sua! _Enfatizei, tentando ser a mais controlada do mundo. 
-Não se preocupe com processos, senhorita. Eu tenho uma solução para que possa se livrar dele. _Franzi o cenho. 
-Ah tem? _Ele maneou a cabeça com um sorriso um tanto maléfico no rosto. Ele estava aprontando, e o meu medo era descobrir o que. 

Michael caminhou até perto da instante, onde continha apenas uma tv e alguns porta-retratos que eram de Jackson em lançamentos de livros, os dele obviamente. Abriu uma gaveta e tirou de lá uma pasta com alguns papeis.

Não conseguia entender onde queria chegar, mas não tirava os olhos de suas mãos folheando os papeis que estavam dentro. 

-Vivian Murray, vinte e seis anos, americana. Trabalha como atendente de telemarketing. Gosta de romances melancólicos e busca o amor perfeito. Vive uma vida cor de rosa e acha que tudo é curado com amor. Perdeu os pais com dez anos de idade e mora sozinha desde então._Aquilo parecia a minha fixa e eu fiquei bem irritada com isso, mas ainda não demonstrei, apenas o olhava com confusão. -Isso daria uma boa história, não acha? 
-O que ? _Sibilei.

Agora sim, tendo a noção perfeita do que estava acontecendo ali. Michael Jackson havia me investigado, sei lá Deus porquê.

-Com que direito você fuçou a minha vida? 
-Com o mesmo direito que você teve para invadir o meu lançamento e falar algo pessoal meu, para o mundo inteiro ouvir. _Abaixei a guarda, ele estava certo. -Mas como disse anteriormente... tem uma forma de se livrar do processo. _Pausou por alguns segundos e logo voltou a falar. -Você deixa eu escrever um livro sobre sua vidinha sem graça ao qual busca um amor perfeito e acaba se apaixonando pelo seu escritor favorito. No caso...eu. _Tocou no peito referindo-se a ele. -E eu não a processarei.

Minha vontade era de estapeá-lo e mandar ir  à merda, com aquele pretensão toda. Michael Jackson é um filho da mãe desgraçado!

-Nem fodendo! Ficou maluco? Eu não permitiria isso nunca. Quem você acha que é, Michael Jackson? O grande Michael Jackson, escritor de merda que é um solitário fodido que se acha o bonzão, mas você tem que saber que existe pessoas no mundo, que não estão a fim de lamber o seu cu!
-Olha o palavreado, garota! Que coisa mais feia! Não seria bom para uma moça comportada usar esses dialetos. _Era incrível como os desaforos não o abalavam. 
-Vai à merda, Michael Jackson! _Rangi os dentes. 
-Bom, a escolha é toda sua, não obrigarei a nada. Ou você me autoriza a escrever um livro ao seu respeito, ou eu a processo por difamação. Você é quem escolhe. _Deu de ombros.

Não tenho tanto dinheiro assim para pagar um processo, que com certeza seria bem caro, por conta do que fiz. Eu mal tinha um carro para dirigir e muito menos um salário digno. Maldita hora que eu deixei a raiva me dominar e apareci naquele lançamento. Agora eu estava aqui, nas mãos dele. 

-Vamos dizer que eu aceite, essa proposta sem sentido. _Cruzei meus braços à altura do peito. -Seria mais uma mentira da sua parte. Não acha que já coleciona mentiras demais, não? _Michael colocou o seu dedo indicador no queixo, como se pensasse. Mais uma postura a realçar o seu charme. 
-E quem disse que essa em especial é, necessariamente, mentira? _Descruzei os braços e juntei as mãos, realinhando a minha mente diante daquela pergunta. 
-O senhor disse que me usaria como sua personagem. Uma personagem que se entendi bem, é apaixonada pelo seu escritor. _Ele deu uma risadinha. 
-Não vejo nenhuma mentira, minha cara. Ou vem dizer a mim, que sua irritabilidade gratuita, não foi pelo fato de você ter idealizado um homem perfeito pra você, ao qual me incluía. E  eu acabei... não correspondendo as suas expectativas? _Eu sei que eu havia dito isso um milhão de vezes, mas não seria nada mal reforçar. Michael Jackson é definitivamente um filho da mãe. 
-Você se acha esperto e que toda as mulheres caem aos seus pés. Mas eu não Jackson, não se iluda. _Michael gargalhou irritantemente. 

Ele caminhou até mim, em passos lentos, completamente perspicaz e articuloso. Pude sentir o seu aroma fresco, quando aproximou bem perto do meu corpo. Tão envolvente como uma serpente, e eu estava hipnotizada. Entregue ao seu poder de persuasão, sem tirar os meus olhos dos dele, completamente sem fôlego com a sua a proximidade. Meu coração mal se controlava no peito, eu estava complemente de pernas bambas. 
Minha cintura foi puxada com um mão e a outra instalou-se em minha nuca. Nossos lábios se conectaram, e eu pude sentir a língua de Jackson serpentear dentro da minha boca, tão suave como o veludo. Céus! Eu estava completamente entregue. 

Seus lábios pressionavam aos meus com pressão total, pude sentir  força do seu corpo prender ao meu. Minhas mãos seguraram suas costas nuas e másculas, e lá estava os meus lábios junto com a minha língua explorando cada molécula da sua boca, tão arrebatador quanto um turbilhão de sentimentos. Eu estava perdida! 
Meus olhos foram se abrindo, encarando os seus após aquele beijo que causou toda uma falta de instabilidade do meu corpo. Michael estava sorrindo, enquanto eu colocava as ideias no lugar.

-Viu só? _Ouvi seu sussurro me despertando aos poucos. -Está louquinha por mim. _Foi como me jogar de uma ponte em um sonho profundo. Eu já estava de pé, e em alerta suando frio, e de volta à realidade. 
-Seu filho da mãe! _Levantei minha mão transferindo um tapa em sua face. 
Ajeitei minha bolsa no ombro, preparando-me para ir embora. Sai pisando duro, ouvindo o riso de Jackson atrás de mim.
-Ligarei para saber sua resposta! _Gritou antes que eu batesse a porta com as lágrimas banhando os meus olhos. Nunca havia me sentido tão humilhada como estava naquele momento.

Capítulo 8 - Vivian


Meus passos firmes deixavam perceptível minha raiva para qualquer um que me visse sair daquele prédio. Agora eu chorava por duas razões: Primeira, porque percebi que Michael Jackson era pior do que eu pensei. Segunda, porque deixei que aquele cretino me beijasse, e, sobretudo porque me deixei levar por aqueles lábios terrivelmente macios. Como fui deixar isso acontecer? Como foi que eu não percebi que aquilo foi só para ele se gabar mais ainda? Definitivamente, ele era a pior pessoa que eu já conhecera em toda a minha vida. Quem já viu usar uma mentira para criar outra mentira? Dizer que sou louca por ele, até parece. — balancei a cabeça ainda desacreditada daquilo — E tudo isso para quê? Para ganhar mais dinheiro e em especial me humilhar e me rebaixar perante ele. E o pior, era que se ele realmente estava disposto a escrever um livro de mentira que se consistia na minha vida seria um grande sucesso, aquele farsante escrevia absurdamente maravilhoso e isso eu não posso negar. Mas também havia outra hipótese dessa absurdidade, a que talvez ele só estivesse fazendo isso porque almejava vingança pelo o que eu fiz. Mas de qualquer forma, nunca me senti tão humilhada em toda minha vida como estava me sentindo agora, e o que aconteceu no apartamento do Jackson seria uma coisa que eu nunca esqueceria. Eu odiava-o.  

— Babaca. — Rosnei pela milésima vez esmurrando o travesseiro, e felizmente pegando no sono que parecia impossível nessa noite em meio a tantos injurias contra Jackson. 

(...)

Michael estava sentado na sua cadeira atrás da mesa do seu escritório enquanto eu estava sentada na poltrona à sua frente. Seus cotovelos se encontravam apoiados sobre a mesa e seu queixo sobre os dedos. Ele estava chateado, muito chateado.

— Então, é isso o que pensa de mim? — Seus negros desconcertantes estavam vidrados nos meus azuis claros.

— Eu não penso, Sr. Jackson. Eu tenho certeza. — Fui incisiva. 

— E o que pensa que sabe sobre mim?

— Sei que sua percepção destorcida pelo o amor é ridícula. — Ele sorriu pervertido e se levantou, indo para trás da poltrona onde eu estava sentada. Inclinou-se um pouco, e senti sua mão tocar no meu cabelo, afastando-o do meu ombro. Nesse momento minha pele se eriçou por senti a quentura da sua respiração tocar no meu pescoço exposto para ele.

— Adoro quando você fala de sexo. Aposto que não tem um homem há muito tempo. — Murmurou, e por um motivo são, senti minha calcinha se umedecer, e minha garganta se fechar e secar instantaneamente. As minhas pernas queriam se esfregar com o efeito que sua voz sexy me causou, mas antes que isso acontecesse me remexi na poltrona para tentar controlar minha excitação. Droga, eu estava excitada.

— Mantenhamos foco, Sr. Jackson. — Eu disse com a voz embargada. Ele sorriu pelo o nariz e se colocou na minha frente, encostando-se na beirada da mesa.

— Essa é a verdade nua e crua, princesa. — Por que ele não tirava esse maldito sorriso dos lábios hein?

— Já chega! — Me levantei rápido. — Eu vou embora, — Assim que rodei os calcanhares, senti a mão grande de Michael segurar firme no meu braço e me puxar de encontro ao seu corpo. Arfei com o ímpeto da batida de nossos corpos.

— Não vai a lugar algum, Srta. — Fui colocada brutalmente em cima da mesa, ele se encaixou entre as minhas pernas e me lançou um olhar ardente. — Sabe o que eu faço com garotas mal criadas? —neguei com a cabeça. Michael gargalhou de uma forma sombria, e novamente seu sorriso cafajeste nasceu no canto dos lábios. — Eu costumo fodê-las. — Sussurrou com determinação e logo em seguida minha boca foi tomada em um beijo voraz que não deixava espaço para a minha respiração. Eu tentei lutar para me desvencilhar, mas ele era mais forte do que eu. Era impossível controlar, não havia como resistir àquele homem à minha frente tão lindo, tão cheiroso, tão sexy, e terrivelmente comestível. Sua boca era tão urgente quanto a minha, sua língua explorava cada canto da minha boca e eu podia sentir de longe o gosto do prazer, e estava bom, muito bom por sinal. Sua mão instalou-se na minha nuca e a outra migrou para a barra do meu vestido, o mesmo que foi levantado por ele para poder tocar e apertar uma de minhas coxas.

— Trate isso como um castigo por ter sido tão rebelde, Srta. — Michael sussurrou após largar meus lábios.

— Cala a boca, cafajeste, e me fode logo. — E em um piscar de olhos sua calça já tinha sido baixa e a ponta do seu pênis me alargava gradualmente, fazendo-me senti uma sensação de quentura 
infernal e totalmente estranha.”

Acordei suada, com o meu corpo tremendo e totalmente sem fôlego. Sentei-me na cama e toquei na minha testa tirando o suor. Eu... Eu estava sonhado que estava em cima de uma mesa e... E tinha alguém me beijando, me tocando e me dando muito prazer. Esbugalhei meus olhos quando a imagem do ser que estava me satisfazendo no meu sonho... Quer dizer, no meu pesadelo apareceu. Droga, era o Michael Jackson e ele estava... franzi um pouco o cenho ao me lembrar do termo que ele usou. Me fodendo. Ainda podia senti uma certa unidade instalada entre as minhas pernas.  Merda! Como aquele homem poderia me deixar excitada em um sonho ridículo como esse? Senti meu rosto coberto pela cor púrpura só de me lembrar das cenas do sonho, era como seu eu sentisse as sensações do momento. Deus, se essa história maluca de livro dele fosse verdade mesmo, como iria consegui olhá-lo sem se lembrar do meu sonho ridículo?

Peguei meu celular de cima do criado mudo, e quando o liguei e vi à hora, sobressaltei de vez da cama esquecendo tudo o que sonhara e corri para tomar um banho, depois me arrumar e ir para a empresa.

(...)

Graças a Deus, o expediente fora tranqüilo, pois se ao contrario não sei se teria cabeça para ficar bajulando as pessoas do outro lado da linha para convencê-las a comprar. Definitivamente hoje também não era o meu dia. Por uma parte eu ainda pulava de alegria por dentro, porque o Jackson não tinha ligado para saber da resposta assim como disse. É, talvez ele estivesse só blefando para me pôr medo. É só talvez mesmo, porque assim que eu pus o pé fora da empresa meu celular tocou, e quando eu capturei-o de dentro da minha bolsa um número estranho estampava a sua tela. Revirei meus olhos já presumindo quem era.

— Você é imprevisível, Jackson. — Disse eu. 

— Não, princesa, eu sou rápido. — Me corrigiu com aquela presunção que me dava nojo.

— Olha aqui, Jackson. Eu já estou no meu limite! Esqueça essa ideia maluca e finja que nunca nos conhecemos. — Rosnei.

— E perder toda a diversão do livro? Não, eu sou de estragar momentos como esses. E além do mais você me deve essa por aquele vexame, concorda? — Isso não foi uma pergunta especificamente para eu responder, isso foi uma ameaça, um lembrete para eu não esquecer do processo.

— Eu não... — Tentei responder, mas ele me interferiu.

— Então sendo assim, Srta. Murray, quero você no meu apartamento daqui a meia hora. — Disse e desligou o telefone sem me dá pelo menos a chance de dizer que não tinha tempo de chegar lá dentro desses minutos.

Eu ainda estava parada na frente da empresa, pensando em como estar no apartamento daquele infame.

— Vivian? — A voz masculina e familiar chegou aos meus ouvidos. Olhei para o lado e lá estava o Richard com a sua BMW vermelha parada. — Quer uma carona? — Perguntou com a voz um pouco elevada para se fazer audível em meios aos barulhos dos carros que passavam nas duas contra mão.

Bem, apesar do Richard sempre ter arrastado asas para cima de mim, eu nunca dei corda pra ele, tampouco aceitado sequer uma das centenas caronas que ele me oferecia quando me encontrava por aí. Mas pensando bem, essa agora vinha a calhar.

Me aproximei do carro e me curvei um pouco.

— Bem, Richard, é que na verdade eu não estou indo para o meu apartamento, mas se você puder me levar em outro lugar, ficarei grata. — Sorri minimamente para ele.

— Claro, entra aí. — Fez um gesto com a cabeça e eu rodeei o carro, entrando e sentando ao seu 
lado. — Então, onde quer que eu a deixe? — Perguntou olhando para mim.

— Sabe onde fica a Via Madison Street? — Richard assentiu — Pode me deixar lá. — Richard arrancou o carro e em pouco tempo já estávamos na outra contramão, sentido norte-sul.

— E aí, Vivian... O que você vai aprontar uma hora dessas bem na avenida mais movimentada de Seattle? — Indagou sem tirar os olhos da pista.

— Ah eu... É... Vou se encontrar com uns amigos. — Vai nada.

— Entendi. — Ficou calado por breves segundos. — Você poderia marcar pra gente sair, sabe? Tomar um shop... É... Ir ao cinema... — Deu uma breve olhada para mim, e logo voltou a prestar a atenção na pista.

— Quem sabe um dia. — Disse um pouco sem jeito.

— Vivian, eu já ouvi isso um milhão de vezes. — Salientou, e eu fiquei calada, porque isso era verdade.

O Richard era um cara legal, honesto e integro. Bem, apesar de ter um estilo bem diferente e optar em usar roupas bem maiores que o seu corpo, ele ainda era bonito, seus cabelos claros realçava o tom da sua pele e dava um destaque nos seus olhos azuis. Mas como eu já ressaltei antes, ele não fazia o meu tipo.

— Chegamos Vivian.  Que eu a deixe em um lugar especifico?

— Ah... Eh... Em frente aquele edifício, por favor. — Pigarreei e mostrei o prédio, Richard parou o 
carro em frente do mesmo e eu abri a porta para descer, mas antes o agradeci.

— Richard, obrigada pela carona. — Sorri e saí do carro.

— Disponha, Vivian. — Olhei para trás e Richard estava esticado, quase saindo pela janela do carro. Fiz o sinal de tchau e esperei ele ir embora antes de adentrar no edifício e enfrentar àquela coisa que chamam de poeta do amor.

Assim que cheguei ao andar dele, antes que eu pudesse tocar a campainha, a porta foi aberta e meus olhos novamente se depararam com uma visão semelhante a da noite anterior. A diferença era que dessa vez ele usava uma calça moletom acinzentada caída nos quadris e seus cabelos estavam úmidos, dando a constatação de que havia tomado banho há poucos minutos. E merda, eu sabia que isso iria acontecer. Vieram algumas imagens do meu sonho erótico com esse sem vergonha. Sacudi minha cabeça para espantá-las e adentrei no apartamento sem pedir permissão.

— Boa noite pra você também, Srta. — Ironizou com aquele sorriso enviesado que apenas me deixou mais irritada.

— Nada boa. — respondi fria — Agora vamos logo, comece logo com isso que eu não suporto ficar por muito tempo no mesmo cômodo que você.

— Ai... Ai... — ele balançou a cabeça e se conduziu até uma mesinha e se serviu de whisky. Enquanto ele fazia, observei mais uma vez suas costas nuas e largas... Era tão difícil assim dele pôr uma camiseta? — Você realmente subestima o número de mulheres que morreriam para passar uma hora no mesmo cômodo que eu. Você reclama demais. Venha. — Começou a se dirigi para uma sala e eu o segui. Ele abriu a porta da mesma para que eu pudesse entrar e depois fez o mesmo. 







Capítulo 9 - Michael




Aquela morena estava complemente perdida e bufando de ódio dentro do meu escritório. Não posso disse que eu não estava me divertindo com tudo aquilo, porque eu estava e muito. Não que eu goste de torturar mulheres indefesas com o meu jeito intimidador de ser, mas ela tinha que aprender a lição, não poderia correr o risco que ela me entregasse aos meus leitores. Minha carreira não seria a mesma, e aquela coisinha não estragaria. 

Ela sentou-se na cadeira enquanto eu rodeei a mesa, fazendo o mesmo no meu lugar. Não posso negar o quanto aquela princesa era linda, mesmo com aquelas roupas de princesinha sonhadora. Ainda assim, tinha um charme irresistível, além de beijar muito bem. Aqueles lábios rubros e pele macia branquinha despertava-me um desejo de lhe beijar mais umas tantas e tantas vezes. Balancei a minha cabeça com um sorriso contido, aqueles olhos azuis e intensos totalmente assustados também eram adoráveis. 

- Fale logo o que eu vim fazer aqui -- mais uma vez --. _ Dei uma risadinha. Sim, ela era adorável. 

Peguei o contrato que havia preparado mais cedo para que ela assinasse, assim não teria como, em uma eventualidade, contestar o nosso acordo. Capturei uma caneta em mãos, colocando tudo certinho à sua frente.

-Primeiro quero que leia esse contrato e assine. _Ela percorreu seus belos olhos azuis pelas linhas daquelas folhas. Não parecia tão brava como antes, mas eu sabia que era só questão de tempo. 
-E quando eu assinar, o que vai acontecer? 
-Que bom você perguntar! _Meu tom soou com uma pitada de ironia, e ela revirou os olhos. Tão delicadinha! -Preciso que me fale algumas coisas pessoais. Como uma entrevista. Só para que eu colha material suficiente para deixar um pouco mais realista. 
-Achei que tivesse me investigado o suficiente para usar no seu plano maligno. Pra que precisa de mim? É só..._Gesticulou as mãos. - Escrever. _Levantou a sobrancelha em uma provocação nítida. Desfiz o sorriso e a encarei com irritação. 
-Eu sou um escritor, coisinha. Eu preciso de inspiração. Ou acha que é só escrever sobre você e tudo flui? Nada disso. Você não é a minha musa inspiradora. _Ela ri nervosa, me achando um prepotente eu presumo. -Preciso de olhar as suas expressões quando fala de um determinado assunto, quero sentir a emoção, sabe? _Disse como um verdadeiro poeta que eu sou. -Primeira pergunta? 

Ela sorriu um tanto forçado, maneando a cabeça a contra gosto e depois desfez o sorriso sustentando uma expressão fechada e cheia de raiva. Eu adoraria irrita-la tantas outras vezes, só para contemplar aquelas bochechas ficando rosadas, todas as vezes que estava nesse estado. 

-Por que usa... _Apontei a caneta para seu visual. - ... essas... essas roupas? _Vivian olhou para a suas vestes, como se tivesse alguma coisa errada. 
-O que tem as minhas roupas? _Semicerrei os olhos analisando seu visual, tentando listar tudo o que eu conseguia ver em pensamento. 
-Não, nada demais. É só que é cetim demais, e tem essa fita no cabelo, junto com esse esmalte colorido e...
-Olha aqui, Sr. Jackson! _Gritou me tirando na minha analise profunda. -Se o senhor não gosta da minha aparência, isso já é problema todo seu. Foi o senhor que me meteu nisso, contra a minha vontade. Agora aguente. _Dei uma risadinha tendo total certeza de que a aparência dela, com toda certeza, não me incomodava. 
-Eu só preciso entender o porquê. Não precisa ficar tão brava. _Apesar de que adorava aquilo. 

Vivian respirou fundo e com muita mal vontade resolveu colaborar. 

-Vestidos me deixam confortável, as sapatilhas nem se fale. Não consigo andar com saltos altos, além de não combinar com o meu estilo. Os laços no cabelo é só um detalhe como uma presilha ou tiaras. _Tentei imagina-la com saltos altos e um vestido provocante, ela ficaria uma gata eu confesso, mas preciso concordar que não fazia o seu estilo realmente. 

Vivian tem uma áurea romântica e fofinha demais, com certeza se usasse saltos altos, não duraria nem por um segundo em cima deles. Soltei um riso alto e ela percebeu.

-O que foi? _Franziu o cenho.
-Na..nada não. _Me recompus. -Apenas imaginando, Srta Murray, apenas imaginando. _Ela deu de ombros. 

Pera aí! E se eu fizesse Vivian totalmente diferente do que ela é? Uma mulher provocadora que faz todos os homens cair aos seus pés, mas ao mesmo tempo culta que adora ler livros românticos e ter uma queda pelo seu escritor favorito? 

-Hum! _Murmurei, sentindo a intensidade daquela visão em minha cabeça. 
-Sr. Jackson! Será que dá para o senhor voltar à terra, e parar de viajar? Preciso ir embora logo. _Balancei a cabeça a fulminando com os olhos. Mulherzinha mais apressada! 
-Desculpa se eu sou um grande escritor e tenho imaginações bastante contundente e viajo nas minhas ideias o tempo todo. _Dei de ombros. 

Não! Pensando bem não daria certo, esse estilo da Vivian. Eu teria que ser o mais fiel possível com a realidade, até mesmo porquê, as românticas como ela, irão se identificar com esse jeito cafona de ser. Ri de novo notando a sua expressão irrita-se novamente. 

-Desculpa, desculpa! _Levantei as mãos em rendição. Houve uma pausa até que eu conseguisse me recuperar, mas logo continuei o assunto -Preciso saber também: o que você preza em um romance? Uma ideia fixa que você acha imprescindível entre uma relação entre homem e mulher. 
-Uau! Você querendo saber a minha opinião sobre esse assunto? _Foi extremamente irônica. 
-É apenas uma pergunta para construir o personagem. Não me interessa sua opinião. _Falei tranquilamente e ela fechou a cara, provavelmente querendo me estrangular. 
-Está certo, senhor grande escritor! _Desdenhou. -O homem tem que ser sensível, goste de tudo que gosto. Saiba entender que a vida consiste de escolhas e ações. Quando um casal se ama, eles devem entender que ceder também faz parte do relacionamento. Não dá pra ser egoísta. _Ajeitei o meu cotovelo na mesa, só para prestar atenção no que ela estava falando. - O que estou querendo dizer é que... quando um casal se ama ele faz o outro feliz, se sente feliz e isso os torna fortes, independente das dificuldades, porque eles têm amor. 
-Não é tão simples assim. _Balancei a cabeça achando aquela analise uma bobagem, mas sem ser tão rude com ela. -Eu acredito que o ódio seja bem mais forte do que o amor. _Constatei, contemplando sua face se alterar por conta do que eu disse. 
-O ódio? É nisso que acredita?
-Pense bem. Quando você sente ódio é mais fácil, é tranquilo. Você não se importa com mais ninguém a não ser você mesmo. Você dorme e acorda confortável dentro de si, porque não há nada que impeça sua paz, não há mais ninguém. O ódio é simples, basta um instante e tudo muda, você supera. Já o amor..._ Soltei um risinho. -O amor te corrói por dentro como um veneno, devasta tudo pelo caminho, se torna destrutivo. 
-Não quando os dois se amam. _Rebateu. 
-Não existe isso, Vivian. _Retruquei. -Está comprovado que em um relacionamento, somente um dos parceiros amam mais. Ele se doa, se dedica, --assim como você disse. Já o outro, ele não se importa com a sua dedicação, porque pra ele não é a realidade, não faz diferença para ele se você cozinha melhor, se você prepara o que ele gosta, porque isso é o básico. O que estou querendo dizer é que, o que pode ser importante para você, pra outra pessoa nem passa perto. É muito difícil agradar os outros. Você passa a vida tentando, para no fim você acabar sozinho e cheio de raiva por dentro. 
-Ódio também corrói por dentro. _Tentou defender sua tese, querendo me alertar em algo que no momento eram apenas bobagens como sempre.
-Não quando ele não tem amor. O que você acha que é ódio, é apenas o amor camuflando os sentimentos. 
-Então é mais fácil não sentir nada, nem ódio e nem amor. _A encarei por um instante. 
-Por que tem tanto medo do ódio? 
-Não é óbvio? Ele destrói as pessoas ao redor.
-Mas não nós mesmos. É aí que está. 
-Isso é egoísta. 
-O amor também é! 

Parecíamos duas crianças discutindo sobre qual brinquedo é o melhor a se brincar, e percebi que até isso foi diferente na minha vida até agora. Ninguém costumava discutir comigo, já Vivian, era mestre nisso. 

-Foi decepcionado, Jackson? É por isso que tem tanto rancor? _Desviei o olhar. Vivian havia tocado em um assunto ruim que não gosto de me lembrar. 
-Quando você tem sentimentos as pessoas tendem a lhe decepcionar, é a lei da vida. Porque o amor te torna fraco e ser fraco as pessoas acham que tem algum poder sobre você, que podem pisar e te humilhar e eles acabam saindo ilesos. Porque diferente de você, eles não tem o mesmo sentimento. _Ela assentiu entortando a boca, como se conseguisse entender. 
-Nunca parou para pensar que algumas pessoas são diferentes das que você já conheceu até aqui? 
-Tipo quem? Você? _Eu estava com a frase carregada de deboche, mas ela não se abalou com isso, maneando a cabeça em concordância. 

Analisando bem a situação Vivian era uma das poucas diferentes das quais eu já havia conhecido sim. Parecia até mesmo um personagem dos meus livros que havia saído das páginas e estava contestando com o seu criador, o certo e o errado. 

-No final das contas, tudo que procuramos é ser felizes, e o amor é que nos dá essa felicidade que procuramos. _Neguei com a cabeça.
-Errou de novo. Não podemos encontrar a felicidade nas pessoas, é o pior erro que se deve cometer.
-Nisso eu concordo. _Assenti, me sentindo aliviado por finalmente concordar comigo em algo. 

Tinha um clima diferente agora que emanava no ambiente. Vivian olhava-me como se me analisasse. Me senti nu, como se haviam aberto a minha capa e lido as páginas da minha vida. Foi a sensação mais estranha que senti em toda a minha vida. 

-Bom, então...onde eu assino. _Lhe entreguei o contrato e a caneta apontando nos espaços em branco. Vivian rubricou o seu nome, e eu já estava autorizado, a usa-la como um dos meus personagens. E posso dizer com toda segurança, que já estava cheio de inspirações. -Eu já vou indo, preciso ir pra casa. _ Concordei com a cabeça. 

Vivian levantou-se ajeitando a bolsa em seu ombro. 

-Ah! _A chamei de volta antes que cruzasse a porta. -Da próxima vez... tire esse laço enorme da cabeça. Que coisa mais medonha! _Vivian semicerrou o olhar, mostrando o dedo do meio para mim. -Nossa! Que garota mais mal educada! _Ela se retirou sem me dar bola e eu comecei a rir, por saber que aquela doidinha, apaixonada e cafona, era espetacularmente adorável. 

Vivian não era somente uma romântica patética, ela tinha algo especial. É durona, e corajosa, uma heroína perfeita no mundo da literatura. Comecei a imaginar.

Capítulo 10 - Vivian



Eu não parava de pensar na conversa que eu e o Jackson tivemos. Incrível como nós tínhamos opiniões controversas em relação a um assunto tão abordado hoje em dia. Claro que o amor é mais forte que o ódio, no final ele sempre vence e acaba se sobrepondo a esse sentimento negativo. Mas não, Jackson fazia questão de contrariar, o que me deixou muito curiosa. Seus livros falam exatamente sobre o amor, sobre o poder que ele exerce em cima das pessoas. E eu fico me perguntando como é que uma pessoa com argumentos tão negativos pode escrever livros de formas tão maravilhosas abordando um assunto que na verdade abomina? Porque era isso que o Jackson fazia, ele abominava o amor. Até parece que já sofreu por alguma mulher, foi o que me pareceu.

Eu e a Patti tínhamos acabado de almoçar em um restaurante bem ao lado da Field quando eu contei para ela o que estava acontecendo. Ela ficou de boca aberta quando contei tudo sobre a discussão entre eu e o Jackson na noite anterior, sobre o contrato — claro que ela achou muito louca essa história — e sobre o beijo que aquele filho da mãe me dera.

— Eu ainda não acredito nisso. — Patti repetia isso a todo instante.

— Eu que ainda não acredito que eu lia os livros dele e...

—Não Vivian, eu falo de tudo.  — Me interferiu. — Dessa história maluca dele querer escrever um livro baseado na sua vida, isso é ridículo. E o mais incrível disso tudo foi você ter aceitado e assinado um 
contrato que a torna de certa forma uma submissa dele. — Rolei os olhos com o exagero dela.

— Também não exagera, Patti. — Coloquei meus braços na mesa e a fitei. — Sabe? Eu acho que ele já sofreu por amor. — Revelei em um murmúrio de voz.

— Michael Jackson sofreu de amor? — Patti sorriu.

— Sim. — Assenti. — Enquanto conversávamos — Patti arqueou as sobrancelhas insinuativa. — Ta bom... Enquanto discutíamos, ele falava de um jeito que era evidente para qualquer um que suas palavras eram de uma pessoa decepcionada. Michael Jackson escreve livros românticos porque uma vadia fodeu com os meus sentimentos. — Revelei e Patti esbugalhou os olhos.

— Será?

— Tenho certeza disso. — Confirmei balançando a cabeça. — Num lampejo do seu olhar eu vi isso quando indaguei. 

— Isso é maravilhoso. — Patti sorriu de uma forma maléfica. 

— Do que você está falando? — Franzi o cenho.

— Vejamos. — Também apoiou os braços sobre a mesa. — Ele tem algo que pode usar contra você caso não se submeta ao plano idiota dele. — assenti com um gesto de cabeça. — Agora você tem algo que pode usar contra ele.  — Disse com aquele tom nocivo. E pensando bem isso poderia sim servir a meu favor. Percebi que para ele falar sobre tal assunto era bem desagradável e irritante.

— Você ta dizendo para eu usar isso contra ele?

— Estou. — Afirmou.

— Mas eu já assinei um contrato.

— Faça-o desistir. Faça-o perceber que foi uma má ideia escrever sobre você.

— Mas como?

— Aí já é com você. É você quem vive com ele agora. Seja esperta, Vivian.

— Eu não sei... Eu não sei. — Parei com um pensar. Se realmente o Jackson se comportava dessa forma porque uma mulher o desgraçou, usar isso contra ele seria uma forma malévola, e eu não era assim.

— Você é quem sabe. — Patti deu de ombros e encostou suas costas na cadeira. Ficamos conversando sobre mais algumas coisas e depois eu tive que voltar para o trabalho.

(...)

Quando larguei, me apressei para pegar um táxi e ir para meu apartamento. Estava cansada e tudo o que eu queria era chegar em casa, tomar um banho fresquinho, um café e dormir, dormir muito.  Aproveitar que o Jackson não havia me ligado com suas exigências em saber mais coisas sobre minha pessoa.

Antes de me livrar das minhas vestes para tomar um banho, olhei-me no espelho e fiquei me encarando. O que tinha de errado com as minhas roupas? Inclinei minha cabeça para frente e toquei no laço que prendia o meu cabelo. Nem é tão grande assim. Constatei, pensando no que o Jackson falara, desfazendo-o e deixando meus cabelos caírem sobre meus ombros.

Já quando estava no banho, ouvi a campainha tocar insistentemente que fui obrigada a me enrolar em um roupão toda molhada e andar em passos ríspidos em direção a porta, abrindo a mesma.

— Vo... Você? — Pigarreei descrente de quem estava vendo na minha frente.

— Isso mesmo. Sou eu. — Sorriu descaradamente me encarando dos pés a cabeça. Olhou para o seu segurança brutamonte, fez um gesto de cabeça e o grandão saiu. — Não vai me convidar para entrar?

— Não... Eu não vou! — Sorri sem humor. — Você não tem o direito de vir até aqui. — Disse e tentei fechar a porta, mas ele me impediu colocando o pé.

— Au... — Gemeu. — Isso não foi legal. — Fez careta e forçou a porta, entrando no meu apartamento. Mas que ousado.

— O que você pensa que está fazendo? — Indaguei irritada, fechando a porta.

— Eu que pergunto. O que você pensa que está fazendo? — Virou-se pra mim, com uma seriedade no seu semblante agora. — Era para estar na no meu escritório hoje às 20:00. Já são mais de 21:00.

— O quê? — Sorri sem humor, ajeitando o nó do meu roupão nervosa. — Pensei que já tinha o suficiente para escrever seu livro.

— Pensou errado, princesa. Àquilo não é o bastante.

— Como assim não é o bastante? Você é um escritor.  — Argumentei.

— Isso mesmo, um escritor, mas sou um adivinha. Preciso de mais. — Disse e se jogou no meu sofá, colocando os pés sobre o centro. Que cara mais folgado. Levantou sua cabeça para me olhar de cenho franzido — Sempre recebe suas visitas assim? — Apontou com o indicador para o roupão, com um sorriso lascivo, e descaradamente molhou os lábios com a língua. Isso me deixou corada, muito corada, mas ao mesmo tempo com raiva por causa de toda aquela sensualidade que queria fazer efeito em mim. Merda! Chacoalhei minha cabeça para voltar a minha atenção.

— Anda logo, Jackson. Diga o que você quer? — Perguntei sem paciência, com as mãos na cintura.

— Primeiro quero que você vista-se.

— E...? — Arqueei as sobrancelhas.

— Vamos sair.  — Disse com tranqüilidade.

— Vamos sair?

— É... Vamos dar uma volta. Ou acha que ficarei aqui no seu apartamentinho?

— Olha aqui Jackson, eu não sou sua submissa. — Rosnei, mas ele não estava nem aí com a àquela cara de deboche me fitando.

— Claro que não, Srta. Murray. — Balançou a cabeça entortando os lábios. — Mas temos um contrato, lembra? E assinado. — Ressaltou. Merda, o contrato.

— Bela forma de ameaçar uma pessoa, Sr. Jackson. — Resmunguei indo em direção para o meu quarto. Pude ouvi seu risinho irritante de vitorioso enquanto eu o fazia.

— Ah... E pelo o amor de Deus, não coloque uma daquelas fitas medonhas na cabeça. — Ouvi ele gritar com ironia antes que eu batesse a porta do quarto. Ignorei-o e entrei no banheiro para tirar todo o resquício de sabonete que ainda estava no meu corpo. Vesti um dos meus vestidos rodados azul claro, calcei minhas sapatilhas, passei um gloss nude, e é lógico, só para provocá-lo fiz questão de amarrar meu cabelo no alto com um laço maior que o do dia anterior.

Assim que atravessei o anexo da sala, Michael estava de pé e de costas pra mim, segurando um dos meus porta-retratos com uma mão e a outra no bolso.  Pigarreei para chamar a sua atenção, e ele virou-se para mim.

— Você até que era bonitinha quando criança. — Disse sarcástico. O que ele quis dizer com isso? — Oh não Droga! Eu disse pra você não pôr essa coisa enorme na cabeça.

— Acontece que a cabeça é minha e eu coloco o que eu quiser. — Agora foi minha vez.

— Você não vai sair comigo com essa coisa na cabeça. — Agora ele falou sério, apontando para o meu cabelo.

— Ah... Ótimo. Seria um favor. — Dei de ombros. Michael passou a andar de um lado para o outro dentro do meu apartamento, com o dedo erguido e balançando. O lance do laço era sério mesmo, mais do que eu pensei, e eu tava adorando vê-lo assim.

— Só dessa vez. — Apontou o dedo indicador para mim rosnando. Miserável, filho da mãe, até com raiva conseguia ser bonito. Mas espera! Só dessa vez? Como assim? Então teria outras vezes? Foi isso mesmo que eu ouvi? Ele só poderia está de brincadeira. Peguei minha bolsa de cima da mesinha ao meu lado e direcionei-me à porta, ela atravessou e saímos do meu apartamento.











Capítulo 11



O desconforto ao qual eu me sentava no banco da frente da sua BMW era inquietante, não por causa da qualidade do carro, muito pelo contrário. Mas pela figura incômoda ao meu lado, tirando sarro do meu laço. Parecia até uma criança birrenta. 

-O que há de errado com o meu laço, me diz? _Cruzei meus braços em cima do peito. Ele olhou com uma cara engraçadíssima para o meu enfeite.
-Não, não há nada de errado. Apenas que é um troço enorme e medonho colorido, que a quinhentos quilômetros de distância, ainda é possível assustar você. _Olha se não é um idiota exagerado. -Além do mais, você é uma mulher de vinte e seis anos, que se veste como uma criancinha. Não é nada bom pra você. 
-E você se veste como um...um.. _Tentei ofendê-lo, buscar algo que lhe atingisse, assim como fez comigo, mas não encontrei nada. 

Michael estava perfeito com aquela calça jeans preta, uma camisa branca com alguns botões abertos, que era possível notar alguns pelinhos do seu peito para fora. Um casaco Armani preto com alguns brilhos e o cabelo impecável solto. 

-...Ora Jackson, você é um idiota que se acha! 

Ele ouvia minhas ofensas com um sorriso tão cínico que dava vontade de me bater, por parecer tão fraca diante dele. Eu não tinha a mínima reação, era como se ele sempre vencesse.

-Onde você está me levando? _Perguntei percebendo que estávamos bem distante da cidade. Havíamos andado há quase meia hora de carro e eu já não estava conhecendo a cidade. 
-Vamos nos divertir um pouco. _ A expressão que Michael fez me deixou apreensiva, ele tinha um sorriso de quem vai aprontar.

Olhei a minha frente, quando Michael estacionou o carro a frente de um bar bastante movimentado onde tocava uma música eletrônica. 

-Ah não, Michael. Mas o que é isso? 

Michael havia me levado à perdição. Eu conhecia bem o meu estado bebendo um pouco, quanto mais em um bar com aquele louco com todas as bebidas do mundo à minha disposição. Não! Definitivamente eu não poderia continuar ali.

-Calma, Vivian! É só alguns copos de tequila e uma conversa com um amigo. _Ele deu uma risada e isso me apavorou. 

Amigo? Nem de longe Mister Michael Jackson era meu amigo, no mínimo estava prestes a ferrar a minha vida completamente. 

Caminhei em passos duros até a entrada da boate, Michael aprecia sociável com as pessoas, cumprimentava um, depois os outros. Percebi que já conhecia aquele lugar e frequentava com frequência. Ótimo! Eu estava nas mãos de um botequeiro.

-Não vejo motivo nenhum, para conversarmos como amigo em um bar, Michael. Afinal, o nosso assunto é restritamente contratual, já que você me fez assinar aquele maldito papel. _Falei quase gritando por conta do som alto, e também porque Michael andava na minha frente procurando em lugar para se sentar. Me senti uma pervertida quando meus olhos focaram em sua bunda ao caminhar. Bundinha redondinha que se movia deliciosamente quando andava. Desviei meus olhos depressa, não me reconhecendo.
-Óbvio que há um motivo! Preciso saber como você age em um momento comum de distração, para poder captar sua áurea interior. _Virou para mim gesticulando com as mãos. Balancei a cabeça incrédula, achando que Michael só podia estar tirando onda com a minha cara.

Ele sentou-se a uma mesa vazia bem no centro, convidando-me para sentar com ele. 

-Você é um escritor, Jackson. Será que não consegue imaginar? 
-Não, eu preciso escrever o mais realista que eu puder. Agora fica quietinha que vou pegar tequila para nós dois. 

Revirei os olhos bufando de ódio daquele mandão. Mas não podia evitar, afinal estávamos ligados a um papel. 
Em poucos minutos, Michael voltou com dois copos de Tequila. Ofereceu-me um e virou o seu copo de uma vez, fazendo uma careta por conta da ardência. 

-Em toda a minha vida, nunca imaginei que escritores fossem assim. Achei que ficavam trancados em uma sala escura escrevendo, e sendo feliz com a sua esposa quando não estavam trabalhando. Ou apenas, contemplando a natureza buscando um pouco de inspiração. E não um baladeiro sem um pingo de escrúpulos que vive a vida chantageando moças indefesas, bebendo como um gambá.
-Blá, blá, blá! Terminou? _Desdenhou com cara de sono. Assenti o olhando com os olhos semicerrados, pronta para fuzila-lo. -Ótimo! Agora bebe aí. _Cruzei meus braços levantando a sobrancelha como uma pirraça de que não ia fazer, definitivamente, o que me mandou fazer.
-Chatinha você hein! _Mexi os lábios imitando-o. 

Quando percebi, Michael tirou de dentro do paletó uma garrafa de tequila. Fiquei pasma, e morrendo de medo de ele me obrigar a beber. Seria uma estrago na certa.

Michael estava em seu quarto copo de tequila, e eu já podia notar suas feições distorcidas, e eu ainda não havia bebido nenhum copo. Apenas ficava encarando aquele homem sem noção à minha frente. Lindo pra caramba, completamente relaxado e por incrível que pareça, não tão chato.

-E ai escritor! _Um homem barrigudo e barbudo apareceu do nada perto de nós, com mais dois outros caras. -Como vai a sua inspiração? _Ele já estava bêbado.
-Eis aqui a minha inspiração. _Apontou para mim fazendo todos os outros me olharem. Nunca me senti tão envergonhada como naquele momento, não de um jeito ruim, mas fiquei sem graça. 

Eles começaram a rir e eu pude confirmar de fato o quanto estavam bêbados. 

-É uma belezinha, hein! _Ótimo, agora me senti nua diante daqueles homens tarados me olhando.
-É uma beleza, sim, tirando a parte que ela usa esse laço enorme! _Lá vem ele implicando com o meu laço.
-Acontece, senhor escritor, que não faço questão nenhuma de agradar o senhor. _O fulminei com os olhos e ele sorriu, desafiador. 
-Viu só, senhores? Vivian é durona assim, mas é só pra se fazer. Ela na verdade é fraca. Vejam só! Nem o copo de tequila virou. Onde já se viu isso, John? _Ouvi o eco de "Ah" ecoar no meu ouvindo, senti que era um desafio deixando-me sem reação.
-Eu não sou fraca! _Defendi-me impaciente. Michael gargalhou como se fosse a melhor piada. Ai como eu odiava quando aquele homem dava um de esperto pra cima de mim.
-Então prove! _Levantou a sobrancelha e o desafio estava lançado. 
-É, moça. Prove! _Olhei para aqueles marmanjos todos me desafiando. Eu estava em maus lençóis, levando em conta que não deixo por isso mesmo quando estou sendo desafiada. 
-Então tá! _Bati a mão na mesa. -Coloque tequila aqui! _Michael me olhou com malícia gostando da minha atitude, todos comemoraram parecendo que eu havia aceito entrar em uma organização criminosa. 

O homem que Michael chamou de John, o barrigudo e barbudo, encheu o meu copo por inteiro. 
Virei o copo de uma só vez, sentindo o líquido ferver a minha garganta, esquentando-me por dentro. Fiz uma careta soltando um granido. 

-É isso ai! _Gritaram. 
-Uma competição! Eu quero uma competição! _John disse em alto e bom som. -Quem virar mais copos em trinta segundos vence. 

Ai meu Deus, uma competição, era só isso que faltava para me atiçar a beber igual aqueles piolhos de boteco. Engoli em seco sabendo que não fugiria da pressão de ser desafiada.

-Michael versos Vivian. Topam? _Não fujo de nenhuma competição, ainda mais contra aquele idiota. 

Michael e eu olhamos uma para o outro juntos.

-Topo! _Falamos ao mesmo tempo. Era tudo ou nada agora.

John explicou que tínhamos que virar o máximo de copos possível em trinta segundos, o perdedor saia e o vencedor competia com outro na próxima rodada, mas só o que me interessava era ganhar do escritorzinho e lhe mostrar que sou melhor que ele. Sou ótima em virar copos, ele não seria páreo para mim. John pegou o cronometro em mãos marcando trinta segundos. Meu copo e de Michael estava cheios, um olhando para o outro como verdadeiros competidores. A garrafa ao lado para que possamos reabastecê-lo quando acabarmos. 

-E que vença o melhor! _Gritou John dando sinal para começarmos.

Michael e eu viramos juntos, e eu estava morrendo de vontade de rir das caretas que ele fazia, o que provavelmente eu fazia também. Aquela tequila era ácida e muito forte. Reabastecemos de novo e viramos mais outro copo. 

Trinta segundos depois estava eu com 15 copos, e Michael...

-Deu empate! _Gritou John e eu me irritei demais com isso. Não era possível que eu não ganhei logo na primeira rodada. -Recomeçando. 

Olhei para Michael com olhar de desafio e ele fez o mesmo. Seu maxilar estava travado, e seus olhos semicerrados, estava decidido a ganhar. Isso se eu não estivesse ainda mais.

Eu me sentia um pouco tonta, visão turva, e sentindo um pouco comprometido, mas eu sabia que venceria aquele canastrão. Reabastecemos outro copo ouvindo John dar o grito, iniciando nossa competição. A segunda rodada eu já estava tão tonta, contei somente dez copos e o restante eu já estava vendo borboletas e Michael Jackson duplicado na minha frente.

-Mais um! _Bati o copo na mesa, pedindo mais, com a voz mais distorcida do mundo, por conta da bebedeira. A competição havia acabado e eu nem se quer me lembrava quem havia ganhado, acho que ninguém. Michael estava revirando os olhos a minha frente quase desmaiando, acho que paramos juntos. 
-Não, não, não. Já é o suficiente. Você mal se aguenta, daqui a pouco vai vomitar. _Disse John qualquer coisa e eu achei bobagem, eu estava mais forte que nunca. 
-Eu quero mais John! _Insisti tentando me levantar, mas cai sentada de novo. Michael gargalhou de mim e eu o acompanhei. 
-Ela quer mais John! Dá mais um pouco pra moça, vai, vai, vai. _A voz do Michael estava engraçadíssima e eu gargalhei disso.
-Há Há há! Michael Jackson! O meu escritor favorito. _Apontei para ele não conseguindo ter controle sobre o meu corpo. -Escreve como um poeta, mas age como um ogr.. ogui..._ Questionei a mim mesmo sobre a palavra que eu estava usando. -Como fala mesmo? Ogro!.. ah é ogro!
-Você não gosta como eu sou, e isso é problema seu. _A língua dele estava embolada os lábios bastante avermelhado, o suor escorria em sua testa, cabelos desalinhados. Mas o filho da mãe continuava lindo. -Mas hoje não quero falar de trabalho, não! Não não não não. Quero dançar. Venha dançar comigo, menina do laço ridículo na cabeça! _Ele levantou-se com as pernas trocadas e pegou a minha mão. 

Eu não tinha força nenhuma nas minhas pernas e tive medo de cair, se isso acontecesse ia ser o mico do século, mas eu ria de tudo até do meu mal jeito de andar, até o centro da pista de dança, acompanhada com ele bêbado idiota que estava quase, ou pior que eu. 

Michael começou a dançar desengonçadamente uma música eletrônica, que nem entendi qual era. Seus passos eram ridículos e sem ritmo algum, não era tão diferentes que os meus. 

-Eu disse que não era pra beber, que eu fico assim toda solta. _Balancei meu vestido quase mostrando a minha calcinha, rodopiando. -Mas você me obrigou, você sempre está me obrigando de tudo, é um mandão idiota! _Empurrei minha mão na cabeça dele.
-Não obrigo você a nada, você já é grandinha e sabe o que faz. 
-Não, não, não! _Apontei o dedo pra ele. -Eu não sei o que faço quando estou assim. _Indiquei o meu estado deplorável.
-A bebida não age por nós, e sim nos dá coragem de mostrar o que não queremos! _Olhei para cara dele.
-Uuuuh! Mesmo nesse estado, ainda fala bonito. Parabéns! _Mexi minhas pernas continuando a dança. -Pode ser verdade, você tem razão. Aliás você sempre tem razão. Inclusive, esse laço é mesmo uma droga! Quer que eu tire ele? Eu tiro, olha só. 

Levei minhas mãos até a cabeça, desfazendo o laço. Joguei o no chão e comecei a pisotear.

-Olha o que faço com isso, viu? _Pisoteei até sentir os meus pés cansados, na verdade, mal eu aguentava o peso do meu corpo. -Você tem razão, você venceu. 
-Ainda bem, porque eu já estava quase vomitando. _Dei uma boa olhada para o corpo dele, ignorando completamente o que falava. 

Já disse que aquele homem era lindo? Seu corpo era forte e as coxas bem torneadas mesmo com aquelas roupas. Mas ai eu lembrei que o vi quase nu em seu apartamento.

-Precisava ficar só de short quando eu cheguei, infeliz? _Lembrei-me do momento em voz alta. -Quase tive um ataque, você é lindo! _Ele me olhou com surpresa. -Tem um corpo perfeito. Você malha? Seu pau tava aparecendo, sabia? _Gargalhei. 
-Eu sei que você me acha lindo, isso é bem normal. _Deu de ombros e aquele insulto e prepotência me irritou.
-Você é um convencido filho da puta! _Enfatizei o palavrão. -Mas é um filho da puta lindo de morrer! Gostoso pra caralho! _O sorriso de canto que Michael deu de lado só foi para me atiçar ainda mais, eu estava bêbada e muito excitada. 
-Você fala muito palavrão, coisinha! Me deixa abismado com essa carinha de anjo que age como um demônio. 
-Shiuuu! _Tapei a boca dele com a minha mão. -Calado seu miserável, filho da puta! Eu não aguento mais ficar perto de você. Por que não me deixar ir embora? Eu vou enlouquecer escritor. Você me enlouquece! Mas invés disso prefere me manter sua refém. Tudo por causa daquela vingança infeliz. Maldito! _Ele gargalhou de novo.
-Quis me ferrar, ferrei primeiro. Ossos do ofício. Agora você está em minhas mãos e eu vou fazer de você o que.. eu ...quiser! _Minha calcinha encharcou, uma excitação invadiu entre minhas pernas pulsando completamente o meu clitóris. 

Olhei para Michael por alguns instante, eu queria sim que ele fizesse de mim o que queria. Ele me olhava igualmente, com o mesmo tom de desejo. 

Puxei sua nuca de uma vez para mim, tomando sua boca com violência, sentindo que ele correspondia perfeitamente bem. Suas mãos subiram pela minha bunda, puxando para mais próximo do seu corpo. O gosto da tequila misturado com o sabor natural da sua boca se tornou uma delícia para mim. Apertei suas costas com força, trocando o beijo mais selvagem e dolorido que eu já dei. Aquele filho da mãe sabia me deixar louca!

Quando percebi suas mãos estavam dentro do meu vestido, tocando-me intimamente no meio de todo mundo. Empurrei-o de mim, olhando para a sua face em choque, eu havia passados dos limites e a bebedeira não conseguiu tirar essa noção de mim. E com certeza, amanhã quando a ressaca acabasse eu sabia que me arrependeria de tudo.

-Gostosa! _Michael me olhou faminto do meu corpo. Ele tentou me puxar de novo, mas eu desvencelhei-me saindo para fora do bar.

A tontura não estava me deixando andar direito, o peso do meu corpo era quase incômodo. Esbarrei com alguém.

-Richard! _Consegui reconhecer o rosto do meu colega de trabalho quando sai do bar.
-Meu Deus, Vivian! Você está completamente bêbada! _Comentou surpreso percebendo o meu estado. Minha cabeça estava doendo também. 
-Me leva pra casa? _Pedi sabendo que havia feito a maior besteira da minha vida.
-Qual é Vivian! _A voz de Michael fez-me parar. -Você me beija e fica por isso mesmo? _Michael passou por nós lançando um olhar furioso para Richard assim que notou, ele segurando o meu braço. -Quem é ele, Vivian? _O copo de tequila que segurava na mão foi ao chão com a força que o jogou, por conta da fúria. -É o seu namoradinho, porra?!!! 

Engoli em seco, sentindo tudo rodar, minhas pernas bambas e eu desmaiei.



Capítulo 12 - Michael



Quando Viviam me beijou só deixou meus sentidos mais aguçados. Seus lábios estavam tão deliciosos com o gosto da tequila. Confesso que eu estava muito a fim de ver até onde àquilo iria dar, e isso não era nada bom, não para ela. Minha vontade era de levantar aquele vestido e me enterrar dentro daquele corpinho magrelo e gostoso. Mas o que ela fez não poderia me deixar mais enfurecido depois de ter me deixado excitado pra cacete. Me beijou e depois saiu quase correndo feito uma criança. Foi uma puta sacanagem. Isso não se faz com um homem. Não mesmo.  


Quando fui atrás dela, minha intenção era de terminar o que ela começara dentro do bar para lhe mostrar que àquilo não se fazia, mas quando a vi conversando com um loirinho com cara de babaca que segurava no seu braço, quase me transformei por conta de uma faísca de ciúmes que cresceu dentro de mim, fazendo-me ficar exasperado e cerrar os punhos. Foi impossível controlar isso dentro de mim, meu tom ao indagar se ele era o seu namorado parecia ter me deixado com cara de idiota. E confesso que minha vontade foi de esganá-lo só por ter tocado nela. Mas para a sorte dele, quando vi que Vivian estava quase indo ao chão — apesar de estar bêbado — tive que me concentrar para não deixa isso acontecer. O loirinho ainda tentou ajudar, mas eu tirei suas mãos de cima dela e a carreguei sozinho para dentro do meu carro, no banco de trás. O loirinho abriu a outra porta e invadiu.

— O que você fez com ela? — Ele perguntou olhando bem nos meus olhos.

— Olha aqui o babaca, acho melhor você sair do meu carro. Agora! — Ele começou a analisar meu rosto, e franziu o cenho.

— Espera. Você não é...  aquele escritor... — Revirei meus olhos e o interrompi.

— É, só eu mesmo. Agora saia do meu carro! — Rosnei ajeitando Vivian no banco.

— O que você fez com ela? — Indagou ele, olhando desconfiado pra mim.

— Não está vendo que ela está bêbada? — Nesse momento Vivian murmurou algo que não deu para entender. — E você... Por acaso é o namoradinho dela? — Ironizei estreitando meus olhos nos dele.

— Não. Não sou namorado dela, mas ela me pediu para levá-la para casa. Sou o Richard e somos amigos. — Não sei por que, mas quando ouvi isso parecia que um nó tinha se desfeito na minha garganta. Mas que droga era essa?

— Cai fora do meu carro, ela está comigo.

— Nunca! Eu não vou deixar ela com você. — Se manteve firme.

— Você é surdo ou o quê? Já disse que ela está comigo. — Disse irritado, me segurando para não sair do carro, fazer a volta e arrancar aquele babaca de dentro.

— Você está embriagado. Eu não vou deixá-la ir com você. Não vou mesmo! — Disse relutante e reconheço que aquele idiota tinha razão. Eu não sei se iria consegui dirigir até o apartamento dela, acho que até o endereço eu esquecera. Sem falar que estaria pondo sua vida em risco no estado em que eu estava.

— Eu morri? — Viviam murmurou passando as mãos no meu rosto sem nenhuma delicadeza. — Acho que estou no céu. — Começou a sorri baixinho e depois apagou de novo.

— Vivian? Vivian? — Dei três tapinhas no rosto dela de leve para espertá-la, mas ela estava bêbada demais.

— Ela precisa dormir, mas não no bando do seu carro. — Comentou o babaca à minha frente, com ironia. Respirei fundo a procura de coragem para fazer o que estava prestes, mas nunca iria deixar que ele a levasse para casa.

— Droga. — resmunguei — Então dirija a droga do meu carro até o apartamento dela. — Disse a contra gosto. Ele olhou pra mim querendo negar. — Se quiser acompanhá-la.

— E o meu carro?

— Depois você pega o seu carro. Agora entra na porra do meu e dirija! — Rosnei, com os meus olhos bem abertos em um aviso interno. Se ele não o fizesse eu mesmo teria o enfiado no bando da frente.

Ele fez uma cara feira, mas não hesitou mais e tomou a direção do meu carro rumo ao apartamento de Vivian. Eu fiquei com ela no banco de trás, com sua cabeça apoiada no meu colo e segurando seu corpo para que ela não caísse no chão do carro. Em um certo momento comecei a afagar seus cabelos que ficaram soltos quando ela tirou aquele laço dentro do bar. Sorri ao me lembrar disso, e se bem que ela ficava mais bonita com eles soltos.

O tal do Richard não perguntou nada durante todo o percurso, apenas me ajudou a levar Vivian até o seu apartamento e deitá-la na cama do único quarto que havia dentro. Era bem a sua cara aquele tom rosa bebê das paredes do cômodo.

— Tá, agora já pode ir. — Anunciei enquanto tirava as sapatilhas de Vivian e depois a cobri com um cobertor. Eu também não estava sóbrio, mas ela estava bem pior do que eu, até parecia uma adolescente na sua primeira noite de bebedeira. Já eu não, sabia bem o que fazia. Então eu iria cuidar dela essa noite, afinal fui eu quem a levou até aquele bar e a desafiei.

— Você acha mesmo que deixarei ela sozinha com você? — Indagou rindo sem humor, e depois fechou a cara.

— Não interessa o que você acha. Eu já disse que pode ir.

— Eu não vou. — resistiu e cruzou os braços, olhando pra mim. — Agora me diga: Por que a Vivian estava com você? — Revirei meus olhos em tédio sabendo que aquele babaca iria ficar questionando o fato de Vivian está na companhia de um escritor como eu.

— Isso não é da sua conta. Agora cai fora daqui. — Saí do quarto e percebi-o vindo atrás de mim.

— Como vocês se conhecem? — Sério mesmo que ele estava perguntando isso? De que mundo esse cara era? Será que ele não viu na TV o vexame que a Vivian passou no meu lançamento? Parei e olhei para a cara dele de cenho franzido. Desci meu olhar para suas roupas maiores que o seu corpo e cheguei à conclusão de que ele não era mesmo desse planeta. 

— Olha aqui oh carinha de roupas grande — semicerrei meus olhos nos dele — eu e a sua amiguinha temos... Ah... Vamos dizer que uma... Ligação. — Frisei, mas calma aí, eu me referia ao contrato que ligava ela a mim. Sua feição ficou confusa. Eu dei de ombros e me direcionei a uma porta deduzindo ser a da cozinha para preparar um café pra ficar mais esperto. Café sempre me deixava mais são mesmo sem ter dormido.

— Uma ligação? — Ele perguntou atrás de mim. — Como assim uma ligação? E que ligação é essa? Como vocês se conhecem? E...

— Aí — virei para encará-lo — O que você ainda está fazendo aqui?

— Me responda! Sei que você é um escritor famoso e tudo mais, mas não entendo o que o trás na vida de Vivian. — Talvez ele estivesse mesmo confuso.

— Exatamente. Eu sou um escritor e ela uma das minhas leitoras de carteirinha. Sabe, eu... Gosto de manter uma amizade com minhas leitoras. — Meu egocentrismo entrou em ação. Ele franziu o cenho mais uma vez e parou pra pensar murmurando duas vezes a palavra “leitora”. Ah que idiota, ele não sabia que ela gostava de literatura.

— Espero que você não tenha nenhuma quedinha por ela. — enunciei, sentindo uma súbita raiva por dentro, vendo-o corar nervoso com isso. — Por que se tiver, está fodido. — Completei em um aviso. Ele pareceu não entender direito o recado, mas sua cara era bastante assustada.

— E por que eu estaria... Fodido? — Pigarreou. Dei um sorriso de lado e toquei no seu ombro, conduzindo-o para fora da cozinha.

— Ora, Richard, acho que está na hora de você ir. — Ele desvencilhou de mim.

— E se eu gostasse dela?— Esse cara estava querendo me provocar. Tomei uma profunda respiração para consegui o controle e dominar a raiva súbita que ferveu mais uma vez dentro de mim.

— Estaria fodido de qualquer forma. Fique longe dela. — Eu não sei o que porra eu estava fazendo, mas eu estava com... Ciúmes mesmo. Era isso... Um pouco...

— Eu não vou deixar ela aqui com você.

— Acontece que eu não estou pedindo pra você ir embora, eu estou te expulsando. Deu pra entender agora? — Disse sério. Ele tremeu os lábios e piscou os olhos algumas vezes. Mas que bundão, ele estava com medo de um cara embriagado. Que maricas.

— Eu não confio em você. — Balbuciou dando dois passos para trás.

— Nem eu. — Disse sínico — Mas não esquenta, a Vivian confia. — Me direcionei a porta, abrindo-a e indicando para ele sair. 

Ele caminhou até a porta e antes de sair levantou a cabeça para me fitar — além de ser babaca ele era um anão.

— Se você fizer alguma coisa com ela, eu juro que... — Ele dizia tremendo, mas eu não deixei que ele terminasse e o empurrei porta afora do apartamento, fechando a porta em seguida. Ainda o ouvi resmungar, mas não dei ouvidos e voltei à cozinha. Preparei um café rápido e fui vê como a Vivian estava.

Assim que entrei no quarto, ele se remexeu na cama ficando de lado. Tomei mais um gole de café sentindo que meus sentidos estavam um poucos mais espertos. Passei a mão no meu cabelo e sorri ao me lembrar do seu comportamento no bar. Será que ela iria lembrar? Me sentei em cima de uma caixa enorme de madeira, acho que era um baú e fiquei contemplando-a enquanto dormia. Ela era tão linda assim... Tão perfeita. Os olhos, os lábios pequenos, mas ainda sim carnudos, o nariz bem afilado, seu cabelo bem bagunçado... Vivian ela incrivelmente linda. Poderia ficar ali por um século só admirando-a.

Depois que tomei todo o café pude me senti um pouco melhor, apesar de algumas pontadinha irritantes me atingirem na cabeça. Eu precisava dormir, mas não agora, não iria fazer isso na casa de Vivian.

Deixei a xícara em cima do baú que estava sentado e sentei-me com cautela na cama, encostando minhas costas na cabeceira da mesma. Peguei meu celular para me distrair um pouco, mas logo desviei meus olhos e cravei-os em Vivian quando ela se mexeu e o cobertor que a cobria desceu um pouco deixando seu traseiro e a metade da suas pernas exposta. Droga, isso me inquietou. Seu vestido estava embolado em volta da sua cintura e sua calcinha branca estava aparecendo, tanto que dava para ver sua virilha bem branquinha. Geralmente o que me deixa muito excitado é preta e vermelha, mas de uma forma inexplicável isso parecia ser a coisa mais sexy que já vira em toda minha vida. Como ela estava deitada de lado suas curvas pareciam mais perfeitas, bem, seus seios não davam pra ver direito porque o vestido não tinha decotes, mas sabia que eram bem gostosos pelo o tamanho e que caberiam muito bem na minha boca. Passei a língua entre os lábios, levei meus olhos até suas pernas e fiquei mais excitado ainda, pareciam pernas de boneca de porcelana de bem branquinhas que eram. Vivian era gostosa pra caralho.

— Puta que pariu! — Xinguei bem baixinho espremendo os olhos antes de pegar o cobertor e com muito esforço — muito mesmo — subi e cobri seu corpo. Se eu a deixasse daquele jeito iria passar a noite toda de pau duro pensando naquelas curvas, e a última coisa que eu queria era me masturbar, prefiro está comendo uma mulher ao vivo e a cores, e não em pensamento. Sem falar que eu também não queria parecer um tarado me masturbando no apartamento de uma mulher que se encontrava bêbada. Eu também não era assim.

Voltei minha atenção para o celular e fiquei mexendo no mesmo para me distrair, só para não pegar no sono. Iria pelo menos esperar ela acordar, já que faltavam poucas horas para o amanhecer.

(...)

Senti duas mãos tocarem no meu corpo e depois minhas costas e minha cabeça baterem em algo áspero. Droga, eu havia caído no chão... Não, alguém me empurrou. Me levantei e Vivian estava me encarando de cenho franzido. Droga, eu tinha pegado no sono.

Seus cabelos estavam mais bagunçados, sua cara inchada por conta da ressaca era bem visível. Mas ainda sim ela continuava bonita. 

— Tinha mesmo que ter feito isso? — Perguntei com a mão na cabeça, alisando o local onde tinha batido.

— O que você está fazendo aqui? — Indagou com dois dedos de cada mão na cabeça, ao lago dos olhos demonstrando estar com dor.                                    

— Cuidando de você ué. — Respondi e sentei-me na cama. — Você desmaiou de novo. ­— dei ênfase no “de novo”.

— Droga! — resmungou e cobriu o rosto com as mãos. — De novo não.

— Ora Vivian, pelo menos dessa vez eu a trouxe para seu apê. — Ironizei com um sorriso falso de lado. Ela ignorou o que eu disse e virou para ficar na beira da cama, de costas para mim. — Não se acostume.

— Vá se danar, Jackson. — Adorava quando ela ficava assim, toda irritada.
Ela se levantou e abriu uma gaveta de uma cômoda do outro lado do quarto, tirou uma tabela de comprimidos e se direcionou quase se arrastando para a cozinha. Eu fui atrás.

— Por que você ficou? — Ela perguntou e colocou um comprimido na boca e seguido o copo com água. Me encostei no balcão e cruzei os braços.

— Eu já disse que não sou de deixar uma mulher bêbada em lugar como aquele. E além do mais eu a levei, não seria cafajeste o suficiente para deixá-la. — Ela balançou a cabeça e de repente sentou na cadeira fazendo uma careta por conta da dor de cabeça.

— Droga... Não sei o que tinha na cabeça quando deixei que me levasse para aquele lugar. Por sua culpa nem poderei ir trabalhar hoje.

— Olha aqui amor. Primeiro você tinha juízo na cabeça, e além do mais você aceitou aquelas bebidas porque quis. — Argumentei. Ela ficou calada, provavelmente admitindo em silêncio que eu tinha razão.

— Minha cabeça está doendo pra caramba. — resmungou mais da dor.

— Se lembra de alguma coisa? — ela levantou a cabeça para me olhar e balançou em negativo.

— Não. — ficou calada por alguns instantes — Espera, eu lembro de que eu estava do lado de fora do bar e o Richard estava comigo... — Revirei meus olhos e respirei fundo quando ouvi o nome daquele babaca.
Ela arregalou bem os olhos e me olhou com mais intensidade.

— O que você fez com o Richard? — Indagou e percebi no tom da sua voz que ela estava temerosa com a resposta.

— Aí, se você estiver falando daquele babaca esquisito, fique sabendo que eu não fiz nada com ele ta legal? — me irritei, até parece que eu era um psicopata.

— Então onde ele está?

— Provavelmente na casa dele ué. — ironizei entortando os lábios.

— Que merda! O que ele vai pensar de mim? Isso tudo é culpa sua.

— Espera aí mocinha. Você bebeu porque quis, eu já disse. E por que se importa com o que ele vai pensar? Por acaso sente algo por ele? — Me senti um pouco enciumado, e acho que isso era bem perceptível. Que droga!

— Porque ele é meu colega de trabalho seu idiota. — ela rosnou e parou com um certo pensar ainda olhando bem nos meus olhos. Levantou-se e se pôs na minha frente. — Por acaso está com ciúmes, Sr. Jackson? — Me senti intimado com essa pergunta e engoli em seco.

Me esforcei o suficiente para soltar o sorriso mais debochado que consegui soltar, ou melhor, a gargalhada que dei.

— E por que acha que eu sentiria ciúmes de você? — Ela não reagiu ao meu deboche, apenas saiu da minha frente, voltando para a sala. Procurou sua bolsa e quando a encontrou capturou seu celular de dentro e discou alguns números.

— Vai chamar a polícia, Srta. Murray? — Sentei-me no sofá despreocupado. Ela não respondeu a minha pergunta e ficou esperando a outra pessoa atender.

— Alô? Alô? Richard? Onde você está?

O quê? Senti aquela mesma faísca tomar conta do meu corpo e meu sangue ferver. Não acredito que ela tinha ligado pra aquele babaca. Quando ela ficou de costas para mim, eu me coloquei de pé exasperado e tomei seu celular, desligando o mesmo e jogando-o com uma força absurda em um canto qualquer da sala.

— O que você pensa que está fazendo seu imbecil? — Ela travou o maxilar e apertou seus olhos demonstrando sua raiva. — Você quebrou o meu celular! — Bradou me empurrando e correu para pegar o aparelho do chão que ficou com as peças fora do lugar.

Eu realmente tinha me comportado feito um idiota, mas eu não consegui me segurar quando vi que ela estava falando com aquele babaca anão na minha frente. Ela levantou do chão colocando a bateria e em seguida ligando o aparelho.

— Você é um idiota. Com que direito você pensa que pode agir desse jeito comigo? — Indagou sem me olhar. O celular ligou e ela arremessou-o contra a parede. — A porra do visor quebrou!

— Vivian... Eu... — Tentei me redimir, mas ela estava com muita raiva.

— Porra nenhuma Michael. Você vai me comprar outro. — Exigiu, já em cima de mim cutucando o meu peito com o dedo. Percebi que tinha sido a primeira vez que ela me chamara pelo meu primeiro nome sem deboche.

Olhei para sua mão e depois no rosto dela, com muita paciência.

— Eu lhe compro outro, se esse for o problema ta? Me desculpe. — Tirei seu dedo de mim.

— Mas esse não é o problema, eu queria o meu, eu gostava dele e você não tinha o direito que fazer isso comigo. — É eu não tinha. Mas dei uma desculpa por isso.

— Quer saber? Eu tinha sim. — Ela ergueu as sobrancelhas. — Você assinou um contrato comigo.

— Sim, um contrato e não uma certidão de casamento. — Ela disparou.

— Mas é como se fosse. Não posso pensar que você tem outro homem enquanto escrevo um romance seu com seu escritor favorito, que por acaso sou eu. — Abriu os olhos em um aviso interno novamente. Ela sorriu sem humor e balançou a cabeça incrédula.

— Você é louco. Ele é só meu amigo. — Explicou. — E se fosse mais que isso não seria a porcaria de um contrato que me impediria de me relacionar com ele. — Ela abaixou a cabeça e logo murmurou — O fato é que eu não quero. — Disse calma agora.

— Não importa — empurrei-a de vagar contra a parede e peguei no seu queixo obrigando-a me olhar — Eu não quero você perto daquele babaca e de nenhum outro até eu terminar de escrever o livro. — Mentira, eu não queria porque estava com ciúmes dela, e estava me praguejando por isso. Fazia anos que não me sentia assim e isso não era nada bom, sabia onde isso podia parar. Sua cabeça encostou-se à parede pela minha proximidade. — Não me faça ser um cara ruim. — Senti sua respiração descompassada e o medo refletido nos seus olhos. Merda, eu estava assustando-a e isso não era o que queria. Ela era tão frágil assim.

— Você está me deixando assustada. — Ela murmurou com medo. Tinha me descontrolado.

— Eu sou a última pessoa que você precisa ter medo. — Tentei demonstrar que ela não precisava ter medo de mim. Passei meu dedo no seu rosto angelical e em um ato impulsivo, pousei meus lábios sobre os dela que estava inerte ainda presa ao meu corpo. Chupei seu lábio inferior com avidez e quando olhei para seu rosto, ela estava de olhos fechados. Essa mulher estava me deixando louco.

— Não leve isso a sério. Só preciso que fique longe daquele babaca. Eu não gostei dele. — Disse e saí apartamento afora me sentindo muito mal por isso. Na verdade quem se saiu com um babaca fui eu com esse meu comportamento possessivo. Porra, eu quebrei o celular dela e ainda tive a crise de ciúmes por alguém que não me pertencia. Esse não era bem o rumo que eu pensei que teria quando a fiz assinar aquele papel, talvez aquilo tenha sido um erro. 







Capítulo 13





-Argh!! Maldito! _ Grani alto, contorcendo as mãos. 

Michael estava acabando com a minha vida literalmente. Parece que tudo estava indo água a baixo, e tudo por culpa dele. Eu precisava falar com o Richard, queria saber o que aquele idiota disse a ele. 

Fui para o banheiro tomar um banho, a ressaca havia acabado comigo, eu estava com roupas de ontem, e me sentindo grudenta, por conta do suor e da tequila que bebi. A água quente caindo em meu corpo, fez-me relaxar. Era tão gostoso que sentia o ânimo voltar a mim instantaneamente.

Mas todo o reconforto de antes se esvaiu quando flash back do dia de ontem apareceram em minha mente como um golpe fatal, só para me deixar ainda mais desesperada do que já estava.

'-Eu sei que você me acha lindo, isso é bem normal. _Deu de ombros e aquele insulto e prepotência me irritou.
-Você é convencido filho da puta! _Enfatizei o palavrão. -Mas é um filho da puta lindo de morrer! Gostoso pra caralho! _O sorriso de canto que Michael deu de lado só foi para me atiçar ainda mais, eu estava bêbada e muito excitada. 
-Você fala muito palavrão, coisinha! Me deixa abismado com essa carinha de anjo que age como um demônio. 
-Shiuuu! _Tapei a boca dele com a minha mão. -Calado seu miserável, filho da puta! Eu não aguento mais ficar perto de você. Por que não me deixar ir embora? Eu vou enlouquecer, escritor. Você me enlouquece! Mas invés disso prefere me manter sua refém. Tudo por causa daquela vingança infeliz. Maldito! _Ele gargalhou de novo.
-Quis me ferrar, ferrei primeiro. Ossos do ofício. Agora você está em minhas mãos e eu vou fazer de você o que.. eu ...quiser! _Minha calcinha encharcou, uma excitação invadiu entre minhas pernas pulsando completamente o meu clitóris. 

Olhei para Michael por alguns instante, eu queria sim que ele fizesse de mim o que queria. Ele me olhava igualmente, com o mesmo tom de desejo. 

Puxei sua nuca de uma vez para mim, tomando sua boca com violência, sentindo que ele correspondia perfeitamente bem. Suas mãos subiram pela minha bunda, puxando para mais próximo do seu corpo. O gosto da tequila misturado com o sabor natural da sua boca se tornou uma delícia para mim. Apertei suas costas com força, trocando o beijo mais selvagem e dolorido que eu já dei. Aquele filho da mãe sabia me deixar louca!

Quando percebi suas mãos estavam dentro do meu vestido, tocando-me intimamente no meio de todo mundo. Empurrei-o de mim, olhando para a sua face em choque, eu havia passados dos limites e a bebedeira não conseguiu tirar essa noção de mim. E com certeza, amanhã quando a ressaca acabasse eu sabia que me arrependeria de tudo."

-Ai, não! Essa não! 

Eu sabia que não deveria ir até o bar. Bebida e Vivian, definitivamente não combinam, prova disso era essa cena ridícula ao qual me submeti. Com certeza Michael ficaria ainda mais convencido que já é. Eu acabava de entregar ainda mais a minha alma para o diabo. 

-Céus! Estou perdida! 

Desliguei o registro do chuveiro, deixei a água escorrer pelo meu corpo, enrolei-me na toalha. Tudo com o meu emocional completamente abalado. Eu precisava falar com Michael, precisava dizer que não passou de uma besteira de uma bêbada, e nada do que disse e fiz foi com o meu consentimento, ou a minha vontade. Bom, foi! Aquilo tudo era verdade, e é por isso que eu estava tão ferrada, odiando a mim mesmo por ser tão idiota. Mas ele não precisava saber, muito pelo contrário, era a minha obrigação -- já que ficarei ao seu lado por tempo indeterminado --, provar o contrário. 

Vesti uma calça jeans branca até a metade da minha canela, uma blusa listrada em branco e azul e um mocassim azul nos pés. Voltaria a casa de Michael, apenas para lhe explicar, pouco importando o que ele diria após. 

A porta de seu apartamento estava aberta, então fui entrando sem pedi licença. Mas quando percebi o apartamento vazio, me dei conta de que precisava anunciar-me. 

-Michael? --Vasculhei meus olhos pelo ambiente e não obtive respostas. -Michael. --Fiz outra tentativa.
-Estou no banho! --Ouvi sua voz gritar do fundo da casa. -Espere um pouco, ou pode vir até aqui. Fica ao seu critério. --O riso dele preencheu os espaços e eu entortei o rosto, em ser obrigada a lidar com as besteiras dele.
-Não, não estou a fim de ver pouca coisa. --Retruquei, apenas para irritá-lo. 
-Pouca coisa, é? Só não vou até aí, porque quero que fantasie. Só por isso, baby. --Revirei os olhos.

Caminhei pela sala, olhando tudo envolta, eu sempre me sentia bem, contemplando sua pequena prateleira de livros que ficavam ao lado da tv. Eram apenas suas obras, -- todos os exemplares que eu tinha. Aproximei, relembrando daquelas capas lindas que tanto me encantou um dia.

-Vermelho, verde, azul, branco, preto, rosa. --Eu reconhecia cada um, todas suas obras já publicadas. -Cinza? 

Havia uma cor que não conhecia, um livro em meio os familiares que não estava conseguindo me identificar. 

-Eu não conheço esse... --Peguei em mãos, para saber de quem se tratava o autor, pois do Michael com toda certeza eu garanto que não era. 
-Simplesmente amor - Michael Jackson. --Franzi o cenho estranhando completamente aquele livro. Provavelmente não foi publicado.

Abri as páginas aveludada ao meu toque, caligrafias impressas em relevo. Um tanto sofisticado demais, bem diferente dos quais estava acostumada. 

As palavras: "Auto biografia, de um apaixonado escritor" estava em destaque na primeira página. 
Parecia um livro sobre experiência própria, coisas que de fato aconteceram. Será que as respostas para as minhas perguntas estavam ali? Impressas naquelas palavras? Será que saberei o porquê de Michael escrever sobre o amor, mas odiá-lo como se fosse uma praga? 

-Prontinho! --A voz dele adentrando a sala fez me sobressaltar. Fechei o livro rapidamente escondendo atrás de mim. Acho que Michael não notou, estava de cabeça baixa, e quando me chamou, nem ao menos havia saído do anexo para a sala. É, acho que não viu que estava lendo aquele livro. -Aconteceu alguma coisa? 
Ele percebeu o quão nervosa estava, mas parecia não saber o que escondia atrás de mim.
-Nada, não aconteceu nada. --Sua expressão anuviou-se e ele caminhou até o bar no canto oposto ao qual eu estava, se servindo de uma bebida. 

Usava uma camiseta polo vermelha e calças de malha preta. Cabelos e perfume impecáveis. Só queria saber, em qual momento da minha vida, eu pararia de sentir coisas todas às vezes que aquele homem cruzava o meu caminho.

-Que bom! Assim não me estresso. --Nem ouvi o que disse, apenas aproveitei que ficou de costas por um instante e guardei o livro dentro da minha bolsa, o mais rápido que consegui. -O que faz aqui, Vivian? Ainda não comprei o seu celular.
-Não vim aqui por ele, eu só queria... -Engoli as palavras a tempo. Não, eu não quis falar sobre o vexame do bar agora. Eu queria ir embora, queria logo ler aquele livro e não ter que me desgastar ofendendo um ao outro. -Nada, vou embora. 

Caminhei até a saída, observando a expressão de confusão na face de Michael. 

-Que maluca! --Ouvi murmurar assim que sai. 

(...)

Deitei-me em minha cama, folheando aquele livro aparentemente perfeito de se ler. Via pela forma da capa bonita, o quanto parecia ter sido feito com muito esmero, como um desejo especial. Fiquei me perguntando por breves minutos o por quê daquele livro nunca ter sido publicado. E porque estava tão escondido no meio dos outros. Acho que Michael estava tentando esconder algo, eu tinha um trunfo nas mãos, uma maneira de me livrar daquele chato de galocha. 

Eu que não ficaria olhando aquele livro e me perguntando, tratei logo de começar a lê-lo.
Logo de cara, percebi que se tratava de uma narrativa vinda do próprio Michael, como uma auto biografia devia ser, mas bem diferente da personalidade que eu estava acostumada a lidar, todos os dias. Michael estava romântico, não como os outros livros que já li, mas como se fosse uma experiência pessoal.
' Ela era a mulher da minha vida, como uma joia preciosa ao qual eu era o garimpeiro à sua procura. Iluminava os meus dias, acalmava a minha alma, como um balsamo. Refrescante, como um trabalhador depois de um dia inteiro trabalhando no campo.'

Quando terminei de lê-lo, pude ter a certeza absoluta de que Michael amava aquela mulher. Que ela fez parte de sua vida não apenas em ficção. Ele estava apaixonado, entregue em cada letra, em cada capítulo, era sua alma derramada e esmiuçada no livro. Tive uma conclusão:

-Michael sofreu por amor. Agora não tenho mais dúvidas.

Capítulo 14 – Vivian



“Dizem que por amor e gente arisca tudo até ficarmos à beira do precipício. Bom, eu arisquei, mas o problema foi que eu permaneci por muito tempo no abismo. Sinceramente eu não entendia. Eu a amei como nunca ninguém amou. Fazia de tudo para agradá-la, e no final das contas o que eu ganhei como recompensa foi estar em um mundo deserto sem nem um pingo de água para beber. Já que ela era a minha fonte. (...)”

Passei horas lendo o resto do livro. Até bati o meu record, pois nunca tinha lido um livro todo em um único dia. Mas aquela história estava tão interessante que por mim não acabava nunca. E Santo Cristo, a cada trecho eu fiquei mais convicta de que Michael Jackson sofrera muito por alguém que não deu valor ao seu amor como ele mesmo relata no livro.

Era como se eu estivesse vendo o próprio Michael enfurnado no seu escritório, com um óculos de graus e vidrado na tela do seu notebook escrevendo. Sua forma ao narrar era tão original e real que também deu para imaginar sua expressão de dor e saber o quanto o seu coração ainda estava quebrantado na época. E confesso que custou para poder imaginá-lo assim.

O Michael Jackson que eu conheço... triste?

Eu ainda estava embasbacada com tudo isso. Não sabia se tinha pena dele ou se me sentia vitoriosa. Afinal, querendo ou não agora eu possuía uma carta na manga para me livrar dele. — Lembrei do que a Patti me disse quando estávamos conversando sobre isso. Bem, eu não era assim, longe de mim usar uma coisa assim tão séria contra outra pessoa apenas por maldade. O fato é que Michael Jackson também estava ferrando com a minha vida e essa agora seria a única forma de ficar livre dele.

Guardei o livro debaixo do meu colchão e quando me preparei para tomar um banho, uma mensagem de texto chegou no meu antigo celular que eu passei a usá-lo novamente depois que o Jackson quebrou o meu. Respirei fundo procurando paciência, pois já sabia muito bem de quem se tratava. Abri a mensagem e a mesma dizia que Michael solicitava a minha presença esta noite às 19h30min PM. Eu poderia muito bem aproveitar esse momento para usar o livro que contém o seu verdadeiro eu contra ele, mas decidi que agora não seria o momento certo. O Jackson era esperto demais e poderia muito bem virar o jogo como já fez antes.

Respondi a mensagem confirmando minha presença, tomei uma ducha, vesti um vestido bem confortável e logo fui para o apartamento dele.

(...)



Michael



Eu estava puto da vida. Muito puto mesmo. Tinha a certeza de que o livro estava ali, bem ali na minha prateleira escondido entre os outros.  Fiquei olhando para ela, tentando imaginar como ele pode ter sumido assim.

— Tem certeza Michael? — Garet, o meu assessor perguntou pela milésima vez.

— Claro que tenho, Garet. — Bradei já sem paciência.

— E que livro é esse?

— Isso não vem ao caso agora. Eu só quero encontrar aquela porra de livro. Ele não pode parar em mãos erradas.

 Eu andava de um lado para o outro na sala do meu apartamento pensando como aquele rascunho tinha sumido. Até que... 

— Espera aí. — Parei e coloquei o dedo indicador sobre os meus lábios. — Mas é claro, só pode ter sido ela. — Constatei me lembrando de que Vivian ficara sozinha aqui na minha sala enquanto eu estava no banho. Sem falar que ela estava muito estranha e depois saiu feito uma louca.

Esmurrei a parede descontando toda a raiva. Ah se Vivian Murray estivesse agora na minha frente... 

Antes que ela acabasse com o meu ego, eu iria lhe dá uma lição tão grande que ele nunca mais se esqueceria de mim. Nunca mesmo.

— Ela quem, Michael?

— Garet, mande uma mensagem para a Srta. Murray, solicite em meu nome sua presença aqui esta noite.

— Mas Michael... Você tem uma entrevista daqui há pouco. — Lembrou-me da entrevista que eu daria para uma emissora local sobre o meu ultimo lançamento e sobre minhas próximas obras. Mas eu estava pouco me lixando para isso.

— Dane-se essa maldita entrevista. — Vociferei virando-me para encará-lo. — Mande a mensagem para Srta. Murray, certo? — Garet assentiu sem protestar mais nada e fez o que eu mandei. Depois eu pedi que ele fosse embora, pois eu tinha que bolar uma maneira de consegui meus rascunhos de volta.

Droga, aquele livro não poderia ter ido parar nas mãos dela, se não eu estaria fudido agora.

Murmurei centenas de palavrões enquanto estava no banho, me preparando para a chegada da Vivian. Eu tinha a certeza absoluta de que aquela branquela fodidamente estava com o meu livro, e eu tinha que recuperá-lo o mais depressa possível. Ela poderia usá-lo contra mim e isso era a porra de um azar.

Coloquei um short de pijama listrado super transparente, igual ao que eu estava em uma noite que ela ficou louquinha por mim. Esse estava caído nos meus quadris deixando a mostra minha box. Penteei meus cabelos e permaneci sem camisa e descalços. Eu sabia o efeito que causava nela, e que isso iria lhe deixar desconcertada enquanto eu descobria o que ela tinha feito com o meu livro. Só esperava que ela não tivesse lido. Como minha fã ou ex-fã, Vivian conhecia minha escrita, e certamente iria perceber em que situação aquilo tinha sido escrito. 

A campainha tocou e eu já sabia perfeitamente quem era. Coloquei meu sorriso mais cafajeste que consegui fazer e abri a porta.

Assim quando a vi na minha frente, minha vontade foi de agarrá-la e a sacudir até que ela me dissesse onde estava o meu livro, mas isso não seria inteligente da minha parte não é mesmo? Eu tinha que ser bastante solícito para consegui-lo de volta.

Passei meus olhos por todo o seu corpo sem nenhum pudor. Ela estava adorável como sempre dentro de um daqueles seus vestidos de Barbie que chegava na metade de suas coxas. Pelo menos nada de laços por hoje.

Também não pude deixar de notar seu olhar hipnotizado em cima de mim. Ela até tentou se pronunciar, mas as palavras pareciam ter ficado escassas quando ela cravou seus olhos no meu abdômen e foi descendo para as minhas pernas. Beleza, eu estava indo bem.

— Algum problema Srta. Murray? — Perguntei tirando toda a sua atenção de cima de mim. Ela levantou a cabeça e piscou os olhos inúmeras vezes antes de falar.

— E por que não estaria? — Ela estava nervosa. Suas palavras trêmulas denunciavam isso.

— Eu não sei. — Dei de ombros. — Você poderia ter visto algo por aí que a deixou admirada. — Insinuei deixando meu ego bem evidente. Eu não poderia demonstrar a ela que estava desesperado para pegar o que me pertencia, se não ela iria negar até o fim. Vivian tinha esse jeitinho de menina meiga para quem não a conhecesse, mas por trás de todo esse traje era a peste em pessoa. — Por favor, entre. — Abri passagem para ela e ela entrou no meu apartamento. Seus passos eram tímidos, e ela segurava os próprios dedos enquanto os olhava.

— Então Jackson... O que quer de mim? — Ela perguntou.

— Ora Srta. o de sempre. Escrever seu livro. — Soei o mais irônico que pude. Ela finalmente conseguiu relaxar mais. Tirou a bolsa do seu ombro, colocou-a sobre o sofá da minha sala de estar e colocou suas mãos na cintura. Agora sim ela iria se manifestar.

— Você só pode estar tirando com a minha cara. — Ergui as sobrancelhas. — Você nem sequer escreveu uma linha. Acho que nem na sinopse você chegou a pensar. Estou começando a pesar que tudo isso é perda de tempo.

Engana-se ela. Sorri.

— Ai ai Vivian...

— Murray, Srta. Murray pra você. — Exigiu irritada. Ergui minhas mãos em rendição.

— Ok. Srta Murray. — sorri enfatizando o seu nome — Venha. — Comecei a me direcionar para o meu escritório.

— Para aonde? — Indagou assustada.

— Ué, ler um pouco do seu livro, querida. — Tinha a certeza de que ela agora estava muito confusa.
Bem, eu havia escrito alguma coisa além da introdução. Até porque o que eu sabia de Vivian não era o suficiente, mas mesmo assim consegui escrever. Ficou até bacana.

Antes de me sentar na minha cadeira, peguei um copo de whisky. Abri meu notebook e em seguida o editor de texto. Abri a gaveta da mesa, peguei algumas folhas do rascunho do que já estava escrito e estendi para ela.

— O que é isso? — Perguntou com um olhar desconfiado enquanto pegava as folhas.

— A introdução da sua vida. — Ela arqueou as sobrancelhas. — Leia. 

Ela fez o que eu pedi. Passou alguns minutos em silêncio enquanto lia, e enquanto isso eu degustava do meu whisky.

Suas feições mudavam de instantes em instantes. Eu sabia muito bem que parte ela estava a ler. Sua carranca se afundou e ela me lançou um olhar mortífero sob os seus cílios. Depois jogou os papeis sobre minha mesa.

— Lixo. Lixo de literatura. — Disse ela tentando soar a mais tranquila possível ao encostar-se nas costas da cadeira. Coitada, mal sabia que seu semblante demonstrava outra coisa. Isso era porque ela inda não tinha lido o resto, e nem iria ler agora.

— Não gostou?

— Como posso gostar disso? Não era pra ser uma biografia sobre a minha vida?

— E é. — Confirmei e dei de ombros.

— Aí me descreve como uma neurótica, imatura e debilmente iludida por literaturas. — A cara dela foi a melhor coisa de se ver.

— Não. Aí diz que você é apaixonada por seu escritor favorito. Esse é o ponto. — Ela sorriu sem humor.

— Isso é ridículo, Michael. — Me chamou de Michael pela segunda vez. Eu percebi. — Nas autobiografias não se metem.

— E onde está a mentira?

— Oras... Dizer que eu sou apaixonada por você é loucura. Nada a ver uma simples leitora se apaixonar por um cara como... Você. — Completou com repugnância.

— Não critique minhas palavras e nem tente contrariar minhas convicções, porque você é a prova viva de que elas são verdadeiras.

— Hurg... — Ela grunhiu. — Você acha mesmo que suas leitoras irão comprar essa história?

— Tenho.

— Com que razão?

— De que eu sou um bom escritor? — Ela me fuzilou — Ah... E que eu sou lindo também. — Rolou os olhos e respirou fundo.

— Você é repugnante, Jackson. — Disse com desdenho.

— Bem-vinda a selva, querida. Este é o mundo onde mentimos para sobreviver.

— Você mente, eu não. — Esclareceu ela querendo dar uma de santinha. Pra cima de mim, Vivian?

— Agora chega de delongas. Preciso que você fique quietinha aí para que eu possa escrever algumas informações aqui. — ela abriu a boca para proferi, mas eu não permitir — E calada também.

Sinceramente eu não entendia porque ela não usou o livro contra mim. Tinha a certeza de que estava com ele. Mas por que ela não usou? Eis a questão. 

Tinha certeza que essa diabinha estava aprontando alguma coisa. — Dizia a mim mesmo em mente quanto tirei meus olhos do notebook e coloquei-os em cima dela.  Eu não tinha escrito porcaria nenhuma enquanto o editor estava aberto, tudo aquilo era só para descobrir onde estava o meu livro.  
Tomei mais um gole de whisky e ela franziu o cenho. Acho que ela já sabia que eu sabia que ela estava com meu livro.

— Você bebe enquanto escreve?

— Já fiz tantas coisas enquanto estava embriagado, que se eu te contasse teria que te mostrar para poder acreditar. — Disse e sorri de lado. Ela desviou seus olhos dos meus ignorando minhas palavras.

— Você é nojento.

— Em algumas ocasiões tenho que ser. — Fechei meu notebook e coloquei toda a minha atenção sobre ela.

— O que você quer de mim realmente hein?

— Eu? Muitas coisas, mas nesse exato momento só duas me importa. — Ela ergueu as sobrancelhas em forma de pergunta. — Vamos a primeira: Eu perdi uma coisa muito importante e preciso recuperar.

— E o que é de tão importância?

— É um... — dei uma pausa e comecei a mexer minhas mãos desenhando o livro no ar. — Um livro. Na verdade um rascunho. — Vivian se mexeu na cadeira muito inquieta. Estava nervosa.

— E o que eu tenho a ver com isso? — Tentou dar uma de desentendida, mas eu não era otário. Otário era quem pensava que eu era otário.

— Ah... Nada. Eu só estou dizendo que você poderia ter o visto por aí e... Ah, você sabe.

— Não, eu não sei. — Pigarreou. Parecia com os nervos a flor da pele. Como diz a lei de Newton: Para cada ação, existe uma reação. Ela pegou o meu livro e agora não conseguia disfarçar seu furto. Parte superior do formulário

— Haram — Passei a mão no meu cabelo, me encostei nas costas da cadeira e cruzei os braços.

— O quê? Acha que eu roubei o seu livro? — Perguntou querendo dar uma de vítima.

— Não, não Srta. Murray. Como você é muito minha sabe... Eu pensei que você poderia ter pegado emprestado para ler.

Ela se ajeitou na cadeira e colocou os cotovelos sobre minha mesa.

— O que tem de tão importante nesse livro que o Sr. está tão desesperado assim? — Ela queria retrucar, era isso mesmo?

— Desesperado? Eu? — gargalhei — Até parece.

— Você parece desesperado. — Fiquei sério agora. Pelo o que eu estava vendo, isso seria como apagar fogo com gasolina. — Até parece que esconde algum segredo nesse tal livro.

— Talvez.

— Um amor? — Sorri com falsidade.

— Coração blindado não pega feitiço, Srta. Então não, não é amor. — Estava sério agora.

— Tem certeza? — Ela perguntou em um sussurro debochado. 

Mas que inferno, ela leu o livro.

— Por que estamos conversando sobre isso?

— Por que você começou?

— Não. Eu só quero saber se você está com o meu livro. 

Ela permaneceu na mesma posição sem mexer sequer um músculo. Estava pensando se dizia a verdade ou se mentiria. Mas de qualquer forma, caso ela mentisse eu saberia. Minha perspicácia não deixa passar nada despercebido. 










Capítulo 15 




Me senti completamente encurralada. Fui pega cometendo um crime, não quero pagar por isto, mas mesmo assim sou obrigada. Michael me encarava de sobrancelha erguida, esperando pela minha resposta.
Eu estava em um dilema, se confessava, ou continuaria mentindo. Michael sofreu muito no amor, foi largado, deixado para trás, não deve ter sido fácil.

E não seria eu que aumentaria ainda mais o seu sofrimento, muito pelo contrário. Maneei a cabeça confirmando o meu crime completamente sem jeito. Tirei o livro que carregava na bolsa e mostrei para ele. Michael me encarou como se já estivesse esperando, e foi difícil demais ter que lidar com o fato de que fui capaz de pegar aquele livro de sua estante. Lê-lo para chantageá-lo, eu não sou essa pessoa. Eu não me reconhecia mais.

-Eu li seu livro inteiro, Michael. Sei do conteúdo dessas páginas nos mínimos detalhes. Fiz cópias de alguns trechos e já marquei com uma emissora de tv para levar à público. Tudo isso no intuito de me livrar de você, de não ter o desprazer de ler mentiras sobre mim saído da sua imaginação mentirosa e contaminada. --Michael estava sério, prestando atenção em tudo que eu lhe dizia. Um pouco perplexo eu confesso, mas continuava duro como sempre foi. -Mas eu não farei nada disso. --Minha última frase o atingiu de repente, deu pra notar sua expressão de surpresa. 
-Como não vai? Tem todas as informações de que precisa para ir embora. Tudo que você queria contra mim, estão em suas mãos. É só dizer para mim rasgar aquele maldito contrato, e eu farei. Não iria suportar ver a minha história na boca de todos. Você venceu! 

Eu sabia que por dentro Michael estava dilacerado. Tocar naquele assunto eu já poderia imaginar como era difícil, e olhando para ele, frente a frente, não sabia que seria muito pior. 

-Se eu venci, por que então que não me sinto vitoriosa? Por que é que sinto gosto amargo na boca e um inquietude no peito? --Senti um nó intenso na minha garganta. -Não, Michael, eu não venci. --Me levantei para me retirar, mas antes deixei o livro em cima da sua mesa. 

Michael estava aéreo, fora de si, como se fizesse uma analise profunda dentro de si mesmo. Quando estava prestes a sair pela porta ouvi seus passos duros atrás de mim.

-Vivian espera! --Parei imediatamente, me voltando para ele.

Não pude deixar de notar o quanto aquele homem é lindo. Do quanto eu me sentia abalada com a sua presença, meu coração acelerava com tanta força que chega doía o meu peito. Ele tinha esse poder exaustivo sobre os meus sentimentos, quanto mais eu tentava não sentir, parece que sentia muito mais. Era inútil lutar, era inútil ignorar, estava ali diante de mim o quanto eu o queria.

-Que tipo de mulher é você? --Questionou-me como se eu fosse uma espécie única ao qual ele jamais teve o prazer de conviver. Me senti rara e especial. 
-O tipo que tenta ser melhor a cada dia, que se preocupa com o sofrimento das pessoas e que procura uma vida justa. Aquela mulher que se meteu nessa situação por ter ido ao seu lançamento, falar para todos quem você é, eu não a reconheço. Fui movida pela raiva e não quero mais isso. --Senti a lágrima escorrer pelos meus olhos.
-Eu me aproveitei da situação, fui um covarde. Chantageei você, só pra provar alguma coisa a mim mesmo. Fui um idiota descontando em você o que outros fizeram a mim. Eu mereço. 
-Sim, Michael você merece. Mas se eu fizer não ficarei em paz nunca. Eu não suportaria ver o seu sofrimento e saber que fui eu a responsável.

Ele me encarava abismado, encantado e admirado. Não posso dizer que foi ruim perceber aquele olhar, porque não foi. Só serviu para me deixar ainda mais louca. 

Michael deu dois passos aproximo a mim, agarrando a minha nuca, tomando minha boca com urgência. Abracei o seu corpo, colando a mim. Meu coração estava tão acelerado, -- ainda mais que antes --, que eu perdia o fôlego de tanta emoção. 

Sua língua explorava a minha boca com desejo. Seu gosto era doce, suave. Suas mãos enfiaram por dentro do meu vestido, apertando a minha bunda com ânsia, e eu deixei. Eu estava entregue querendo sentir tudo que ele estava disposto a me dar. Queria seu corpo para mim, dentro de mim. 

Michael tirou meu vestido, fiquei um pouco envergonhada por conta das minhas peças íntimas que pareciam de senhoras. Meu sutiã de algodão e minha calcinha grande de cor branca. 
Fui levada para o seu sofá, deitada, enquanto via seu corpo indo para cima de mim. 

-Eu desejo você tanto, Vivian! --Ele sussurrou rente ao meu ouvido, percorrendo seus lábios quentes e suculentos na pele do meu pescoço. -Sinto raiva, desespero, por você me deixar assim tão louco. 

Arranhei minhas unhas em suas costas quando seus lábios desceram pelo meu ventre. Era uma sensação fora do comum. 

Michael mesmo retirou meu sutiã, abocanhando os meus seios, lambendo-os e os chupando. Gemi por conta da intensa pulsação que senti no clitóris. 

-Meu Deus! --Sussurrei pela sensação gostosa. 

Minha calcinha foi tirada à seguir. Me senti exposta, mas a admiração em seus olhos tranquilizava-me. Sua boca devorou-me na região mais prazerosa que tinha em meu corpo, fazendo-o convulsionar de prazer. 

-Tão cheirosa! --O ar que saiu de sua boca quando proferiu essas palavras, fez meu clitóris tremer. -Gostosa! --Abocanhou-me de novo, como se chupasse uma fruta saborosa. Era demais para mim, estava enlouquecendo.
-Michael, por favor. --Eu queria sua masculinidade inteira em mim, queria sua potência preenchendo-me e me fazendo sua. 

Ele substituiu sua língua por seu dedo, espalhando lubrificação por toda minha extensão. Deixando-me ainda mais sensível. 

-Ah! --Gemi sôfrega.

Ele retirou seu short com uma mão, revelando-me sua exuberância masculina, seu monumento que passou a ser contemplado por mim. Céus, ele era tão lindo! Grande, ereto, duro. Fui penetrada de uma vez inclinando meu corpo para trás para poder recebê-lo por inteiro.

-Vivian! --Os movimentos começaram, tirando-me de órbita.
-Michael! --Gritei quando o homem que estava amando entrou com tudo em uma única estocada. 

Michael sabia fazer, era experiente o suficiente. Agarrei suas costas, deixando minhas marcas pelas arranhadas inevitáveis em seu pele, a cada vez que ele subia e descia com rapidez dentro de mim. O suor escorria por sua testa, suas expressões distorcidas me mostrava o quanto estava bom para ele, assim como para mim. Sua ofegância, sua boca entre aberta. 

Mordi seus lábios, começando ser correspondia por ele em um beijo envolvente. Segurei sua bunda, estabelecendo o meu corpo no dele. Meus nervos sensíveis foram atingidos deliciosamente. 

-Eu vou gozar, Vivian! --Avisou. 

Seu corpo enrijeceu, seu pau pulsou dentro de mim tão forte que meu núcleo foi alcançado, aquela parte sensível dentro de mim foi tocada na mesma hora que jorrou seu líquido dentro de mim. 

-Oh minha nossa! --O orgasmo me atingiu devastando-me, o prazer reverberava dentro de mim sem ter hora para acabar. Michael escondeu seu rosto no meu pescoço gozando ininterruptas vezes e foi a melhor sensação que eu pude presenciar. Ele era meu e eu dele.

~Michael~

Nunca gozei tanto quanto gozei naquele momento. Vivian acabava de dar a mim mais bela virtude. 
Quando conhecia aquela menina inocente e ingênua, iludia pelo amor, sonhadora. Eu achei que abriria sua mente, que faria definitivamente acordar para a vida e deixar de ser uma patética. Pelo visto, foi eu que sempre fui um patético arrogante. 

Aquela mulher simples, que se vestia como uma princesinha tirada de desenhos infantis me ensinou uma lição valiosa. Levei um tapa na cara para me fazer acordar e ter certeza que nem todo mundo é um corrompido pela sociedade fingida em que vivíamos. Ela tinha tudo nas mãos, mas preferiu escutar o seu coração do que seu desespero em se livrar de mim, por ter a obrigado a fazer uma coisa que não queria. Eu me sentia um estúpido. 

-Desculpa, por favor me desculpa. --Pedi olhando em seus olhos, com o meu corpo nu ainda por cima do dela. -Eu fui um crápula com você. Te magoei e tudo por um capricho. Se você quiser eu cancelo esse livro, paro de escrevê-lo. --Ela negou com a cabeça.
-Não, eu quero que escreva. --Franzi o cenho, diante da surpresa.
-Quer que eu continue? --Assentiu.
-De qualquer forma é verdade. A fã de um dos escritores mais importante no mundo da literatura, acabou se apaixonado por ele. --Abri um largo sorriso, por saber que Vivian estava mesmo apaixonada por mim. 

E eu acreditei, ela era muito diferente de todas as pessoas que convivi, era única. Eu podia sentir o seu amor. Ela bêbada confessando o que sente, seu olhar e principalmente sua entrega quando fizemos amor ainda pouco. 
Beijei sua boca com fervor, tendo a certeza que finalmente encontrei uma companhia para a minha vida. Eu não queria mais saber de mentiras e nem reservas, apenas sentir.

Quando Vivian foi embora do meu apartamento, em estava absorto nas sensações que havia acabado de experimentar. Me sentei na mesa do meu escritório olhando o meu notebook. Até então eu não tinha um título para o livro e nem o que escrever. Eu dizia a Vivian que estava escrevendo apenas para ter uma desculpa para que ela fosse em minha casa. Mas agora eu estava mais do que certo.

-Simplesmente amor. Esse será o título do meu novo livro.

Sim, eu sabia que esse título era do livro anterior, quando aquela decepção destruiu minha vida. Mas agora não, agora seria diferente. E eu escreveria exatamente como tudo começou.

Capítulo 16 - Vivian




Sabe aquela sensação estranha que você fica sentindo quando faz uma coisa que não sabe se irá se arrepender ou não? Pois é, era o que eu estava sentindo agora. Céus, eu transei com o Michael Jackson e agora não tenho cara para olhar pra ele. Eu estava tão extasiada com aquele momento que ainda confessei que estava literalmente apaixonada por ele. Droga! Será que eu cometi um erro? Ahr que seja, já era mesmo, já aconteceu e cá pra nós, o Michael é mais gostoso do que eu pensei. — Sacudi minha cabeça para espantar esses pensamentos. O que eu estava pensando? Que Michael viraria um amor só porque eu transei com ele e porque eu confessei meus sentimentos? Não, isso não era do feitio dele. 

Eu tinha acabado de sair do prédio onde trabalhava quando vi o carro do Richard parar ao meu lado, tirando-me dos meus devaneios chamado Michael Jackson. Eu poderia agradecer por ele aparecer nesse momento, mas... Era o Richard. Diminuí meus passos e deixei que ele me alcançasse.

— Aí, quer que eu te leve? — Ele gritou e eu parei.

— Ah, não se preocupe. Eu to bem.

— Qual é Vivian? Entra aí. — Rolei meus olhos, e acabei me rendendo a sua insistência.

— Tá bem. — Fiz a volta no carro e entrei no mesmo, ao seu lado. Ele sorriu e colocou o veículo em movimento.

— Richard é... Eu sinto muito pela àquela noite. — Murmurei e ele me deu uma olhada rápida.

— Tudo bem.

— Eu ainda liguei pra você, mas... — Limitei em dizer que Michael havia quebrado o meu celular por causa disso. — Eu sinto muito.

— Eu já disse. Está tudo bem. — Sorriu mais uma vez e percebi-o ponderando muito para não me perguntar nada.

— Que bom. — Fiquei em silêncio, observando a cidade passar através da janela do carro. 

— Como você o conheceu? — Richard indagou quebrando o silêncio que pela primeira vez estava sendo confortável.

— Quem? — Perguntei ainda olhando pela janela.

— O escritor. — Abri minha boca e arquejei.

— Aí está a resposta. Ele é um escritor.

— Não sabia que você gostava de ler essas coisas. — Havia muita coisa que ele não sabia. Sorri e fiquei em silêncio outra vez até concluir o trajeto até o meu apartamento. Agradeci ao Richard pela carona e me despedi. Ele ainda insistiu em subir comigo, mas eu disse que não precisava. A última coisa que eu queria agora era o Richard flertando comigo.

Mal tinha me jogado no meu sofá e alguém já estava tocando na maldita campainha. Me esforcei até chegar a porta, e quando abria a mesma, dei de cara com Michael encostado na parede do corredor, com as mãos enfiadas no bolso e com um sorriso de lado. Claro, só poderia ser ele, o único imprevisível que eu conhecia.

Fiquei parada olhando pra ele com uma serenidade estampada na minha cara, enquanto ele não tirava esse sorriso do seu rosto. Droga, por que ele não parava de sorrir assim? Estava me desconcertando.

— Oi. — Ele por fim falou.

— Oi.— respondi rápido — O que você está fazendo aqui? — pigarreei.

— O de sempre. — Franzi o cenho. Ele rolou os olhos. — O de sempre. Te deixando doidinha. — Sorri sem graça. Incrível como sua reação era normal depois de tudo o que acontecera na noite anterior.

— É sério Michael. O que você está fazendo aqui? — Ele deu dois passos largos até ficar bem perto da minha porta. Levantou mais a sua cabeça e sua expressão pervertida desapareceu.

— Estou a fim de uma companhia hoje. — Disse sério agora e eu engoli em seco. Michael Jackson estava se sentindo sozinho?

— De uma companhia? Você?

— Há alguma coisa de errado em eu querer uma companhia? — Arqueou as sobrancelhas.

— N... Não. — gaguejei. — Michael, já é tarde e... — Ele passou a mão no cabelo e desviou seus olhos para o lado.

— Ontem não pareceu muito tarde quando... — Murmurou insinuativo e com um tom carregado de sarcasmo. Estava demorando.

— Cala a boca! — Ordenei e ele calou-se. Sorriu e levantou as sobrancelhas. Encolhi meus ombros e abri espaço para ele entrar.

— Com licença. — Disse irritantemente e adentrou no meu apartamento. Fechei a porta atrás de mim e respirei fundo antes de começar a falar.

— Michael? — Ele virou-se pra mim e me encarou. — Eu... — Com ele ali no meu apartamento eu não tinha o que falar. Eu não conseguia se fosse para eu ter que puxar assunto.

— Eu estou com fome. Você não está? — Perguntou como se nada estivesse diferente entre nós. Cruzei meus braços e o encarei. Como ele fazia isso? — Quer jantar?

Michael Jackson, o idiota que sofreu por amor estava me convidando para jantar? Era isso mesmo? Porque juro que pensei que depois de ontem ele iria me ignorar ou que até mesmo se arrependera. Mas não, ele estava no meu apartamento perguntando se eu queria jantar.

— Eu não estou muito a fim de sair e...

— E quem disse que precisamos sair? — Franzi o cenho. — Você tem uma cozinha, certo?

— Espera aí. Você quer jantar aqui?

— Sim. — Deu de ombros. Se ele estava pensando que eu iria cozinhar pra ele estava muito enganado. Eu nem cozinhava pra mim, quanto mais pra ele.

— Eu não vou cozinhar. — Elucidei e ele sorriu.

— Certo. Eu cozinho. — Arqueei minhas sobrancelhas — Acha que eu não sei cozinhar, Vivian?

— Eu não disse nada. — Levantei minhas mãos em rendição. — Mas se você quer cozinhar a cozinha é toda sua. — Apontei para a minha cozinha.

—Ótimo!

— Enquanto isso vou tomar banho e... — Michael balançou a cabeça e mordeu o lábio inferior com uma malícia. — Vá para a cozinha Michael. — Ele sorriu de uma forma cafajeste e fez o que pedi.

Minutos depois eu já estava vestida em um moletom azul claro e com uma camiseta branca. Não queria pôr minha camisola com Michael na minha casa.  Enquanto penteava meus cabelos senti um cheiro ótimo vindo da cozinha. O que será que Michael estava aprontando? Larguei o pente na penteadeira e caminhei até a cozinha. Michael estava de costas, andando de um lado para o outro, com os olhos sérios e as sobrancelhas arqueadas. E seus cabelos agora estavam amarrados. Ele pegou uma colher e experimentou alguma coisa.Sobre a mesa havia uma tigela com macarronada que parecia estar uma delícia.

Ele cantarolava alguma coisa que não dava para entender nada. Ainda bem que ele era escritor, porque se fosse cantor... — Sorri com o meu pensamento. Ele fez uma dancinha com os ombros e sem perceber minha presença continuou cantando.

Me encostei no batente da porta observando ele sério, tão atento cozinhando. E num é que ele levava jeito pra isso. Quando ele percebeu minha presença, parou no mesmo instante e me encarou. Sua camisa estava com alguns botões abertos e seu peito branquinho estava a mostra. Aquela visão fez-me engoli em seco, mesmo sabendo que ele poderia ter feito aquilo apenas para ficar mais confortável enquanto cozinhava. Ou foi pra me provocar? Será?

— Você canta muito mal. — Comentei para disfarçar.

— Eu não estava cantando, só estava coçando a garganta. — Elucidou.

— Hurum... Sei. — Fingi acreditar andando até sentar-me em uma cadeira. — Que cheiro bom. — Fechei meus olhos e aspirei o cheiro da tigela.

— Gostou?

— Do cheiro sim. Mas só posso dizer se está realmente bom depois que experimentar. — Michael balançou a cabeça indignado. Pegou um garfo, meteu dentro da tigela, girou-o até estar enrolado pelo o macarrão e levou até a minha boca.

— Abra a boca! — Ordenou em um to baixo.

— O quê

— Você disse que só saberia se estaria bom depois que experimentasse. Então abra essa boquinha! 
— Eu abri a boca ele enfiou o garfo na mesma, tirou e eu mastiguei todo o macarrão. E hum... Estava muito bom mesmo, melhor que o cheiro.

— Ta bom. Eu subestimei suas habilidades na cozinha. — Confessei e ele sorriu.

— Você subestima muitas coisas, Vivian. — Disse e se virou para o fogão. Desligou a boca, segurou a panela com um pano de prato e despejou um molho na macarronada mil vezes mais cheiroso do que eu estava sentindo antes.

— O que é isso? — Perguntei.

— Meu molho especial. — Colocou água na panela e deixou-a sobre a pia.

— Tem suco na geladeira. Eu acho. — Eu disse e ele abriu a geladeira, tirando de lá uma jarra de suco de laranja. — Onde aprendeu a cozinhar?

— Sozinho. — Respondeu tranqüilo enquanto nos servia com a macarronada e depois despejou um pouco de suco em dois copos.

— Sozinho?

— Sim.

— Então você é mesmo o... Como é que se fala? É... — dei uma pausa procurando a palavra certa. — O foda? — Ele sorriu e deu uma garfada na sua macarronada.

— Me diga você se eu sou o foda. — Insinuou e eu quase me engasguei com o macarrão que estava mastigando.

— Olha Michael... Sobre ontem eu... — Ele soltou o garfo, tomou um gole do sugo e apoiou os braços na mesa com os olhos vidrados nos meus.

— O que aconteceu ontem? — Perguntou fazendo uma cara de paisagem. 

— O quê?

— O que você me disse. — Droga. O que eu disse a ele. Era disso o que ele queria falar. Senti meu rosto esquentando.

— Eu não deveria ter dito não é? — Murmurei sem olhá-lo.

— Me diga você. Se arrepende de alguma coisa? — Seus negros desconcertantes não me deixa concentrada na pergunta.

— Eu... Eu... Eu não sei.

— Você não sabe? Que ótimo! — Balançou a cabeça e voltou comer. — Eu não sofri exatamente por amor. — Ele disse alguns segundos depois como se estivesse querendo desabafar. Parei de comer no mesmo instante e levantei minha cabeça. Bem que eu desconfiei que havia algum propósito oculto naquela visita dele.

— Não?

— Não. O arrependimento foi o pior de tudo. Por ter me deixado levar por uma mulher que não me amava.

— Michael, não precisa falar sobre isso...

— Pra que tanta cerimônia, Vivian? Você já leu o livro mesmo. — Respirei fundo e esperei ele continuar. Ele encostou-se nas costas da cadeira e me fitou. — O nome dela era Jene. Quando eu a conheci eu já era famoso. Ficamos juntos por um tempo até que tudo mudou quando eu percebi que já estava pronto para torná-la minha esposa. Quer dizer, eu pensava que estava pronto. — Sorriu sem graça e balançou a cabeça.

— E o que aconteceu? — Perguntei.

— Ela não aceitou. — Deu de ombros com tranqüilidade.

— Não?

— Não. — Fiquei pensando que idiota recusaria um pedido de casamento de Michael Jackson. O que essa tal de Jane tinha na cabeça?

— E então você se sentiu magoado e a deixou? — Ele gargalhou alto.

— Se eu tivesse feito isso antes não teria escrito aquele livro. Não, eu não a deixei, ela quem me deixou.

— Por quê?

— Por que ela sabia que eu estava obstinado a torná-la a minha mulher. E ela que não foi nada otária me deu um pé na bunda.

— E foi por esse motivo que você se tornou um idiota? — Coloquei minha mão na minha boca percebendo na burrice que falei. — Oh, desculpe.

— Eu não me tornei um idiota. Eu só... Eu só deixei de ser otário. — Tem certeza? Pensei. — Passei a ter uma visão diferente sobre o amor.

— Você é um escritor literário, sabe que em histórias tanto em papel como na vida real acontecem essas coisas.

 — Ah Vivian, o problema é que em histórias é uma coisa, mas na vida real é outra. Achamos que sempre vai acontecer com as outras pessoas, mas nunca com a gente. — Pior que ele tinha razão.

— Você amava muito ela, não é mesmo? — Perguntei.

— Muito mesmo. Mas o que adiantou se eu acabei me fodendo no final? — Sorriu.

— Talvez ela não te merecesse. — Disse para que ele não ficasse se sentindo um otário.

— Não, ela não merecia mesmo. Percebi que eu era areia demais para o caminhãozinho dela. — Disse altivo.

— E o que você acha agora sobre o amor? — Seus olhos que estavam vidrados nos meus desvencilharam-se e ele se levantou para fugir da minha pergunta. Eu entendi que ele não queria responder e fiquei quieta.

— Vou lavar a louça. Já está tarde. — Disse retirando a mesa.

— Não. Deixa que eu faço isso. Você já cozinhou e... — Me levantei, mas antes que eu pudesse chegar perto da pia, ele estendeu a mão.

— Nem se atreva. Eu lavo. — Assenti e voltei a me sentar.

Cerca de 3 minutinhos Michael levou para lavar os dois pratos, os dois copo, os dois garfos e a panela que ele usou. Pegou um pano de prato e enxugou as mãos olhando pra mim.

— Não me olha assim. Eu sei que eu mando a ver. — Arqueei minhas sobrancelhas com a sua presunção. — Na cozinha e em outras coisas também — Concluiu com um sorriso sacana de lado. 

Esse era o Michael Jackson que eu conheci, presunçoso e soberbo. 

Ele olhou para o relógio que estava no seu pulso e depois voltou a olhar pra mim.

— Já vai?

— Quer que eu fique? — Perguntou lascivo.  Sorri.

— Tchau Michael.

— Tctau Vivian — Colocou o pano de prato em cima da mesa e passou por mim, indo para a sala.

Será que eu fiz mal deixando ele ir? Mordi meus lábios pensando nisso e fiquei balançando a perna freneticamente. Michael veio até o meu apartamento, cozinhou pra mim, falou sobre a sua vida e quando percebi isso acabei ficando embasbacada. Aquele idiota não era assim. Depois de tudo isso eu não poderia deixá-lo ir sem dizer nada. 

Me levantei mais que depressa da cadeira e corri até a sala. Ele estava atravessando a porta, então eu o chamei.

— Michael? — Ele parou e me olhou de cenho franzido. Eu caminhei devagar, com passos tímidos cheguei até ele e parei à sua frente.

— Vivian?

— É... Obrigada. — Agradeci.

— Por quê?

— Por ter vindo até aqui.  Por ter feito aquela macarronada.

— Disponha. — Ficou me olhando e sem resistir mais, fiquei na ponta dos pés, segurei seu rosto com minhas duas mãos e o beijei. Senti sua mão migrar para a minha cintura e apertar meu corpo contra o seu.

O beijo tinha sido rápido, mas foi significante e gostoso.

— Eu não vou te mandar flores e nem chocolates. — Levantei minha cabeça para olhar nos seus olhos. — Quero dizer que eu sou filho da puta complicado, Vivian. O que aconteceu ontem foi maravilhoso e não me arrependo — frisou —, mas quero te alertar de que eu não sou nenhum príncipe, se você quer mesmo entrar nessa.

— Eu sei. — Eu disse e sorri. Então ele levantou seu olhar acima da minha cabeça e lá vi ele se perder. Ele lambeu os próprios lábios e voltou a me olhar.

— Sendo assim, bem-vinda ao meu mundo. — Disse e saiu da minha frente, dando-me a visão dele andando pelo o corredor com as mãos enfiadas no bolso. Quando ele entrou no elevador, eu entrei no meu apartamento e fechai a porta atrás de mim.

Não sei se era idiotice o que eu estava fazendo, mas eu estava apaixonada demais por aquele homem para deixá-lo ir sem sequer lhe dá um beijo. Michael precisa recuperar sua verdadeira concepção pelo o amor, e hoje pude ter a certeza de que ele nem sempre fora assim. Michael Jackson tem outra personalidade escondida dentro de si, pronta para se mostrar. E talvez ele tivesse mostrado um pouco dela hoje pra mim, se eu não me engano. Só um pouquinho. 








Capítulo 17 - Michael




-Michael espera! --Ela me gritou antes mesmo que eu saísse, me mostrando que queria que eu ficasse, tanto quanto eu gostaria de ficar.

Levantei a sobrancelha esperando que falasse. 

-Acho que agora eu quero sair. --Me olhou sem jeito e eu sorri de lado. -Tem um lugar bacana pra dançar. Sempre quando estou feliz gosto de ir até lá. Pode ser? --Mordi o lábio e maneei a cabeça positivamente.
-Com certeza. --Ela sorriu para mim.

Vivian apenas pegou sua bolsa e um suéter e fomos juntos ao Dancer's Party, uma danceteria caipira do centro. Onde tinha mulher de botas e tranças e homens de camisa xadreza e chapéu de cowboy. É, não sei onde fui enfiar meu burro quando me meti com essa mulher e seus gostos duvidosos. Mas até que tocava uma música legal.

Senti os braços de Vivian envolta do meu pescoço, seu corpo colado ao meu, enquanto dançávamos aquela música lenta. Estava muito bom para mim. Aquela menina podia até ser uma boneca toda enfeitada, mas ela me agradava de todos os sentidos. Senti o cheiro de morango em sua pele me deixava inebriado. 

-Não conhecia este lugar. --Comentei olhando ao redor, eu estava impressionado com o aconchego. Parecia aquelas festas do interior, até o sotaque das pessoas que passavam por nós eram bastante carregado. -Muito bacana, adorei. --Ela sorriu agraciada, eu adorava o seu sorriso.
-Melhor do que os bares regados a muito porre que você gosta de me levar. --Aquelas broncas oportunistas que Vivian fazia questão de me dá! Olhei feio para ela. 
-E você adorava beber. Nunca te obriguei a nada. --Ela apertou meu ombro, rodou a cabeça concordando.
-Sim, fiz porque quis. Mas você teve influência, isso não pode negar. --Fiz mais ou menos com a cabeça. 
-Só pra te irritar. --Fiz cara de sacana e ela riu com ironia. 
-Eu sei. 

Por um segundo tudo ficou calmo entre nós, apenas ficávamos nos encarando de uma forma terna. Eu estava pensando o quanto minha vida mudou por causa da menina intrometida que se veste igual uma boneca. Pensei em o quanto eu queria beijá-la agora mesmo, o quanto eu a queria para mim. 

Seus lábios eram tão convidativos, e seu cheiro me enlouquecia. Esfreguei meu polegar em seus lábios. Vivian fechou os olhos demostrando o quanto sentia prazer com o meu ato. Inclinei minha boca depositando beijos em sua boca aos poucos. Era incrível o quanto estava entregue ao que eu fazia. Nunca me deparei com alguém tão receptiva. 

Não era o suficiente! Enfiei minha língua em sua boca, levando o ritmo do beijo mais sensual e mais intenso possível. Me sentia tão excitado em seus braços, sentia o quanto aquele momento era importante para mim. 

De repente me lembrei de tantas coisas, do que fui capaz de fazer a ela quando me vi encurralado. Eu queria ferir Vivian, queria que se mantivesse bem longe de mim, porém foi impossível. Quando vi, todos os meus desejos gritavam por ela no momento em que mais precisei de sua companhia. E olha só, ela está lá! Ao meu lado quando achei que mais ninguém estivesse. Eu não podia e nem queria magoá-la, nunca mais. 

-O que foi? --Perguntou com olhar assustado quando interrompi o beijo virando o meu rosto. -Aconteceu alguma coisa? --Balancei a cabeça em negativo, sentindo um pouco de angustia dentro de mim.
-Só não estou acostumado a me sentir assim. É tudo tão novo... --Ela segurou meu rosto, me fazendo olhá-la.
-Eu também não estou. Vamos descobrir juntos. --Nunca fiz nada junto com ninguém, tudo sempre foi sozinho. Nem sei como funciona, porém parecia muito bom. -Eu estou apaixonada, Michael. De um jeito que nem sei como explicar.

Tomei a boca dela de novo. Dessa vez bem mais forte que antes. Nossos lábios se pressionavam doloridamente. Eu a desejava com toda a minha alma. Percebi que estava entrando em um destino sem volta, porque eu também estava apaixonado. 

A deitei na cama com delicadeza. Vivian estava tão linda toda nua em cima da sua cama. Eu não tinha palavras para descrever os meus sentimentos. Ela era tão pura e inocente. 

Acomodei-me entre suas pernas, penetrando-a bem devagar. As reações dela eram as melhores possíveis. Seu corpo tremia, seus olhos se fechavam a cada vez que eu me afundava mais. O prazer atingia as minhas terminações nevosas sempre que ela se apertava envolta de mim. Céus, como eu estava louco! 

Meus lábios percorriam por seu corpo, fazendo-a gemer. Meus lábios prenderam envolta do seu mamilo, eu sugava e mordiscava sua pele macia. As mãos dela percorriam pelas minhas costas, prendia em minha nuca e, vez ou outra, apertava a minha bunda. 

-Michael eu amo você. --Sua confissão atingia-me com suavidade. Só me permiti sentir isso uma vez na vida e me decepcionei profundamente. Mas com Vivian eu sabia que seria tudo diferente. 

Aumentei os ritmos de vaivém indo cada vez mais fundo, ouvindo o seu gemido preencher o espaço silencioso. O suor escorria pelo nossos corpos, a atmosfera era de puro prazer. Eu estava quase lá. 

Vivian me apertou ainda mais do que eu já estava apertado. Pulsei com força esvaziando-me dentro dela, sentindo o orgasmo me consumir. Os músculos de Vivian tremiam, seu corpo arfou e ela se desfez para mim, tão serena e entorpecida, que parecia um anjo.

-Eu também amo você. --Confessei querendo de vez lhe mostrar o que sentia. E sim, estava amando Vivian com toda a minha expectativa e minha alma. Poderia ser a minha maior desgraça, mas também poderia ser minha maior felicidade.

Não queria pensar em desgraças no momento, queria só aproveitar. Vivian e eu tivemos uma noite incrível juntos, e eu não queria estragá-la com medos e questionamentos, muito menos pensar no amanhã. Amanhã deixa para amanhã. 

Vivian dormiu nos meus braços. Aquela foi a primeira vez que dormimos juntos. Acho que ficaria em seus braços pelo resto da vida. 

Quando o dia amanheceu eu fui o primeiro a acordar. Ela estava linda, graciosa, dormindo do meu peito, tive até receio em acordá-la quando me levantasse. Tomei o maior cuidado do mundo e tirei ela do meu peito. Vivian se mexeu um pouco e virou-se para o outro lado como se nada tivesse acontecido. 

Perfeita! Essa é palavra para defini-la naquele momento. O lençol cobria da cintura para baixo, suas costas inteiras ficou a mostra. A pele muito branca e macia despertava-me desejo e ânsia em tê-la mais uma vez. Preferi deixar os instintos de lado e deixá-la dormir. Vesti minha calça e minha camisa. 
Preparei um café da manhã para ela e lhe deixei um bilhete. Eu teria uma entrevista logo mais e não podia me atrasar. 

Acho que a palavra 'encantamento' era o que definia meus sentimentos naquele momento. Não parava de sorrir e muito menos lembrar da noite que tivemos. Acho que Vivian seria perfeita para mim. 

Meu humor estava tão bom, que até fui simpático com os fãs e distribui autógrafos de bom grado até no momento que a biblioteca ficou vazia. Quando sai, fiz questão de passar no trabalho dela para buscá-la. Queria passar mais um tempo com a minha namorada e aproveitar cada minuto.

Vivian adorava baboseiras românticas e essas coisas, então passei em uma floricultura, comprar algumas tulipas para lhe dar. Depois passei na Apple e comprei um celular novo, o ultimo eu havia quebrado por causa do ciúmes. Eu não fazia o tipo romântico, mas eu sabia que com ela eu poderia ser muito mais do que achei que seria. 

Subi as escadarias, com os pés saltitantes. Peguei o elevador quando entrei pelo salão e cheguei na sala de telemarketing no departamento de Vivian. Abri a porta e a primeira visão que tive acabou com todas as minhas estruturas.

Desfiz o sorriso bobo do rosto, ao dar de cara com a minha nova namorada beijando aquele esquisito que eu discuti no bar. O mesmo idiota ao qual eu havia quebrado seu celular por ciúmes. Aquele mesmo cara que me causava ódio terrível, estava beijando a mulher que havia confessado que amava. 

Fiquei parecendo um pequenez castrado segurando uma porra de flores e uma caixa de presente que continha seu novo aparelho. 




Capítulo 18 - Vivian



Richard sempre foi um cara legal, atencioso, bondoso, íntegro e se preocupava comigo, mesmo quando não precisava. Entrou na sala onde eu trabalhava e disse que queria trocar uma palavrinha comigo; saber como eu estava, e, como eu estava feliz demais e a sala tinha acabado de se esvaziar, decidi escutá-lo. O problema era que a minha mente estava em outra dimensão, nada do que ele proferia eu escutava, ainda estava extasiada por conta da noite passada, foi a mais feliz da minha vida. Michael estava correspondendo aos meus sentimos. Parecia ser um sonho. Quando o conheci, seu coração parecia uma pedra de gelo que precisava apenas de uma avidez para derretê-lo.

Perdida nos meus bons devaneios, senti uma coisa macia e carnuda encostar-se nos meus lábios, pressionando a língua para invadir a minha boca. Foi aí que eu me dei conta que o Richard agora havia extrapolado todos os limites. Ele estava maluco, só podia ser! Eu tentei empurrá-lo, mas não conseguia me mexer porque seus braços estavam envolvendo o meu corpo. Ele estava maluco, só podia!

Ao perceber que eu não iria ceder a passagem, ele desgrudou sua boca da minha e ficou me observando com uma feição frustrada. Detalhe: ele ainda não havia me soltado. No momento em que eu iria perguntar se ele estava maluco e ordenar que tirasse suas mãos de mim, percebi alguém na porta, e quando virei minha cabeça me deparei com a figura de Michael, com os olhos inflamados de pura raiva e ao mesmo tempo transparecendo uma decepção.

— Michael... — Falei por instinto, e quando Richard virou sua cabeça me soltou no mesmo instante quando viu quem era.

— Michael? — O tom na voz de Richard demonstrou que assim como eu, estava surpreso por vê-lo ali. 

Oh não, merda... Michael viu a cena do beijo. Quer dizer, a cena em que o Richard me roubou um beijo.

Olhei para suas mãos e vi que ele segurava em buquê de tulipas amarelas e uma sacola de uma loja de eletrônicos que havia aqui por perto. Ele havia dito que não iria me mandar flores e agora estava ali, na porta da minha sala segurando um buquê com tanta força que eu podia ouvi o som dos talos sendo amassados uns nos outros.

— Michael, não... Não é isso que você está pensando. — Pronunciei-me com cautela.

— O que ele está fazendo aqui? — Indagou o Richard confuso.

— Acho que já vi o suficiente, Srta. Murray. — Seu tom áspero e seco fez com que eu me arrepiasse, temendo que ele entendesse tudo errado. Merda, ele me chamou de Srta. Murray, isso não era nada bom.

— Vivian, o que ele está fazendo aqui? — Perguntou mais uma vez o Richard ao virar-se pra mim. Ele não podia ficar simplesmente calado ou cair fora da sala? Não bastava ter me beijado sem meu consentimento? Mas que inferno.

— Cala. Essa. Boca. Richard. — Grunhi olhando de soslaio pra ele.

— Tem razão babaca, — olhei para Michael quando ele se manifestou. — o que eu estou fazendo aqui? — concluiu. Deu um sorriso sarcástico sem humor e jogou o buquê no chão.

— Michael, não é isso... — dei dois passos em sua direção, mas ele estendeu a mão para que eu não prosseguisse. Segurou a sacola pelas alças e a pendurou na maçaneta da porta.

— Lembra daquele celular que eu quebrei — deu um ênfase no pronome — quando você estava falando com esse babaca? O que eu lhe devo está aí, Srta. Murray. — e saiu da minha vista.

— Espera Michael! — Gritei e tentei correr atrás dele, mas antes que eu pudesse dar mais de três passos, o Richard me segurou.

— O que está acontecendo? — Eu sem pensar suas duas vezes desferi um tapa no seu rosto que o fez virar a cabeça pelo o impacto. Eu não queria fazer isso, mas foi necessário para que ele soubesse que não se beija uma mulher sem a sua anuência, e que ele parasse de flertar comigo.

— Isso Richard. Você estragou tudo.  — Disse e puxei meu braço, em seguida saí correndo atrás de Michael que provavelmente não iria me dá chances de explicar.

Enquanto passava pelas secretárias que trabalhavam ao lado da sala de telemarketing, ouvi elas comentar sobre o escritor famoso e com um sorriso de orelha a orelha.

— Você viu? O escritor Michael Jackson acabou de saí daqui. — Umas delas falou dirigindo-se a mim.

— To sabendo. — fui rude sem perceber. Eu só queria alcançá-lo e dizer que eu não tive culpa daquele maldito beijo.

Uma vez já no estacionamento vi Michael andando com passos ríspidos em direção ao seu carro. Me apressei e corri antes que ele entrasse e saísse cantando pneu. 

— Michael, espera aí! — Gritei quando parei, coloquei minhas mãos nos meus joelhos e comecei a respirar fundo para recuperar o fôlego. Levantei minha cabeça e o olhei ainda de costas. — Me espera. — Eu disse mais baixo dessa vez.

Ele colocou a mão debaixo dos cabelos, coçou a nunca e virou-se para me encarar irritado.

— Porra escuta só! — Bradou exasperado e eu me encolhi sob seus olhos esfumaçando. — Eu contei minha vida a você, falei coisas que ninguém jamais soube, confiei em você, disse o que estava sentindo, — sorriu sem humor — até passei na porra de uma floricultura e compre tulipas pra você, coisas que eu nunca fiz antes por ninguém Viviam! Ai quando eu chego aqui na intenção de fazer uma surpresa, quem acaba levando a surpresa sou eu quando vejo minha namorada aos beijos com um babaca. Eu sou um idiota mesmo!

— O Richard que me beijou seu idiota! — Falei já quase irritada. Ele não me deixava falar.

— O quê?

— Ah... Isso chamou a sua atenção é?

— Ah qual é? Eu não sou burro, Vivian. Talvez eu tenha tido um lapso momentâneo de julgamento quando achei que você era mais do que ela, mas não é. É lógico! — Ele me insultou indiretamente, foi isso mesmo?

— Está me comparando com a sua ex? — Percebi ele hesitar um pouco para responder.

— Vocês só mudam de nome, idade e endereço. — Não acreditei quando ele disse isso.

— Sabe qual é o seu problema Michael? Você é inseguro porque sofreu uma vez. Ai agora que viu o que pensa que viu, quando na verdade entendeu errado não quer dá a mínima chance de eu explicar. Não aceita está equivocado.

— Ah é, o que você quer dizer com isso? — estreitou seus olhos nos meus.

— "Ah eu sou Michael Jackson. Escrevo livros românticos porque uma vadia fudeu com os meus sentimentos, então por isso escrevo livros para iludir as mulheres como uma forma de me vingar." — Dizia sarcástica rolando meus olhos. Então parei e olhei bem nos seus olhos. — Talvez tenha sido culpa sua ela ter te dado um pé na bunda. — Concluí sem conter minhas palavras. Sua expressão magoada fez-me perceber a merda que eu fiz, ou melhor, a merda que falei.

Ele comprimiu os lábios, franziu a testa e fitou o chão.

— Sabe qual é o pior sentimento do mundo, Vivian? É esse que estou sentindo agora.

— O que quer dizer com isso? — Perguntei baixinho com medo da resposta.

— Quando as pessoas vêem amor, esperam por ele, e eu não quero mais ter expectativas em cima de alguém. É como eu disse, o amor que você tanto defende só sabe fazer isso, fuder com a vida das pessoas.

— Então eu estou errada?

— E não está?

— Porra Michael, mas eu já disse que foi o Richard que me beijou. — Irrite-me mais uma vez. Ele era muito cabeça dura. — Você poderia pelo menos confiar em mim.

— E por que confiaria?

— Porque eu te dei um propósito, te dei a oportunidade de amar a pessoa certa, de ver os sentimentos por outro lado, pelo o lado certo. Me desculpe Michael por você ser quem você é agora, porque eu sou quem te ensinou a amar novamente. — Parei para recuperar o fôlego. Agora quem estava magoada era eu. 

Sei que qualquer um ficaria puto de ver sua namorada beijando outro, mas o caso aqui era diferente, o Richard que tinha me beijado, e se ele pelo menos parasse para me ouvir não estaríamos nessa discussão ridícula feito dois adolescentes no estacionamento do prédio onde eu trabalhava. Ele tinha um temperamento muito explosivo e se ele continuasse assim, essa seria a sua ruína.

— Nossa, parabéns. Belo discurso Srta. Murray. — Começou a bater palmas exprimindo seu sarcasmo. Disse Srta. Murray de novo.

Aquilo não poderia ir além. Aquele era ele, era o seu jeito, mas aquela não era eu. O Richard me beijou e ele teve um ataque de ciúmes, normal, era só pararmos para sentarmos e conversar. Séria maravilhoso se ele não fosse tão explosivo desse jeito. Dei mais um passo ficando mais perto dele e respirei fundo.

— Olha só Michael, você está de cabeça quente. É melhor conversarmos depois, certo? — Propus em um tom apaziguador.

— Um caralho. — Grunhiu, e eu revirei os olhos. E pra piorar as coisas, avisto o Richard passando no meio dos carros estacionados, vindo em nossa direção. O que esse idiota estava fazendo? Só iria piorar as coisas, oh Deus!

— Vivian? — Gritou quanto mais se aproximava da gente. 

Michael olhou pra ele e franziu o cenho furioso.

— Fala sério. — Murmurou e depois olhou pra mim apontando o dedo para o Richard — Não deixa esse babaca chegar mais perto não, se não ele vai ficar menor do que ele já é. — rugiu. Esbugalhei meus olhos ao perceber que ele estava falando sério.

— Michael? — O censurei com o meu olhar, mas ele não estava nem ai.

— Está avisada!

Merda, eu tinha que correr até o Richard e fazê-lo parar. Não tive escolha, Michael estava muito fora de si e eu não sabia do que ele seria capaz; nunca tinha o visto daquela forma.

Quando dei as costas pra ele e corri para parar o Richard, ouvi a porta do seu carro sendo batida e o som dos pneus rasgando o chão. Parei e olhei pra trás, Michael tinha se mandado dali.

— Droga. — Resmunguei.

Coloquei minhas mãos na cintura e abaixei minha cabeça deixando as lágrimas que marejavam meus olhos escorrerem. Michael era mais complicado do que eu tinha pensado.

— Dá pra você explicar porque me bateu? — Ouvi a voz do Richard atrás de mim. Passei a senti uma irritação por ela que não conseguia explicar.

— Porque meu namorado pegou você na minha sala me beijando. — Respondi sem olhá-lo.

— Namorado? O quê? — Seu tom surpreso era bem perceptível e ao mesmo tempo irritado. 

Me virei para encará-lo.

— Depois dessa seu idiota eu nem sei se tenho mais namorado.

— Você namora o escritor? — franziu o cenho — O que ele tem que eu não tenho?

— Sinceramente, eu não sei. Só me deixa em paz, você já fez muito estrago por hoje. — dei as costas pra ele e comecei a andar.

— Você mal o conhece, mas gosta dele. Ele é tão... Arrogante, soberbo, explosivo. Ele não te merece, Vivian.

— Pode ser, mas eu ainda o amo. — murmurei e continuei andando.

— Não pode ser. — ele veio atrás de mim — É por porque ele é um escritor e que chamou a sua atenção? — Preferia não ter ouvido isso, principalmente da boca do Richard. Parei e o fuzilei.

— Eu não estou com ele por que ele é um escritor. Eu estou com ele porque eu me apaixonei por ele. Deu pra entender agora seu imbecil? — Gritei fora de mim — Olha só, nunca mais se atreva a me beijar, e muito menos chegar perto de mim, entendeu? — Ele ficou calado. 

Enxuguei meu rosto com o dorso das mãos e entrei no prédio sem esperar uma resposta sua.

Preferi subi as escadas de emergia pra pegar minhas coisas e ir embora. Não queria encontrar com Richard. 

Juro que enquanto eu estava dentro do táxi quase pedi para que o motorista me levasse até o endereço do Michael, mas acho que não seria uma boa ideia. Com certeza ele ainda estaria de cabeça quente e eu só iria piorar as coisas. Aquilo não poderia ficar assim, ele teria que me ouvir e me entender... poxa, eu não fiz nada, e mesmo explicando que tinha sido o Richard que me roubara um beijo, ele ainda fez toda aquela palhaçada. Mal começamos e já estávamos assim. Que droga! 



Capítulo 19 -- Vivian

Peguei um táxi assim que meu expediente acabou, eu não podia voltar para minha casa, deitar a cabeça no travesseiro sabendo que Michael estava com raiva de mim. Eu sou inocente, e lutaria até o final para provar àquele idiota que nem todo mundo é como sua ex. 

Cheguei em seu prédio exasperada, sem cumprimentar direito o porteiro. Peguei o elevador já ficando sem paciência com a demora para subir. Quando a porta se abriu no andar dele, andei às pressas até o seu apartamento. 

-Michael! --Bati a porta fazendo um estrondo enorme. -Precisamos conversar e é agora! --Bati mais forte, deixando bem claro que não fui para brincadeiras. 

Não tive nenhuma resposta, apenas um silêncio horrível do outro lado. 

-Michael abra essa porta! --Ordenei. Estava com medo dos vizinhos chamarem a polícia por conta do escândalo.

Minha determinação estava bem além do que eu esperava, se fosse em outro momento eu jamais teria coragem de fazer um estardalhaço apenas para tentar provar alguma coisa. Eu sabia que não tive culpa, acreditasse quem quisesse. Mas eu entendia que Michael sofreu por amor, sei o quanto deve ser perturbador se apaixonar e descobrir que a pessoa não era nada do que você pensava, descobrisse que fosse falsa. Ele havia passado por cima do seu medo e estava tentando ser para mim uma pessoa especial. Eu definitivamente não podia deixá-lo assim.

-Vá embora, Vivian. Não quero falar com você. --Sua voz não era rude e nem raivosa, era incrivelmente tranquila. 
-Não vou embora sem conversarmos. Aquilo foi ridículo, Michael. Eu não beijei o Richard, você vai ter que acreditar em mim. --Ouvi sua risada.
-Aquilo foi realmente ridículo, como você pôde me trocar por aquele esquisitão? --Mas o que? Pisquei meus olhos freneticamente, por ter acabado de notar que Michael Jackson era um cretino convencido. 
-Está bem, oh gostosão que não pode ser trocado por ninguém. Abra a porta e vamos conversar. 
-De jeito nenhum, não quero falar com você. --Coloquei a mão na cintura, e bati meu pé ao chão. Eu estava mesmo discutindo com uma porta, quem passasse por ali diria que sou louca. 
-Você parece um menininho de cinco anos, birrento. Qual é a sua, Jackson? Quer que eu implore? 
-Eu quero que vá embora, eu já disse. Você beijou outro cara, um que as roupas são bem maiores do que seu próprio corpo. Que óculos são aqueles? Será que esse cara perdeu alguma aposta de quem consegue ser mais cafona? --Sorri, mesmo o momento sendo de puro desespero.
-Viu só? Eu não trocaria você por ele, ou por homem algum. Richard é legal, mas é você que eu amo. Por favor, vamos conversar como dois adultos? 
-Não vou abrir a porta, Vivian eu já disse. Quem sabe amanhã quando você voltar eu posso abri-la, ou mandá-la logo para a puta que pariu. --Apertei meu punho granindo alto. Michael estava me fazendo perder a estribeiras. 
-Argh! Maldito! Está certo! Se não será por bem, vai ser por mal. Eu vou arrombar essa porta, Michael e vou dar uns bons apertões de orelha em você. É assim que se faz com uma criança, não é? 
-Arrombar a porta? Duvido que consiga, é tão frágil que nem vai fazer o menor ruído. --Revirei os olhos, me sentindo uma idiota por discutir. Eu poderia simplesmente ir embora e nunca mais olhar na cara daquele escritor de uma figa. Mas era o homem que eu amava, estava caidinha por ele, e não deixaria tudo ir por água abaixo.
-Você dúvida? Observe. --Levantei a a mão aberta, como se pedisse a porta para esperar. 

Caminhei de ré, até do outro lado do corredor, tomei impulso, respirei fundo. Acho que estava ficando louca, mas Michael fazia isso mesmo comigo, me deixava completamente insana, com absolutamente tudo. Comecei a correr do lado para o outro, projetei meu corpo para frente, trombando violentamente contra a porta dura que me arremessou de volta para atrás, jogando-me ao chão. Droga! Ele tinha razão, nem fez o menor movimento.

-Doeu muito, Srita Murray? --Sua gargalhada me deixava possessa. 
-Não, idiota. Tentarei mais uma vez. --Levantei-me, arrumei o meu vestido que havia amassado e voltei para outro lado do corredor, para tentar mais uma vez. 
-Prepare-se, Jackson, porque quando eu abrir essa porta, você vai me ouvir. 
-Boa sorte! 

Fechei a mão com força, canalizando toda a raiva que eu sentia de Michael, naquele momento, em meu objetivo em fazer aquele porta ir a baixo. Respirei fundo, tomei impulso e fui com tudo projetando meu corpo contra a porta aos gritos. Quando meu corpo encostou no atrito, senti que a porta se abriu, tentei parar, mas já era tarde demais, fui ao chão contemplando a figura de Michael ao lado da porta, com certeza o filho da mãe abriu no exato momento. Meti minha bunda com tudo ao chão. 

-Ai droga! O que deu em você? --Passei a mão onde doía. 
-Eu decidi abrir, não tive culpa se você é louca o suficiente pra continuar com isso. --Pus-me de pé, morrendo de raiva. 
-Se você tivesse aberto antes. --Desferi vários tapas nele, onde quer que eu encontrasse. -Como você pôde duvidar de mim? Como você teve coragem de achar que sou uma vadia que saio por aí beijando qualquer um? --Senti meu coração pesado agora, uma vontade de repente de chorar. Acho que foi por estar diante dele, lembrando de tudo que disse. 
-Não é você, Vivian, sou eu. Eu tenho um tipo raro de imã que atrai dor e abandono. É um dom, sabia? --Ele sentou-se no braço do sofá. Balancei a cabeça freneticamente, lutando para não chorar. 
-Eu. Nunca. Trairia. Você. --Eu precisava que ele entendesse bem, por isso falei pousadamente. -Eu amo você. Será que não é claro o suficiente? --Michael desvencilhou seus olhos de mim, seu maxilar estava duro e irredutível. -Michael! --Segurei seu rosto com uma mão, fazendo me olhar quando me aproximei.
-E por que não? Machuquei você tantas vezes, que não me surpreenderia o troco. Eu não quero.. sofrer mais. Será que você consegue entender? 
-Então não vamos sofrer. Jamais daria o troco dessa forma, eu jamais te machucaria a esse ponto. Preciso que confie em mim, não posso tentar arrombar sua porta todas às vezes que pensar que trai você. Precisamos agir como dois adultos e conversar. 
-Eu disse que sou um problema, mas não me deu ouvidos. 
-Você é problema pra mim desde que encontrei seu primeiro livro enfiado naqueles tantos, da livraria. Se eu soubesse, não teria tido tanto trabalho pra retirá-lo de lá. --Ele tentou muito não sorrir, mas acabou fazendo e eu o acompanhei. -Eu não beijei o Richard. --Retomei o assunto. -Foi ele quem me pegou desprevenida. Richard sempre achou que pudesse me conquistar um dia, mas eu nunca o vi além do que um simples amigo. --Michael ficou pensativo, com certeza analisando bem a situação. 
-Eu sou ciumento além da conta, e isso é bem claro quando o assunto é você. É difícil de controlar os meus instintos, e, se for mesmo verdade o que acabou de me dizer, o problema se torna ainda mais grave. --Sorri de canto achando aquela massa de homem descontrolado e ciumento a coisa mais fofa desse mundo. Isso explica o quanto gosta de mim. Aproximei do seu corpo, enlaçando meus braços em seu pescoço. 
-A gente dá um jeito. --Rocei meus dedos em sua nuca. -Qualquer coisa eu dou uns tapas em você, então o problema está resolvido. --Ele riu, o sorriso mais lindo do mundo, me deixando aliviada. 
-Eu amo você, Vivian. É esse o problema. 
-Eu não seria capaz de magoar você. Não do jeito que teme. Eu estaria magoando a mim mesma, traindo os meus próprios sentimentos. --Seu olhar terno me mostrava que acreditava. Eu precisava beijá-lo e foi o que eu fiz.

Nossos lábios se juntaram suavemente de início, Michael que ditou o ritmo mais forte, embolando sua língua macia na minha. Fazendo com que eu sentisse o seu amor. Foi anestésica a sensação de saber que não iríamos prosseguir com aquela briga desnecessária, foi maravilhoso saber que o homem que estava apaixonada me amava do mesmo jeito. Eu só queria sentir a emoção de estar em seus braços, de beijá-lo como se fosse o meu último suspiro. Suas mãos quentes e grandes percorrendo pelo meu corpo, eu o amava com a minha alma. Os beijos foram terminando com selinhos longos, mordi seu lábio superior sugando com força. 

-Eu te amo. --Disse eu. Ele maneou a cabeça, como se entendesse bem, e que levaria em conta se por um acaso acontecesse de novo.
-Eu sei. Mas se esse nerd filho de uma puta se meter com a minha garota de novo, eu farei questão de ajustar aquelas roupas direitinho dentro do corpo magro do idiota. --Gargalhei balançando a cabeça. 

Nos beijamos mais umas tantas vezes, e eu decidi que passaria a noite inteira com ele naquela noite.
Capítulo 20 - Vivian


— Hoje você fica! — Isso soou como uma intimação. De qualquer forma eu iria ficar mesmo. Balancei a cabeça assentindo e voltei a beijá-lo, só que dessa vez percorrendo minhas mãos pelos botões da sua camisa e desabotoando-a com calma. Ele levantou os braços e separamos nossos lábios tempo suficiente para tirá-la.

— Quero ir para o seu quarto. — Sussurrei contra os seus lábios, agora descendo minhas mãos até a sua calça, e ele gemeu contra a minha boca.

— Hum... Percebi. — Sussurrou de volta e desceu uma de suas mãos pela minha costas até chegar na minha bunda, apertando-a. Depois ele levantou-se, abaixou o meu zíper e puxou meu vestido para baixo, fazendo-o ir ao chão, me deixando apenas de calcinha e sutiã. Segurou firmes as minhas coxas e as levantou, enlaçando-as no seu quadril, fazendo-me ficar suspendida no seu corpo, sem parar os beijos. Ele andou e eu pude ouvir a porta do quarto sendo batida antes de senti algo macio nas minhas costas, depois desceu as mãos pelas laterais do meu corpo até encontrar meus joelhos; abriu minhas pernas e se acomodou entre elas.

Eu queria senti-lo, e logo, depressa. Agarrei nos seus cabelos com minhas duas mãos e o puxei para mim. Ele entendeu bem o que eu queria e interrompeu o beijo, se afastando por tempo suficiente para se livrar da suas calças e da sua cueca, e jogá-las longe, me dando a visão da sua masculinidade grande e já ereta. Não via à hora de senti tudo aquilo dentro de mim, fazendo-me sua mais uma vez.

Voltamos a nos beijar, mas dessa vez sem delicadeza nenhuma. Eu ansiava por ele, o desejava como nunca...

Já em cima de mim novamente, enquanto beijava meu pescoço, Michael ergueu minhas costas e tirou o fecho do meu sutiã, jogando-o bem longe. Meus seios pularam para fora e sem esperar mais um minuto, ele colocou a língua para fora e acariciou os dois mamilos com a ponta antes de enfiá-lo na boca de vez e chupá-los com uma ânsia animal. Meu corpo todo se eriçou com o que eu estava sentindo roçar na minha coxa, e me vi em um arquear quando ele começou a se deslizar por cima de mim, fazendo pressão no ponto exato que eu sentia pulsar.

— Ah, Michael! — Gemi, esfregando-me no seu pau duro, e desejando que ele pulasse as preliminares e enfiasse logo toda sua gostosura dentro de mim.

Michael juntou meus seios e os chupou de uma só vez antes de largá-los, e, sem desgrudar seus olhos dos meus, foi fazendo uma trilha de beijos pela minha barriga até chegar no meu ventre... Ah, eu sabia o que ele iria fazer, o que me deixava mais insana.

Ele segurou nas laterais da minha calcinha e puxou-a para baixo, devagar, sem desviar seus olhos dos meus. Porra, isso era tão sensual. Sua expressão devassa só fez acionar mais um botão dentro de mim.

Suas mãos seguraram minhas coxas com firmeza enquanto descia seus lábios pelo meu monte de vênus. Meu desespero era tão grande que vi minhas mãos migrarem para os seus cabelos e puxá-los.

— Eu vou chupar você, sabe por quê? — eu arquejei como resposta. — Porque você é minha, só minha.

Quando senti sua língua tocar no meu clitóris gemi seu nome, alto. Arqueei minha cabeça e ele passou a me chupar de uma forma tão deliciosa que parecia que tudo ao meu redor tinha desaparecido, tive até que segurar o lençol embolado para não cair da cama. Michael tinha uma língua extraordinária que podia levar uma mulher até a lua.  

— Gostosa, é isso que você é. — Disse com a voz rouca e cheia de tesão, e abaixou a cabeça novamente para me tocar com a língua.

— Michael, por favor! — Supliquei querendo mais, e então ele parou os movimentos com a língua e o que eu pude senti foi seu bafejo banhando meu clitóris latejando que ele mesmo tinha provocado. Oh, droga! Ele queria me provocar. Fechei meus olhos com força e mordi meu lábio inferior necessitando que ele voltasse a fazer o que começara.

— Por favor, o quê, Vivian?

Balancei minha cabeça de um lado para o outro, desesperada.

— Vamos Vivian. Eu quero saber o que você quer. Quero ouvir você falar. — Disse ele com um sussurro.

— Eu... Eu... Eu quero que você me chupe. — Não consegui aguentar.

— Oh sim, minha doce Vivian! — Exclamou antes de voltar a deslizar sua língua pelo o meu sexo, me lambendo, me chupando com vontade que, não tardou para que meu mundo explodisse em espasmos, sentindo a sensação se prazer atravessar meu corpo.

Mal deu tempo para que eu me recuperasse do primeiro orgasmo e Michael já estava se deitando em cima de mim, me tirando do mundo da lua.

— Então agora eu vou meter em você, certo? Bem gostoso. — Sussurrou ele junto ao meu ouvido depois que abriu mais as minhas penas e encaixou sua glande na minha entrada.

— Michael? — O chamei e ele parou, me dando atenção. Toquei no seu rosto com as duas mãos e levantei minha cabeça para beijá-lo rápido. — Eu amo você. — Vi um lampejo nos seus olhos de contentamento quando eu disse isso. Ele se apoiou com o braço no colchão e fez um afago nos meus cabelos,começando a me penetrar em um ritmo torturante. Uma vez já dentro de mim por completo, ele parou de novo e me encarou por alguns instantes. Estar totalmente preenchida por ele era como estar nas nuvens. Depois ele recuou o quadril e em seguida o arremessou para frente com um movimento delicioso, arrancando de mim um gemido de prazer. E assim repetiu várias vezes.

— Está gostoso? — Ele sabia que tava, impossível não estar. E inclusive, estava bom demais.

— Ahr Michael... Tá sim. — Grunhi, descendo minhas mãos pelos seus braços.

Ele exprimiu os olhos, jogou a cabeça para trás e soltou um gemido rouco enquanto começava a se movimentar mais rápido, o que causava frenesi a cada investida. Eu até movi o meu quadril para acompanhar os movimentos dele e isso pareceu fazê-lo perder o controle.

— Isso. Você é incrível. Porra, como você é aperta. — Arquejava enquanto se movia dentro de mim. 

— Isso aqui vai ser meu pra sempre.

Enlacei a cintura dele com minhas pernas, envolvi meus braços no seu pescoço e o puxei para mim. Sentia o calor do seu hálito quente bater no meu pescoço, e as palavras insanas murmuradas por ele eram como musica para os meus ouvidos.

O prazer que vinha crescendo dentro de mim atingiu a plenitude das sensações quando ele beijou meus lábios e disse:

— Porra, como eu te amo tanto. — Me deixei inundar pela sensação de êxtase total, e em seguida depois de mais duas estocadas ele já se contorcia por cima de mim, grunhindo baixinho, se desfalecendo, conseguindo alcançar o apogeu sem deixar de me encarar.

Era maravilhoso ouvir sua respiração pesada enquanto ainda estava colado a mim. Talvez eu quisesse mantê-lo ali. Mas infelizmente ele saiu de dentro de mim e caiu ao meu lado, com uma expressão satisfeita. Era bom saber que eu era a responsável por isso. Ele era meu, só meu.

— Fica de lado. Vamos dormir. — Ordenou ele com a voz macia, e eu nem hesitei em obedecer. Senti seu nariz nos meus cabelos e uma de suas mãos na minha barriga. Estávamos de coxinhas? Era isso mesmo? Bem, que fosse. Eu não iria comentar, até porque também o sono não me deixava, eu estava exausta, tanto que acabei adormecendo.

(...)

Eu me vi sozinha assim que abri meus olhos e os passei pelo quarto de Michael. Ele não estava ali. Em meio a um bocejo eu vi que seu relógio estava em cima do criado mudo e o peguei. Era quase duas horas da manhã. Merda! Agora eu não iria consegui mais dormir.

Me levantei da cama e catei minhas roupas intimas, em seguida pus a primeira camisa do Michael que encontrei jogada pelo o quarto. A mesma que ele estava quando cheguei aqui. Nossa, parecia mesmo um vestido em mim; tão cheirosa. — Sorri com essas bobagens que passava pela minha cabeça. Eu tinha que encontrar Michael.

As luzes estavam todas apagadas, e quando eu cheguei na sala vi Michael de calça moletom e sem camisa sentado no sofá de costas pra mim, alguma coisa clareava o ambiente e quando cheguei mais perto dele vi que tinha um notebook nas suas penas que estavam apoiadas em um centro. Ele ainda não tinha me visto, então eu passei a mão nos meus cabelos para ajeitar qualquer desgrenho que tivesse e fiz meus passos audíveis. Ele parou de digitar e girou a cabeça para trás.

— Vivian? — Seu tom era calmo, fora do normal, o que pra mim era novidade. Eu sentei ao seu lado e olhei para a tela do notebook. Ele estava escrevendo algum romance, percebi isso pela estrutura e a formatação do texto. Porém não consegui identificar porque ele fechou o aparelho rapidamente. Será que era o livro sobre a minha vida?

— Quando eu acordo na madrugada, não consigo mais dormi. — Enunciei com a voz baixa.

— E é? — Seu tom lascivo e debochado não passou despercebido, mas não liguei.

Eu balancei a cabeça em positivo e ele esticou seu braço nas costas do sofá.

— O que você estava fazendo? — Perguntei a ele.

— Nada demais.

— Nada? — Arqueei as sobrancelhas.

— Demais. — Completou irônico e eu sorri.

— Gosta de escrever nas madrugadas?

— Às vezes. Quando a inspiração bate na porta, um escritor não pode perder tempo dormindo.

— Eu não acho que isso seja só por inspiração. Acho que isso já é um costume seu. — Algo me dizia que Michael escrevia na maioria das vezes pelas madrugadas.

— Vamos supor que seja um hábito e uma inspiração em especial. — Tá, essa eu não entendi.

— Inspiração em especial? — Ri de leve achando engraçada a forma que ele falara, mesmo sem entender.

— Do que é que você está rindo? — O incomodo da sua voz fez-me parar de sorri.

— É que... Ar... Nada demais. — Respondi me recompondo.

— Quer ver uma coisa? — Indagou ele após alguns instantes.

— O quê?

— Quer ou não quer? — Perguntou fingindo impaciência.

Assenti balançando a cabeça.

Ele abriu o notebook de novo e o ligou, se mexeu no sofá, encostou suas costas no braço e abriu as pernas.

— Vem pra cá. — Me chamou para perto e eu fui de bom grado, me colocando entre suas penas e aconchegando-me no peito nu e bem quentinho. Como era bom estar ali.

O notebook ficou nas minhas penas, ele abriu o editor de texto e lá eu pude ver o título “Simplesmente Amor” destacado no cabeçalho.

— É a minha vida em escrito? — Perguntei antes de começar a ler?

— A nossa. — Respondeu, ressaltando sem hesito. Um sorriso de satisfação e felicidade se brotou nos meus lábios.

— Posso ler?

— Bom... Eu nunca deixo lerem meus trabalhos em produção, mas nesse caso como é sobre a sua vida...

— Nossa vida. — Corrigi com uma pontada de humor.

— Nossa vida. — Reforçou sorrindo.

— Tá legal, eu vou ler um pouco então. — Disse eu e comecei a lê, e fiquei fazendo isso por muito tempo admirando cada palavra que ele descrevia minha pessoa. Por um minuto chegue a pensar que 
ele tinha exagerado quanto a isso, mas pensando bem essa era exatamente como eu era. Parecia que ele e conhecia há séculos... Sua escrita estava um pouco alterada, estava transmitindo um ar de sinceridade, era real.  Me empolguei tanto enquanto lia mais e mais que nem percebi que já havia se passado quase uma hora. Olhei no rodapé da página e vi que já havia lido muitas páginas. E o mais impressionante é que já tinha quase cem folhas adicionadas ao arquivo, o que significava que a história já estava bem avançada. Como eu não sabia disso?

— Nossa. — Murmurei boquiaberta.

— Gostou do que leu?

— Cla-claro. Isso está maravilhoso.

— Bom, eu sou maravilhoso, modéstia à parte. — Disse ele deixando seu ego lá em cima.

— Você já escreveu tantas coisas. Não sabia que já estava tão avançado assim.

— Não falta muita coisa para terminar.

— Como assim?

— Eu já tenho um desfecho para essa história.

— A é? — Virei minha cabeça para fitá-lo, esperando ele me dizer.

— Nem vem que eu não vou contar.

— Ah Michael, qual é?

— Eu não posso. Um escritor nunca conta suas histórias para outra pessoa antes de concluí-las.

— Eu sei, mas é que... Eu to curiosa. — Fiz cara de manha.

— Ah... Pena que a curiosidade matou o gato. — Disse sarcástico.

— Você é insuportável às vezes. — Ele arqueou as duas sobrancelhas. — É isso mesmo. — Reforcei para provocá-lo.

Ele sorriu e passou a mão nos meus cabelos, afagando-os.

— E você é adorável mesmo fingindo estar irritada. — Sorri. — Quer me ajudar em uma coisa?

— Em quê?

— Tem coisas que eu ainda não sei sobre você.

— Isso vai ser legal. — Falei empolgada.
Ele rolou as folhas até chegar na última e ali começamos a entrar no contexto da “nossa vida” enquanto ele escrevia. Era maravilho estar ali com ele, daquele jeito. Nunca pensei que viveria desse jeito com um homem, com meu escritor favorito. Ele era meu; eu o amava. 








Capítulo 21 - Michael 



Me remexi sentado na poltrona. Olhar atento à tela do notebook, um sorriso de satisfação no lábio. A barra de rolagem comprimida, e as páginas do word completa. Sinal de que Simplesmente Amor estava finalizado. 
A sensação de dever comprido era ainda mais satisfatório. Eu estava mais que ansioso para lançá-lo definitivamente.

Quis fazer uma biografia de tudo que vivi que Vivian até aqui; nossas brigas, eu sendo um cabeça dura, nós dois nos apaixonando. Acho que uma das melhores coisas que consegui traduzir naquele livro, foi que, não precisa ser perfeito para ser especial. Vivian e eu éramos o tipo de casal imperfeito, cheios de defeitos e infortúnios que, no final das contas, nos tornamos loucos um pelo outro. Era como se tudo que eu vivi até agora fez algum sentido.
Óbvio que tive que levar um pé na bunda, só assim pude conhecer a mulher da minha vida, só assim eu pude sentir de novo aquela magia de que todos sentem e de que tanto ignorei. Pelo menos agora, pela primeira vez na vida, escrevo algo verdadeiro. Algo que não precisei inventar para vender. Os sentimentos, as histórias, e até os momentos de risada que, provavelmente arrancaria dos meus leitores, eram tudo verdadeiro. 
Simplesmente Amor era uma comédia romântica, ao qual aconteceu espontaneamente, como uma obra do destino. 

Entreguei o manuscrito para a minha editora, já ansioso para o lançamento. Nunca me senti tão empolgado para um lançamento de uma obra escrita por mim como naquele dia. Acho que nem o meu primeiro trabalho não me deu tanta euforia. Acho que era mais pelo fato de olhar na carinha de Vivian e saber o quanto ela estava feliz. Uma fã tendo uma oportunidade de conhecer uma obra feita em cima da sua vida pessoal, com o escritor que acabou conhecendo, os seus dois lados da moeda. 

-O lançamento será mês que vem, Sr. Jackson. --Forbes me disse assim que assinamos o contrato. 
-Ótimo! Mais rápido do que pensei. 
-Não queremos demorar muito. O senhor ficou meses sem lançar nada, seus fãs estão ansiosos. --Abri um sorriso em satisfação. 
-Acho que eles nunca verão algo como isto. 
-Eu não duvido. Simplesmente Amor é uma obra prima. --Maneei a cabeça em agradecimento. 
-Obrigado, Forbes. Até o lançamento. --Apertamos as mãos. 



Vivian estavam me esperando no parque sentada em um dos bancos postos em frente ao lago. Vim por trás sem fazer o menor barulho e tapei seus olhos. 

-Hum, deixa eu ver quem é? --Suas mãos suaves apalparam as minhas por cima dos seus olhos, fingindo não saber de quem se tratava. -Acho que é um escritor arrogante, que apareceu na minha vida como um relâmpago tirando de mim todo o bom senso. --Gargalhei saindo de trás dela e me sentando ao seu lado.
-Uau! Então quer dizer que lhe tirei todo o bom senso? --Ela assentiu segurando o riso. Aqueles olhos azuis ficavam ainda mais reluzentes à luz do sol. -Posso tirar outras coisas também. --Dei uma de malandro atacando sua barriga com cócegas. Ela riu, o sorriso mais lindo que já vi.

Minha bonequinha olhava-me com ternura. Eu a amava tanto que meu interior todo era atingido por uma emoção singular. Acho que aos poucos eu me transformava em um bobão, mas posso assegurar que era o bobão mais feliz do mundo. 

Acarinhei o seu rosto, pedindo para beijá-la. Seus lábios pressionavam-se nos meus com ânsia. Eu amava a sua forma entregue em receber os meus beijos. Era quando eu sabia que Vivian me amava tanto quanto eu. 

-Tenho uma novidade. --Comentei sentindo suas mãos limpar os meus lábios pelo beijo anterior. 
-Sério? Então me conte. --Se ajeitou no banco, prestando atenção em mim. 
-O livro já está pronto e tem uma data de lançamento. --Vivian se alegrou toda, reprimindo um grito. 
-Ai, meu amor, estou tão ansiosa! Não vejo a hora de lê-lo direito. Você só deixou algumas linhas, muito poucas. --Fez bico. 
-E foi muito. Não era pra você ter lido nada. Mas como é teimosa, na verdade você é sempre teimosa. --Senti um tapa na minha perna. 
-Se trata da minha vida, eu tenho que saber mesmo. Só espero que tenha colocado as minhas sugestões. 
-Se trata da nossa vida, e sim, eu tentei colocar o que você pediu. Mas não só essa surpresa que tenho pra lhe contar. Mas essa você só vai saber no dia do lançamento, não agora. 
-Ah não, Michael. É sério que você vai me deixar curiosa até o dia do lançamento? --Assenti.
-Yep. 
-Quando eu digo que você é mau, ainda acha que é implicância minha. --Vivan era adorável brava. Tão adorável que eu não resistia. Suguei seus lábios, sendo repelido por ela, aos tapas. Era seu modo de dizer que não estava satisfeita com o meu silêncio. Gargalhei adorando encher o saco dela.

Em pesar que eu amava Vivian com todo o meu coração e a queria para sempre na minha vida, era realmente como renascer de novo. Ela era minha, e se dependesse de mim seria para sempre. 

O evento no Hotel Liberty estava repleto de convidados. Fãs, assessoria de impressa, fotógrafos, pessoas importantes. Vivian e eu. Meu coração estava tão acelerado que parecia que sairia pela boca. Nunca me senti dessa forma em anos.

Vivian estava linda, usava um vestido preto delicado e bem sensual. Com uma presilha de lacinho na lateral do cabelo. Ela jamais dispensaria o seu estilo, para a minha sorte, pois eu a amava do jeito que é. 

-Eu quero que esteja ao meu lado quando eu discursar. --Comentei para ela, no canto lateral do pequeno púlpito. 
-Tem certeza? --Me perguntou com uma expressão desconfiada. -Foi onde tudo começou, quer mesmo que eu te envergonhe? Posso contar muitas coisas horríveis ao seu respeito. --Ela levantou a sobrancelha com um divertimento impresso nas palavras. 
-Você não faria isso, aliás, eu tenho algo a dizer ao seu respeito para toda essa gente. --Dei meu recado e sai. Vivian ficou lá apavorada, de olhos arregalados e boca aberta, toda nervosa sobre o que eu falaria para todos.
-Michael, volta aqui! --Ergui os ombros me afastando cada vez mais. 

Deixá-la apavorada era o ponto alto do meu dia desde sempre. 

Fui chamado ao púlpito com Vivian ao meu lado. Eu diria algumas coisas sobre o livro e finalmente revelar a surpresa que estava guardando para a minha namorada. Acho que ela iria gostar e se surpreender também. 

-Quando eu decidi escrever esse livro, eu nunca imaginei que as coisas tomaria um rumo ao qual tomou. --Comecei o meu discurso com Vivian ao meu lado acesa para falar, dava para ver no seu tom de pele avermelhado. -Achei que seria mais uma obra que falaria sobre uma menina ingênua que se apaixona por alguém intocável. Assim como algumas na vida real. 
-Na verdade. --Vivian tomou o meu microfone. Eu disse que ela estava doida pra se manifestar! -Ele achou que me sacanearia para ganhar seus méritos em cima de mim. Mas acabou se apaixonando. --Todos soltaram uma sonora risada. Ela apertou os lábios formando uma linha, rolando seus olhos expressando uma situação vergonhosa. 

Sorri para a minha linda namorada, sabendo que ela com certeza não perderia a chance de salientar este pequeno detalhe. 

-Não vamos detalhar muito a situação, minha querida. --Eu não queria ter de explicar o início daquela confusão toda, então mudei rapidamente de assunto. -Acontece que quando comecei a escrever Simplesmente Amor, era para ser outro tipo de gênero, uma pitada de romance, com um querendo sobrepôr ao outro. Uma briga interna entre amor e recusa. --Pensei bem sobre o que eu queria e sobre o resultado final. --É, acho que cheguei realmente ao ponto que queria. --Todos riram, inclusive Vivian. 
-É verdade que o senhor implicava com o laço do cabelo dela? --Um cara levantou-se da pequena platéia e eu me surpreendi por encontrar um homem em um lançamento meu. Em sua maioria eram mulheres. Todos riram novamente. Acho que gostaram da parte do laço. 
-Era medonho! Uma coisa enorme e desproporcional para sua cabeça. --Quando olhei para trás Vivian estava com um laço ainda maior do que os que costumava a usar, fazendo uma careta engraçadíssima. Acho que levou só para me irritar.
-O escritor não entende nada de moda. 
-Eu gosto, Sr Jackson! --Ele olhou para Vivian com malícia, indicando que Vivian era linda de qualquer jeito. Só que eu também concordava. Eu a abracei pela cintura, demostrando que ela é minha.
-Eu também gosto e muito, pode apostar. --Vivian me deu um tapa, sabendo que era o meu ciúmes dando olá. 
O homem sentou de volta, percebi que era só uma forma de descontração. 

Outros convidados fizeram mais perguntas sobre o livro e respondemos de bom grado. Vivian respondeu alguns com seu senso ótimo de humor. Mas a minha surpresa ainda não foi revelada, me lembrando que seria agora que eu faria. 

Senti meu coração retumbar no peito, uma camada de suor aparecer na minha testa. Seria agora!

-Quero aproveitar esse gancho para fazer um pedido muito importante a Vivian. --Segurei em seus mãos delicadas, ao qual tinha esmalte com uns desenhos de bichinhos cor de rosa. Seus olhos azuis estavam ansiosos, e parecia nervosa com o meu nervoso. -Tanto nossa encontro como o começo desse projeto, percebi o quanto essa mulher é importante para mim. Minha vida mudou completamente e eu mal sei entender o que aconteceu. --Suspirei exausto em tentar entender. Ela riu. -Só sei que a amo, e quero muito que seja minha para sempre. --Dei uma pausa. -Eu sei que é uma pergunta clichê e que os "sempres" é algo mais simbólico do que de fato realidade, e eu dispenso qualquer analogia social. --Ela balançou a cabeça, como se dissesse que eu não tinha jeito. Ouvi um riso dos convidados. -Mas com essa mulher, eu sou capaz de me submeter a qualquer coisa. Ainda mais, pedir encarecidamente que casa-se comigo. 

Vivian abriu a boca em surpresa e espanto. Vi algumas lágrimas brotarem de seus olhos. 

-Aceita, aceita, aceita! --Vibraram com palmas, e eu ajudei levantando as mãos para que eles gritassem mais alto. 

Ela correu até o microfone, eu já estava ansioso para a sua resposta. 

-Só se você me deixar usar o laço. --Gargalhei, achando uma ótima proposta. 
-Você pode usar o que você quiser. Eu te amo desse jeitinho. Uma bonequinha saída de um desenho animado. --Vivian se derreteu toda, junto com os demais. 
-Sendo assim...--Fez um pequeno suspense. Fiquei nervoso e praguejando por ela me torturar tanto. -Eu aceito! --Abriu o sorriso mais lindo do mundo. 

A garrei pela cintura, tomando sua boca para mim, ouvindo os aplausos romper o ambiente. 

-Essa história terá uma continuação? --Perguntou uma mulher na platéia. Vivian deu dois passos ao microfone.
-Pode ter certeza. 

Minha gatinha jogou-se ao meus braços de novo para nos beijar mais uma vez. Eu amava com todo o meu coração, e sabia que nosso amor duraria por muito tempo se dependesse de mim. 


Capítulo 22 – Vivian


Alguns meses depois...

— Eu não sei por que você insiste em voltar aqui, Vivian. Pensei que já tinha pegado tudo. — Ouvi meu marido reclamar atrás de mim pela milésima vez ao entrar no meu antigo apartamento.

— Pare de reclamar, Michael. Eu já disse que esqueci meu vestido favorito aqui, só não sei exatamente aonde. — Eu disse jogando minha bolsa no sofá e me direcionando ao quarto que era meu.

— Vestido favorito. Você tem milhares de vestidos iguais, e pelo o que eu vi só mudam de cores. — Resmungou. Me virei para olhá-lo com fúria. Ele rolou os olhos. — Ah, qual é Vivian? Eu te compro mil vestidos iguais a esse tal que você perdeu.

— Esse é o problema, meu marido. Não existe outro vestido igual ao que eu deixei por aqui. — Retruquei parando no centro do quarto, coloquei as minhas mãos na cintura pensando por onde começar. Aquele vestido poderia estar em qualquer lugar ali, e eu iria encontrá-lo. Eu adorava-o e Michael não entendia isso e pelo jeito nunca iria entender.

— Eu já disse que não vou procurar com você. — Elucidou se jogando na minha cama. Dei de ombros e tratei logo de começar a procurar. Primeiro pelas gavetas da minha cômoda, estavam vazias. Depois fui ver se estava no banheiro e nem sinal dele. Deixei Michael sozinho no quarto e fui procurar na sala, e nada também. Por último arrisquei na varanda e para a minha surpresa lá estava meu vestido rosa bebê, tomara que caia e com um laço na cintura.

— Michael! Michael! — Gritei indo em direção do quarto feliz da vida por ter encontrado meu vestido favorito, e ao atravessar a porta vi Michael mexendo no meu baú de tralhas, tirando de lá uma sacola preta e pesada. Esbugalhei meus olhos me lembrando do que havia dentro dela. — Michael, não mexe ai! — Gritei e ele logo olhou pra mim.

— Calma amor, e o que tem demais aqui que você não quer que eu veja, hum? — Mexeu as sobrancelhas sorrindo.

— Na-nada demais. — Balbuciei. — É que...

— Então porque a gritaria? — Perguntou sem me deixar responder, foi logo abrindo o saco preto e metendo a mão dentro, tirando o primeiro livro que tocou. Ao ver que o livro era um dos seus e que também estava com a capa machucada, ele arqueou as sobrancelhas e pegou mais dois.

— Michael...

— Olha só, meus livros. — Disse suave, olhando pra mim agora. Voltou a arquear uma das sobrancelhas como um sinal de que estava querendo que eu explicasse porque eu tinha um monte de livros de sua autoria dentro de um saco jogado dentro de um baú.

— Eu não consegui me livrar deles quando eu queria. — Murmurei com a cabeça baixa e amassando o vestido que estava em minhas mãos. Ouvi seu risinho presunçoso. Ele não parecia chateado e tampouco surpreso. — É sério. Quando te conheci pessoalmente eu te odiei tanto que tentei me livrar de tudo o que lembrava você, porém não consegui porque eu já... Gostava de você. — Confessei sentindo minhas bochechas esquentarem. Eu estava com vergonha.

Ele se levantou e veio até mim, enlaçando minha cintura e me olhando divertido.

— Eu sempre soube que você era a fim de mim, Vivian. Entendo que não teve coragem de se livrar do que te prendia a mim. — Deu uma piscadela. E lá estava ele com sua forma altiva de ser, de se sentir o gostosão. Se bem que ele era mesmo!

— Você se acha né meu marido?

— Eu não me acho minha esposa, eu sou. E você sabe disso. — Disse metendo sua cabeça no meu pescoço e beijando. Senti meu corpo inteiro se eriçar. Michael não perdia uma oportunidade.

— Para Michael, assim não vale. — Resmunguei revirando os olhos.

— Relaxa, Vivian.  Vai ser rápido. — Sussurrou contra o meu ouvido e levantando minha coxa na altura da sua cintura.

— Michael, já disse que não. — O empurrei de leve, e o vi revira os olhos. — Pelo menos não aqui. — Completei com um toque de lascívia.
Um sorriso safado formou-se nos seus lábios.

— Hum... Então quer dizer que hoje eu vou desfrutar do copinho da minha linda esposa?

— Só se você se comportar.

— Me comportarei como um anjo. — Sorrimos. Ele olhou para as minhas mãos. — Graças a Deus você encontrou esse bendito vestido. Então agora podemos ir?

— Claro. Vamos. — Dobrei o vestido, enfiei-o dentro da minha bolsa e saímos do meu antigo apartamento.

Dentro do carro Michael fazia questão de me lembrar que não voltaria mais naquele apartamento, e o que eu precisasse ele iria comprar pra mim. Ele agora estava com essa mania de querer me dar o mundo.

E enquanto ao meu trabalho, no início ele tentou me convencer de que eu não precisava mais trabalhar, não na empresa onde eu trabalhava, queria que eu fosse trabalhar com ele, para ele. Eu disse que não, que não queria manter um emprego às custas do meu marido. No início ele não ficou satisfeito, também com aquela cabeça dura que ele tinha, mas depois foi se acostumando.

Passamos em frente à Biblioteca Central de Seattle, aquele edifício moderníssimo do centro da cidade estava com um movimento absurdo. Achei estranho. Eu sabia que a biblioteca era famosa por causa dos escritores que já fizeram lançamentos nela, mas em pleno o domingo era estranho.
Michael diminuiu a velocidade do carro e eu olhei pra ele.

— O que será que está acontecendo? — Perguntei.

— Eu não tenho certeza, mas tenho minhas dúvidas do que está acontecendo lá dentro. — Ele sabia do que estava falando. Fiquei intrigada e curiosa.

— Para o carro. Vamos ver o que é.

— Acho que não é uma boa ideia.

— E por que não?

— Porque...

— Qual é, Michael? Desce desse carro e vem logo. — Exigi saindo do carro e me direcionando já para a entrada da biblioteca.

— Depois não diga que eu avisei. — Falou debochado vindo atrás de mim. 

— Vem logo, Michael! — Uma vez já dentro da biblioteca e Michael se postando ao meu lado, só conseguimos dá dois passos adiante, pois um bando de mulheres loucas, insanas e assanhadas pularam em cima do meu marido pedindo autografo e fazendo uma série de perguntas enquanto tocavam nele. Eram tantas que eu nem percebi o quanto agora estava afastada dele. — Aí! — Gritei tentando chegar perto do meu marido, mas eram tantas que nem que nem podiam me ouvir.

Comecei a andar de um lado para o outro nervosa, com o sangue latejando nas veias com ciúmes daquelas mulheres. É nisso o que dá não escutar o marido.

— Vivian? — Ouvi a voz familiar clamar o meu nome, e quando eu me virei pra ver de quem se tratava, lá estava minha amiga me olhando.

— Patti? O que você está fazendo aqui? — Perguntei revezando meu olhar entre ela e a cambada de assanhadas em cima do meu homem.

— Imaginei que você estivesse por aqui pelo o acontecimento de hoje.

— Que acontecimento?

— Ué, o do record de venda do livro do seu marido. — Apontou para um cartaz enorme na janela da biblioteca, eu olhei e me surpreendi. Michael era um excelente escritor, mas dessa vez ele conseguiu quebrar o record com “Simplesmente Amor”. Então agora estava explicado o porquê daquelas mulheres estarem em cima dele.

Olhei pra ele e vi uma loura peituda com o braço enlaçado com o dele e alisando seu ombro. O meu ciúmes se multiplicou e a única coisa que eu queria naquele momento era tirar aquelas mulheres de perto dele. E assim o fiz, caminhei pisando duro e invocada e me enfiei entre elas.

— Ai garota, olha pra onde anda! — Uma reclamou porque eu a empurrei me olhando soberba.

— Acabou autografo, acabou foto... Acabou tudo. Vão todas procurar outro homem porque esse aqui já tem dona! — Falei irritada e tomada pelo ciúmes. Olhei para Michael e para a loura que ainda segurava no seu braço, e a encarei. — Não me ouviu ou o quê? — Disse rude.

Ela esbugalhou os olhos e engoliu em seco, soltando o braço do meu marido e empinando mais o nariz antes de sair da minha frente junto com as outras com o rabo entre as pernas. De braços cruzados continuei encarando Michael.

— Ainda bem que você me salvou.

— Te salvei foi? Vai me dizer que não estava gostando?

— O quê? Claro que não, eu até te alertei lembra mocinha? — Aproximou-se agarrando minha cintura. Olhei bem nos olhos dele e vi que ele tinha razão. Não queria que ele viesse com aquele papo de que “eu te avise”. Sua boca se juntou com a minha compartilhando um beijo suculento e apaixonado. Quando ele soltou meus lábios e olhou por cima da minha cabeça, franziu o cenho.

— Aquela não é a sua amiga? — Girei minha cabeça e Patti ainda estava lá, parada, com as sobrancelhas arqueadas me olhando.

— Ah claro, vamos lá.

— Não! Nós não nos damos bem. — Sussurrou.

— Deixa de inventar coisas. — Repreendi-o arrastando-o até chagarmos perto da Patti.

— Me desculpe Patti. É que às vezes o Michael me dá problema. — Ele virou-se para me encarar de olhos arregalados.

— Imagino. — Reforçou minha amiga, e eu juro que pude senti uma pintada de ironia.

— Você nem faz idéia. — Meu marido retrucou na mesma altura. — Olha só, eu não sabia que também era a minha fã. — Claro, ele tinha que aproveitar para se achar.

— E que disse que eu sou sua fã?

— Esse livro que segura a acusa. — Olhei para os três livros que Patti segurava e reconheci um. “Simplesmente Amor”.

— Nunca me disse que gostava de literatura. — Me manifestei com divertimento para a minha amiga.

— E não gosto. — Apressou-se ela para responder. — É um trabalho da faculdade. Preciso ler um livro e falar um pouco sobre o autor. E como eu tenho uma amiga que é casada com um escritor —frisou com ironia o escritor — decidi tirar proveito disso.

— Será um prazer amiga. — Falei sorrindo pra ela.

— O quê? Não. — Michael se manifestou e eu não entendi. Franzi o cenho, encarando-o.

— Qual é o problema, Michael? — Perguntei.

— Falar sobre mim. Esse é o problema. — Murmurou com um tom incomodado. Eu sorri.

— Você fala sobre você mesmo no seu ultimo livro.

— Mas é diferente. Eu escrevi. — Ah, agora eu entendia tudo. Ele poderia escrever sobre quem ele 
quisesse, mas quando o caso era ao contrário ele não gostava. Aha, agora sim eu iria me vingar do meu querido marido. Boa Patti... Boa. Olhei para a minha amiga com um olhar cúmplice.

— Amor, é só um trabalho para a faculdade. Não seja chato, sim?

— Eu já disse que...

— Te visitarei para conversamos amiga, e o que você quiser saber para poder fazer seu trabalho eu te ajudo.

— Vivian? — Michael me olhou com repreensão. Não liguei.

— Qualquer coisa? — Patti perguntou com uma falsa lascívia. Ela adorava implicar com o Michael, assim como fez no casamento. A Patti ainda não tinha se acostumado de eu ter me apaixonado pelo o homem que jurava senti repulsa, sobretudo pela a forma de como tudo aconteceu, da forma que ele me tratava... Ela ainda não tinha esquecido isso.

— Qualquer coisa. — Confirmei para irritá-lo.

Michael respirou fundo e balançou a cabeça.

— Eu vou jogar um processo nas duas. — Salientou e saiu de perto da gente, pegando o elevador para o andar de cima da biblioteca. Eu e Patti sorrimos por longos segundos.

— Ai ai... Esse meu marido. — Disse ainda sorrindo. Patti parou e ficou séria.

— E se fizermos e ele jogar um processo em cima de nós duas? — Perguntou preocupada.

— Patti! Claro que ele não vai. Ele estava brincando e... É meu marido. E caso ele quisesse, primeiro ele me consultaria para fazer um acordo. Eu fechava novamente. — Minha resposta subentendida fez minha amiga sorri de alivio.

— Não sei como você o agüenta. Tá, ele é bonito, sexy, inteligente, mas ainda o acho um idiota. — 
Gargalhei dessa vez.

— Não se preocupe amiga, ele tem a mesma percepção sobre você. Exceto a parte do sexy. Ele não seria doido em me dizer isso. — Sorrimos novamente.

— Mas você está feliz, sim?

— Muito. Michael parece sim um idiota, mas ele é uma pessoa incrível e é bom comigo.

— Que bom que está feliz. Agora tenho que ir.

— Tá bem. — Demos um abraço.

— Ai, o lance do trabalho sobre um escritor é sério ta legal?

— Eu sei, e por isso te ajudarei com o maior prazer.— Respondi e ela acenou com a mão, saindo da minha presença. Agora eu tinha que ir atrás do meu marido, que com certeza estava rodeado por taradas, agarrando-o. Já sentia meu sangue ferver só de pensar nisso.
Assim que as portas do elevador se abriram, me pus no andar e passei minha vista naquele vazio. Não havia ninguém além da bibliotecária que estava em uma mesa próxima ao elevador.
Aproximei-me dela.

— Com licença. — ela olhou pra mim. — Meu marido subiu pra cá e...

— Estou aqui, querida. — Sua voz chegou aos meus ouvidos. Rapidamente olhei para trás e não vi ninguém. — Vem aqui. — Sua voz vinha de trás das prateleiras, a mesma quando o encontrei pela primeira vez. 

Sai de perto da bibliotecária e fui de encontro ao meu marido. Ele estava sentado no chão, encostado em uma prateleira cheia de livros, e segurava um.

— O que você está fazendo ai no chão?

— Lendo. — Me mostro a capa do livro. Era o que ele escrevera.

— Mas esse livro é seu.

— Eu sei. Vem aqui. — Deixou o livro de lado e abriu as pernas, eu me aproximei e sentei-me entre 
elas, encostando minha cabeça no seu peito.

— Por acaso pagou para esvaziarem o andar? — Ele sorriu, e pra mim foi o bastante. — Imaginei.

— E sua amiga? Não estava falando sério não é mesmo?

— Estava sim.

— Vivian...

— Relaxa, Michael... Ela não vai falar nada de mal sobre você. — Assegurei.

— E quem me garante? Ela não gosta de mim.

— É só implicância, Michael. Ela sabe o que... — hesitei em lembrar das coisas que Michael me fez passar. — O quanto você foi cruel comigo. — Concluí rápido.

— Cruel? Eu? — sorriu. — Ela não vai com a minha cara, isso é fato. Você não viu as indiretas e os olhares fulminantes que ela soltava pra mim na nossa festa de casamento?

— As quais você faz questão de retribuir. Você não fica a trás, meu marido.

— É sempre ela quem começa. — Desencoste-me dele para encará-lo.

— Você também é implicante. Deixa de bobagens, depois ela começa a pensar diferente sobre você, eu garanto. E sim, eu vou ajudá-la a fazer o trabalho da faculdade. — ele abriu a boca para tentar me repreender, mas eu o intervir antes. — Relaxa ta legal, eu prometo que vai ser coisa boa.

— Só coisa boa mesmo?

— Está duvidando da sua esposa?

— Não exatamente, mas sabendo o quanto você se comportou como uma peste comigo algumas vezes... Vai saber ne? — Falou olhando para o lado, querendo me provocar. Dei um tapa no seu ombro e sorrimos.

— Eu amo você. — Falou agora com o semblante mais sério agora, colocando meus cabelos atrás das minhas orelhas.

— Eu sei, eu também te amo muito.

— Eu sei disso. — Disse sorrindo.

— Que convencido você hein?

— Realista meu amor. Realista.

— Egocêntrico! — Xinguei-o com falsidade.

— Boneca de porcelana. — Retrucou.

— Prepotente.

— Louca.

— Louca? — Franzi o cenho.

— Por mim. — Respondeu sorrindo.

— Seu bobo! — Dei um beijo de língua e demorado nos lábios do meu marido. Um beijo necessitado, 
gostoso. Michael segurava nos meus cabelos e eu seu rosto. Nossas línguas se enroscavam em um ritmo prazeroso, explorando um a boca do outro. Já estávamos ficando sem fôlego, então para finalizar aquele beijo, Michael passou a língua sobre os meus lábios, contornando-os e finalizou com alguns selinhos.

Ele pegou o livro que estava ao nosso lado e abriu na última folha do último capítulo.

— O final do livro é a minha parte favorita.

— Claro eu que te ajudei a concluí-lo. — Me fiz de egocêntrica.

— E quem disse que ele está concluído? — Fiquei confusa. Como assim?

— E não está?

— Claro que não. O que está nesse livro é um tipo de prólogo sabe? O início de tudo. Temos muito o que viver ainda, Vivian, e tenha a certeza que eu faço questão de contar para o mundo todo de como eu amo você em várias edições. — Sorri contente com o que ouvira e o beijei novamente, sendo bem retribuída.

Era difícil Michael falar assim, dessa forma tão terna e meiga. Posso dizer que o que existia entre nos dois o mudou completamente. Sua percepção distorcida pelo o amor, sua forma de agir... Enfim, saber que eu contribuí com todas essas mudanças me deixava muito feliz. Sobretudo porque o meu escritor me amava assim como eu também o amava. E o felizes para sempre nós mesmo iríamos escrever, do nosso jeito torto, mas iríamos.




Fim



155 comentários:

  1. OMG Anne e Tay .. Dupla perfeitaaaa :o ❤
    Louca pra ler ... Ja ate imagino o sucesso que essa fic vai ser *---*

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  2. Estou esperando. ...♥♡♥♡♥♡♥♡♥♡

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  3. Ansiosérrima!!! Fic de duas grandes autoras vem aí!!! Hahaha vai ser 10!!!

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  4. ANNE & TAY = Fic perfeita!!
    Ansiosa demais. <3

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  5. Meninas cheguei com a estreia da fic *-*
    Obrigada por estarem aqui conosco
    Vamos lá <3

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  6. Meninas quais vão ser os dias de postagem?? Continuaa:*

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  7. Espero que não demore muito para esses dois se encontrarem *-* continua, meninas.

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  8. Continua meninas... Amei e amei *-*

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  9. Olá meninas.. Cheguei com o segundo capítulo pra vocês.
    Peço desculpas pela demora, era pra eu ter postado ontem, mas fiquei sem internet.
    Enfim, como deu pra perceber, Vivian nutre um sentimento por esse escritor, mas vamos ver se ela agora terá a mesma opinião sobre ele depois que conhecê-lo pessoalmente né...
    U.u

    Obrigada pelos comentários suas lindas. E Duda amor, vamos postar nas segundas, quartas e nas sextas.

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  10. Cara, ja tou amando de paixao essa fic :3 continua, meninas.

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  11. Meu Deus, que grosseiro :/
    Continua ❤

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  12. Nossa! Imagino a decepção dela... Ele foi muito mal educado! Continuaaa❤

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  13. Eu tava me apaixonando pelos escritos dele tbm.. mas ai broxei quando ele disse q só fazia isso pq vende.. continuem..

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  14. Olá meninas!! cheguei com mais *-*
    Eu ia postar amanhã, mas não terei tempo.
    Obrigada pelos coments <3

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  15. Meu, o Michael e ela bêbados nao vai prestar :') continua meninas <3

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  16. Este comentário foi removido pelo autor.

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  17. Kk tb acho q não vai prestar!! Continuaaa❤

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  18. Michael bêbado não vai prestar... Continua

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  19. Anne e Tay? OMG OMG OMG <3
    Continuem meninas :D

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  20. Pessoal, queria dar um recado aqui para vocês.
    Não irei postar Almas Iméritas nem no blog e nem no fórum. Então você que REALMENTE gosta das minhas histórias e me acompanha sempre, peço que migrem para o Wattpad e leia por lá.
    Não, eu não vou deixar de postar no fórum e nem no blog, é apenas uma tentativa de vocês que me acompanham, possa me ajudar com votos e comentários. Isso é para quem realmente gosta do que escrevo do fandom do Michael e principalmente gosta de mim e queira me ajudar. É apenas exclusividade com essa história. Então já sabem, cadastre-se e me sigam. Beijos.

    https://www.wattpad.com/story/44470137-almas-im%C3%A9ritas

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  21. Olá meninas... Cheguei com mais. \o

    Daniela flor, postamos nas segundas, terças e nas sextas. :D

    Obrigada pelos comentários suas lindas! :*

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  22. Por um momento eu pensei que realmente tinha acontecido! Continua

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  23. O Michael ta se achando d++... continuaaa

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  24. ESTÁ ESQUENTANDO HEIN? CONTINUAAAAAAAAAAAAAA!!!!

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  25. Olá meninas cheguei com mais \o/ Obrigada pelos coments de vocês, suas lindas <3 <3
    Vamos lá ver o que Vivian vai aprontar

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  26. Por favor flor nao demore tanto pra posta. ah parabéns esta otima!

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  27. Por favor flor nao demore tanto pra posta. ah parabéns esta otima!

    ResponderExcluir
  28. Por favor flor nao demore tanto pra posta. ah parabéns esta otima!

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  29. À cada capitulo eu me surpreendo mais com esse Michael :3 tô amando cada detalhe, meninas.

    ResponderExcluir
  30. Olá meninas... Cheguei com mais. \o
    Viram que a Vivian não fica com o pé atras do Michael, né?
    Mas e Michael, será que vai deixar por isso mesmo?
    Sei não hein...

    Agora vamos ouvir um pouquinho desse escritor?

    Obrigada pelos comentários suas lindas.

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  31. Meu, o que sera que ele ta tramando contra ela? Continua, meninas. Estou curiosa.

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  32. Olá! Cheguei com mais pra vocês. Obrigada pelos coments \o
    Vivian tomou um decisão e agora ela vai pagar por ela. Vamos ver o que Michael irá aprontar.

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  33. Aff ate eu ficaria sm ar com um beijo desses continua

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  34. Kkk muitooo bom ....ela não pode abaixar a guarda para o Michael não!!! Continuaaa

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  35. Oiii meninas... Cheguei com mais pra vocês. \o
    Como vocês viram, o Michael não está pra brincadeira. kk
    Como será essa história de escrever um livro sobre a vida da Vivian hein? :D
    Isso vai dar muita confusão. kkk

    Obrigada pelos comentários suas lindas. :*

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  36. Hahaha, esse Michael é muita resenha <3 continua, meninas, estou adorando

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  37. Gente, eu vou adiantar o cap
    amanhã, tudo bem?
    É pq eu vou viajar amanhã de noite e não vai dá pra eu postar na sexta.
    Então, esperem pelo cap amanhã. Obrigada *-*

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  38. Gente cheguei com mais de novo. Como eu disse, vou viajar.
    Vamos ver mais um pouco de Vivian e Michael <3

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  39. Ja estou vendo que esses dois vao se odiar e se amar muito ao longo da fic :3
    Continua, meninas <3

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  40. Kkkkkkk to apaixonada por esse Michael.. kkkkk.. as provocações dele são demais.. ele nem percebeu q tbm está começando a se apaixonar pela Vivian..

    Continua meninas.. TO ADORANDO... ^^

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  41. Oiii meninas... Cheguei com mais. \o

    Obrigada pelos comentários suas lindas. :*

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  42. Kkkkkkkkkkkkkkkk esses dois são ótimos! Continua

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  43. Hahaha! Tô amando esses dois loucos <3

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  44. Otimooo! muito bommm, e por favor continua logo!

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  45. Cheguei com mais meninas \o/
    Obrigada pelos coments e pela presença de vocês.
    Ficamos muito felizes.
    Será como vai ser essa saída?
    Garanto que esses dois doidos vão aprontar <3

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  46. Que fofo, ele sentiu ciúmes... Continua

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  47. Hahaha, esses dois juntos é muita onda <3
    Iihhh, o Michael ficou com ciumes :3

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  48. Continuaaaaaaa!

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  49. Ciúmes? Imagina! Que beijo foi esse gente eu senti em mim <3 continuaaaaa

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  50. Ciúmes? Imagina! Que beijo foi esse gente eu senti em mim <3 continuaaaaa

    ResponderExcluir
  51. Ciúmes? Imagina! Que beijo foi esse gente eu senti em mim <3 continuaaaaa

    ResponderExcluir
  52. Cadê a continuação aaaaaaaaahhhhhhhhhhhhh precisooooo

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  53. Cadê a continuação aaaaaaaaahhhhhhhhhhhhh precisooooo

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  54. Ciúmes?? Ja assim Jackson?? Hahaha continuaaa

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  55. Ansiosa esperando a continuação!!!!! continuaaaaaaaa

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  56. Cheguei com mais meninas. \o
    Viram o quanto louco são esses dois né? kkk
    E o Michael ciumento? ?:o Não para por aí não. hahaha

    Obrigada pelos seus comentários suas lindas. :D Ficamos muito grata com cada um.

    Bjs e até mais. :*

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  57. O Michael com ciumes: adoroooo <3
    Continua, meninas!

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  58. Muito bomm, Michael com "ciuminho" hahaha <3

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  59. Daki a pouco Michael se dá conta q esta apaixonado!!! Continuaaa

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  60. Cheguei com mais \o/
    Obrigada a todas que estão aqui conosco. Obrigada por tudo.
    Vamos ver o que Vivian vai aprontar.

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  61. Ja desconfiava que o Michael tinha sofrido por amor :3
    Cara, quando o Mike descrubri que ela ta com esse livro, ele vai surtar :D Continua, meninas

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  62. Sabia que ele ja tinha sofrido por amor, isso explica o comportamento dele... Continuaaaaa!

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  63. caramba que perfeito, to ansiosa para o próximo capítulo, continuaa

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  64. Oiii meninas... Cheguei com mais. \o
    Obrigada pelos comentários suas lindas.
    Ficamos muito felizes com eles. ^^

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  65. Deus que maravilhoso, dei altas risadas com a preocupação de Michael, vcs escrevem perfeitamente bem, se isso fosse um livro, eu já teria lido tudo em um dia, estou tão ansiosa pro próximo capítulo, eu surto quando o capítulo acaba kkkk, e fico contando os minutos por mais e mais, continuem está mais que pftoo!

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  66. Hahaha!! Amei esse capitulo, ri muito com ele! Meninas, voces sao demais <3 continua

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  67. O Michael é tão cínico, OMG! Tenho quase certeza que essa história irá acabar como o livro que ele lançou, acho que Michael vai magoar tanto Vivian que não vão posert terminar juntos, espero que isso não aconteça :( Continuaaaaaa

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  68. O Michael é tão cínico, OMG! Tenho quase certeza que essa história irá acabar como o livro que ele lançou, acho que Michael vai magoar tanto Vivian que não vão posert terminar juntos, espero que isso não aconteça :( Continuaaaaaa

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  69. Espero q ela não faça nada contra ele, mesmo ele sendo Bad....... continuaa

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  70. Continua logo, por favor! :)

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  71. Olá, cheguei com mais !!! \o/
    Bora para o primeiro hot dos dois? Bora
    Obrigada pelos coments de vocês, amores. Todas as mensagens de carinho.
    Obrigada por estar gostando e amando Vivian e Michael.

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  72. Lindo o amor verdadeiro muda as pessoas

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  73. Lindo o amor verdadeiro muda as pessoas

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  74. Ahh meu Deus que maravilhoso, surtei com esse capítulo, foi perfeito, lindo,lindo e lindo!Continuaa!!

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  75. Que amor, que perfeição... Continua

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  76. Perfeito esses dois juntos <3
    manenis, voces nao podem postar dois capitulos nao?? :3

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  77. Continua.. ^^ já disse que estou amando essa fic? Pois deixa eu dizer que estou amando ainda mais..

    Ta muito linda, to ansiosa pra ler o resto..

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  78. Posta logo por favor, to morrendo de ansiedade, ta muito lindo!!

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  79. Oiii meninas... Cheguei com mais. \o
    Vamos ver o que vai ser desse casal agora. :D

    Obrigada pelos comentários suas lindas. <3

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  80. Caramba, que capítulo maravilhoso, Michael é um complicado, muito fofo, esses dois são perfeitos, continua ameii

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  81. Acho que o lado fofo e romântico do Michael vai começar a se manifestar nos proximos capitulos <3 continua, ta perfeita!

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  82. Olá minha gente!!! Obrigada pelos comentários, e pela presença de vocês. Ficamos muito felizes. <3 <3
    Vamos com mais Vivian e Michael. Será que esse casal finalmente vão ficar juntos? Veremos

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  83. Ja vi que vai rolar uma briga feia :'( continua, meninas <3

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  84. Nao acredito agora ferrou!Que dó do Michael, eu não to acreditando, quero ver como ela vai se desculpar, quero ver se ele vai ser capaz de perdoa-la, mas aposto que foi aquele babaca que beijou ela.Eu fiquei de bica aberta quando li isso, ta perfeito continua

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  85. What??? Pocha logo agora q eles estavam se resolvendo!!! Tem q ter explicação!

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  86. Gente..eu ainda vou morrer com essa fic !! Como pode?? Eles estavam tão bem..😭😭

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  87. Algo está errado ai!!!!! agora que eles estavam se dando bem:/ .. continua por favor

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  88. Olá meninas... Cheguei com mais. \o

    Ok! Sabemos que estão todas confusas
    com o que o nosso escritor presenciou
    no capítulo passado. Mas agora
    vamos esclarecer o que realmente
    aconteceu, sim? U.u

    Agradecemos pelos os comentários suas lindas.

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  89. Af, o Richard é muito idiota e o Michael muito cabeça dura.Tadinha da Vivian. Continua, meninas <3

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  90. Tenho a leve impressão que o michael vai aprontar... continua!

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  91. Ain nossa pq aquele idiota tinha q ter beijado ela? E eu achei o comportamento do Michael super compreensível!!!...continuaaa

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  92. Meeeeeeeuuuuuu Deus preciso da continuacaaaaaoooooooo. O que sera que vivian vai fazer agora em? Agora que mike pegou vivian no pulo? Esssssstoooou curioooozisssiiiiiimaaaa

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  93. Continuaa, tão lindo! Minha curiosidade está um droga. Eu não acredito, esse temperamento do Michael está uma maravilha, como sempre. Lindo lindo lindo, continua logo!

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  94. Olá cheguei!! Obrigada pelos coments e pela ansiedade na continuação. Obrigada por tudo mesmo <3 <3 Vamos ver o que Vivian fará pra Michael acreditar nela.

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  95. Aaah!! Como eles sao fofos juntos *-*

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  96. Oiii meninas... Cheguei com mais. \o

    Obrigada pelos comentários suas lindas. ^^

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  97. O Michael pode ser mais fofo que isso? :3 a fic tem quantos capitulos? Continua,meninas!

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  98. Mds, maravilhoso, que fofos, estou tão ansiosa pro próximo capítulo!Continuaa!!!

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  99. Olá meninas \o
    Cheguei com mais pra vocês <3

    Devo dizer que a fic está em seus momentos finais
    Hjo venho com o penúltimo capítulo e a Anne vem com o final na segunda.
    Obrigada pelos coments.

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  100. Amo esses dois juntos :) pena que a fic ja vai acabar :( <3

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  101. Maravilhoso capítulo
    Perfeita a sua fanfic

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  102. Meninas, hoje trago pra vocês o último capítulo de "Simplesmente Amor".
    Quero agradecer a todas que permaneceu conosco até o final, e queria dizer
    que foi simplesmente maravilhoso partilhar essa história com vocês; maravilhoso
    na mesma medida que foi escrevê-la junto com a Tay.
    Ficamos muito felizes que tenham gostado, acreditem!

    Enfim, é isso meninas... Agradecemos mais uma vez!

    Beijos e até breve suas lindas. ^^

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  103. Amei o final. Voces foram demais, meninas! Vai ter parte dois? :3

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  104. Oh Deus!!Lindo, eu amei o final tanto quanto os outros capítulos, vocês foram maravilhosas em cada detalhe, foi tudo maravilhoso! <3

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